Maria não é Co-Redentora (Co-Redemptrix)

É um dogma infalivelmente definido que somente Jesus Cristo é o Redentor.

Papa Pio IV, Concílio de Trento, Sess. 25, Da Invocação, e Relíquias dos Santos, e das Sagradas Imagens, ex-cathedra: «… os Santos, que reinam com Cristo, oferecem a Deus pelos homens as suas orações; e que é bom e útil invocá-los humildemente e recorrer às suas orações, poder e auxílio, para alcançar benefícios de Deus por seu Filho JESUS CRISTO, NOSSO SENHOR, QUE É O NOSSO ÚNICO REDENTOR e Salvador… Quanto às Imagens de Cristo, da Mãe de Deus, e de outros Santos, se devem ter e conservar, e se lhes deve tributar a devida honra e veneração…»1 (DENZ. 984)

Esta definição dogmática, que somente Cristo é nosso Redentor, até menciona Maria. Assim, mencionando no mesmo contexto a Santíssima Virgem e os santos, o Concílio de Trento declara que somente Cristo é o Redentor. Isto prova que Maria não é a Co-Redentora.

A definição de Florença é ainda mais importante para refutar a falsa posição sobre este assunto. Esta definiu solenemente que UNICAMENTE ( solus ) Jesus Cristo derrotou o inimigo do género humano cancelando os pecados, e abriu as portas do céu. Aqueles se apegam obstinadamente à noção de «Co-Redentora» professam que Jesus Cristo fê-lo com Maria. Isso é falso. Note-se que estas são declarações dogmáticas de autoridade máxima, e não declarações falíveis.

LATIM: Firmiter credit, profitetur et docet, neminem unquam ex viro feminaque conceptum a diaboli dominatu fuisse liberatum, nisi per fidem mediatoris Dei et hominum Jesu Christi Domini nostri: qui sine peccato conceptus, natus et mortuus, humani generis hostem, peccata nostra delendo, solus sua morte prostravit, et regni caelestis introitum, quem primus homo peccato proprio cum omni successione perdiderat, reseravit: quem aliquando venturum omnia Veteris Testamenti sacra sacrificia, sacramenta, ceremoniae praesignrunt.

Papa Eugénio IV, Concílio de Florença, Cantate Domino, 1441, ex-cathedra: «A Santa Igreja Romana firmemente crê, professa e prega que jamais alguém concebido de homem e de mulher foi libertado do domínio do demônio, senão pela fé no mediador entre Deus e os homens Jesus Cristo, Nosso Senhor; este que foi concebido sem pecado, nasceu e morreu, ATRAVÉS UNICAMENTE DA SUA MORTE DERROTOU O INIMIGO DO GÉNERO HUMANO CANCELANDO OS NOSSOS PECADOS, e abriu as portas do reino celeste, as quais o primeiro homem por causa do seu pecado perdera perdera juntamente com toda a sua descendência…» (DENZ. 711)

A parte chave para esta discussão diz: «qui… solus sua morte» (isto é, … através unicamente da Sua morte) venceu o inimigo da raça humana, abriu o Céu, destruiu os pecados dos homens, etc. Isso é o que a Igreja Católica crê firmemente, professa e ensina: que unicamente Jesus Cristo redimiu o homem. Manter o título de «Co-Redentora» é professar que Jesus Cristo fê-lo com Maria. Não é consistente com esta definição dogmática, e esta é o mais alto pronunciamento da Igreja. Tudo deve ser entendido à luz disso, e não ao contrário. Tudo deve ser corrigido para coincidir com isso, e não ao contrário. Aqueles que se recusam obstinadamente a professar que SOMENTE Jesus Cristo fez essas coisas não professam o que a Igreja Católica professa.

Esses factos devem ser suficientes para que um católico veja que Maria não deve ser chamada de Co-Redentor ou Co-Redentora.

É interessante que o Catecismo do Concílio de Trento também ensina que «somente» Cristo nos redimiu e que «somente» Cristo é o Redentor. Embora o catecismo não seja infalível, reitera a verdade que foi solenemente definida nos concílios acima mencionados.

Catecismo do Concílio de Trento, Parte III: O Decálogo - Primeiro Mandamento -Não terás deuses estranhos, etc. – Objeções Respondidas: «Força nos é confessar que só nos foi dado um único mediador na pessoa de Cristo Nosso Senhor. Só Ele nos reconciliou com o Pai Celestial, por meio do Seu Sangue. Ele entrou uma só vez no Santo dos Santos, consumou uma Redenção eterna, e não cessa de interceder por nós.»2

Para sustentar que Maria é «Co-Redentora» à luz das definições dogmáticas acima - que declaram infalivelmente que Jesus sozinho é o nosso Redentor - seria literalmente necessário sustentar que não há contradição entre essas duas afirmações:

Josué entrou sozinho no deserto

Josué entrou no deserto com Margarete

Existe uma contradição entre essas duas afirmações? Claro que há uma contradição. Ambas não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo. Da mesma forma, Jesus e Maria não podem ser nossos Redentores (Jesus de uma forma maior, Maria, de uma forma menor) se somente Jesus é nosso Redentor. Como um título doutrinal formal aplicado a Maria, «Co-Redentora» está claramente errado. Isso não é de forma alguma diminuir o papel singular de Maria em nossa salvação e nos eventos que conduzem à Redenção. É simplesmente declarar a verdade. Acautele-se dos impostores e falsos devotos de Nossa Senhora que concordarão com qualquer afirmação que aparente elogiá-la, mesmo que não seja consistente com o ensinamento católico. Somente Jesus Cristo é o Redentor. Somente Deus ― e Deus sozinho ― poderia resgatar-nos e «destruir os nossos pecados». Estas definições dogmáticas são definitivas. Por isso, estas devem provar o ponto para qualquer católico, apesar de umas poucas declarações que parecem sugerir o contrário, mas que não possuem autoridade infalível. No entanto, ficamos desapontados pelo fato de algumas pessoas simplesmente não estarem satisfeitas com as definições dogmáticas. Eles insistem em chamar Maria de Co-Redentora ou Co-Redentor, mesmo depois de ver essas definições dogmáticas. Isso é problemático. Eles estão a desviar-se da verdade dogmática.

SÃO ROBERTO BELARMINO AFIRMA A MESMA VERDADE

No seu livro sobre Cristo, São Roberto Belarmino diz o seguinte:

São Roberto Belarmino, De Christo, Livro V, Cap. 1: «Mas somente [solus] o próprio Cristo pagou por nós, e nos reconciliou com Deus pelo Seu próprio sangue.» (tradução nossa do Latim)

PE. JOSEPH POHLE DIZ QUE O TÍTULO «COREDEMPTRIX» É ENGANOSO

Considerai também que o teólogo pré-Vaticano II Pe. Joseph Pohle, numa obra publicada e com imprimatur antes do Vaticano II, assinalou correctamente que o título «coredemptrix» não é adequado a Maria.

QUE SOMENTE CRISTO É O REDENTOR, E QUE MARIA NÃO É CO-REDENTORA, TAMBÉM É DEMONSTRADO PELO PECADO ORIGINAL E PELA TIPOLOGIA DE ADÃO E EVA

Eis outro modo de demonstrar o porquê de ser incorreto chamar Maria de «Co-Redentora». A maioria das pessoas que se dedicam a apologética católica concordam que Jesus Cristo é o segundo Adão. Isso está claro no Novo Testamento (1 Cor. 15:45).

Romanos 5:14: «Todavia a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram por uma transgressão semelhante à de Adão, o qual é a figura [tipo] do que havia de vir [Jesus].»

Consistentemente com a tipologia de Jesus como o segundo Adão que anula a maldição de Adão, Maria é a nova Eva. Jesus é o novo Adão, e Maria é a nova Eva. Assim como Eva, a primeira mulher, esteve intimamente envolvida com o primeiro homem nos eventos que levaram à queda da humanidade, há uma mulher, Maria, que está intimamente envolvida nos eventos que conduziram à Redenção. Eva desobedeceu a Deus e pecou. Maria obedeceu a Deus e nunca pecou. Muito mais, obviamente, poderia ser dito sobre esta questão; mas o ponto aqui é que, enquanto o papel de Eva com Adão nos eventos que levaram ao pecado original foi único e crucial, foi, no entanto, somente o pecado de Adão, que constituiu o pecado original e efetuou a queda da humanidade. Isso é muito claro no ensinamento católico.

Romanos 5:12: «Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado neste mundo, e pelo pecado a morte…»

O CONCÍLIO DE TRENTO E SÃO TOMÁS CONFIRMARAM QUE FOI O PECADO DE ADÃO SOMENTE MERGULHOU O MUNDO NA MORTE; DO MESMO MODO, FOI CRISTO SOMENTE QUE REDIMIU O MUNDO

A ideia de que Maria é formalmente «Co-Redentora» seria consistente com a ideia de que o pecado original foi o pecado de Adão e Eva. Contudo, não é esse o ensinamento católico. De facto, na passagem que se segue, São Tomás rejeita tal noção. Ele diz que não foi o pecado de dois que constituiu o pecado original e a queda da humanidade.

São Tomás de Aquino, Suma Teológica, Pt. I-II, Q.81, A. 5: «… Mas em contrário, diz o Apóstolo (Rm. 5:12): por um homem entrou o pecado neste mundo. Ora, deveria, mais acertadamente dizer que entrou por ambos, porque ambos pecaram; ou antes, pela mulher, que pecou primeiro… SOLUÇÃO. – Portanto não é pela mãe, mas pelo pai, que foi contraído o pecado original. Ora, a esta luz, se não tivesse Adão pecado e Eva sim, os filhos não contrairiam o pecado original. E o inverso se daria se Adão tivesse pecado e não Eva.»

Observe que São Tomás rejeita a ideia de que foi o pecado de ambos que constituiu o pecado original. Além disso, o Concílio de Trento é bastante claro quanto ao pecado original ser o pecado de Adão somente, não o pecado de Adão e Eva. Eva certamente pecou; mas foi somente o pecado de Adão que efetuou a queda da humanidade e trouxe a morte para o mundo.

Concílio de Trento, Sess. 5 sobre o Pecado Original, Can. 1: «Se alguém não confessar que Adão primeiro homem, quando transgrediu o preceito de Deus no Paraíso, perdeu logo a santidade e justiça em que foi constituído…»3

Concílio de Trento, Sess. 5 sobre o Pecado Original, Can. 2: «Se alguém disser que o pecado de Adão a ele só foi nocivo…»4

Concílio de Trento, Sess. 5 sobre o Pecado Original, Can. 3: «Se alguém disser que este pecado de Adão, que por origem e propagação é um, e se não transfunde em todos por imitação; mas está em cada um como próprio; se pode abolir com as forças da natureza, ou algum outro remédio diverso do merecimento do único mediador nosso Senhor Jesus Cristo; que nos reconciliou com o seu sangue, feito para nós justiça santificação e redenção… seja excomungado.»5

O Concílio de Trento diz repetidamente que foi «o pecado de Adão», não afirmando sequer uma vez que foi o pecado de «Adão e Eva». O Concílio até diz que este pecado foi de um homem e «um só em origem». Portanto, apesar de o papel de Maria ser único e integral aos eventos que conduziram à Redenção, a Redenção em si foi efetuada somente por Cristo. É por isso que Jesus Cristo é o único Redentor e somente Ele deve ser assim chamado.

REFUTANDO UM ARGUMENTO FALSO COMUMENTE FEITO NESTE PONTO ― A IDEIA DE QUE MARIA É UMA SUB-REDENTORA SOB O ÚNICO REDENTOR

Agora tenho de refutar um argumento frequentemente levantado pelos defensores de Maria como «Co-Redentora.» Na tentativa de mostrar que Maria é Co-Redentora, as pessoas muitas vezes argumentam que Maria é uma redentora menor sob o único redentor, tal como é dito que São Paulo e outros santos ajudam a realizar o trabalho da Redenção. Por exemplo, um certo Michael C. escreveu-nos e disse:

«Ao chamar nossa Senhora Co-Redentora, não queremos dizer que Jesus não é o único redentor da humanidade, mas há mediadores com o próprio mediador e aqueles que participam da redenção salvadora de Cristo como seu corpo místico como lemos em Colossenses 1:24… há menores redentores e este título pode ser aplicado correctamente a Nossa Senhora como uma participação na obra de nosso Senhor, não separada ou em pé de igualdade.»

Eles argumentam que Maria chama-se Co-Redentora no sentido de que as figuras sagradas e os santos podem ser chamados de redentores que ajudam a realizar a obra da redenção de Cristo, como diz São Paulo de si mesmo.

Colossenses 1:24 ― «Eu, agora, me alegro nos sofrimentos por vós e completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo, pelo seu corpo (místico), que é a Igreja.»

Actos 7:35 ― «A este Moisés, a quem renegaram, dizendo: Quem te constituiu chefe e juiz? – a este enviou Deus como chefe e libertador, pela mão do anjo que lhe apareceu na sarça.»

Eles também apontam que Moisés foi, em certo sentido, chamado um redentor porque ele libertou as pessoas no Antigo Testamento. No entanto, todos esses argumentos são enganosos e inconsistentes com a posição real deles. Permita-me ilustrar por que motivo, ao empregar este argumento, eles na verdade abandonaram a sua posição de que Maria é formalmente Co-Redentora exclusivamente com Cristo. O argumento deles transformou-se agora nisto:

O ARGUMENTO CAPCIOSO QUE ELES EMPREGAM NUMA TENTATIVA DE PROVAR O PONTO, MAS ESTE É ILÓGICO E ELES ABANDONAM A SUA POSIÇÃO AO FAZÊ-LO

Na tentativa de defender Maria como «Co-Redentora», eles empregam um argumento que é representado pelo quadro acima. Eles dizem que Maria é a «Co-Redentora», assim como outros (por exemplo, São Paulo) ajudam a realizar a obra da Redenção. O grande problema para eles é que essa não é a posição deles.

Como assinalei em resposta a Michael C.: Este argumento falha miseravelmente. Contém uma falsa analogia que não é logicamente consistente com a sua posição. A posição deles é, na realidade, que Maria é formalmente Co-Redentora com Cristo. Por outras palavras, a posição de Co-Redentora é que Nossa Senhora, no tocante à Redenção, pertence a uma categoria única em conjunto com Cristo. No entanto, de acordo com o argumento que eles agora estão a utilizar (ilustrado no quadro acima), Maria está meramente na mesma categoria dos outros santos que participam da obra da Redenção sob o único Redentor (como São Paulo, Col. 1: 24). Segundo esse argumento, ela é apenas uma dos numerosos co-redentores. Logo, ao tentar defender a sua falsa posição, eles abandonaram e contradisseram a sua posição.

A posição de Co-Redentora não é que Maria está numa categoria com os santos sob o único Redentor, e que pode ser chamada de redentora em certo sentido, assim como é dito que São Paulo ajuda a completar a obra de Redenção. Não, a posição de Co-Redentora é que Maria está numa categoria única com Jesus como Redentor ― uma categoria que não inclui São Paulo ou qualquer outro santo. Portanto, não se pode tentar sustentar a posição de «Co-Redentora» apelando à forma como outros santos participam na obra de Redenção sob o único Redentor. Isso é ilógico e falacioso.

Logo, enquanto que o quadro acima representa a forma como eles argumentam, o quadro seguinte ilustra a verdadeira posição deles sobre Maria como «Co-Redentora».

A POSIÇÃO REAL DE MARIA COMO «CO-REDENTORA», QUE É ABANDONADA E CONTRADITA QUANDO ELES USAM O ARGUMENTO ACIMA

Este quadro é uma representação verídica da posição deles. Eles afirmam que Maria (no tocante à Redenção) está numa categoria com Jesus que não pertence aos outros santos. É diferente não apenas em grau, mas em espécie de São Paulo, etc. Logo, todos os argumentos que eles apresentam de que São Paulo, os outros santos, etc. podem ser chamados de «redentores» em sentido lato, não apoiam a sua posição. Quando eles argumentam dessa maneira, eles contradizem a sua posição e afirmam que Maria é apenas um de muitos co-redentores.

Logo, se eles tentassem legitimamente defender a sua posição, eles só poderiam apresentar argumentos que favorecessem a posição de que ela pertence ao lado esquerdo do quadro exclusivamente com Jesus. Eles não podem formular argumentos baseados em pessoas ou exemplos do lado direito do quadro. Quando eles formulam argumentos baseados em exemplos do lado direito do quadro, eles estão a contradizer a sua posição e a admitir que ela é apenas um de muitos indivíduos que podem vagamente e em certos sentidos não literais ser chamados de «co-redentores». Contudo, os seus argumentos contradizem a sua posição porque a sua posição é falsa.

INTER SODALICIA DO PAPA BENTO XV

OBJECÇÃO - Em seu documento de 22 de março de 1918, Inter Sodalicia, o Papa Bento XV ensina que Maria redimiu o mundo com Cristo.

Papa Bento XV, Inter Sodalicia, 22 de Março, 1918: «A saber, de tal modo sofreu e «morreu» com Cristo paciente e agonizante, de tal modo abdicou do seu direito materno sobre a vida do Filho, imolando-O assim, enquanto podia, à divina justiça, que se pode dizer com razão que Ela remiu o mundo juntamente com Cristo.»

RESPOSTA – Dito de modo simples, a declaração de Bento XV neste documento é totalmente errada. Muitas pessoas citam o título latino desta carta (Inter Sodalicia) como se este fosse um documento importante ou autoritário de um papa. Bem, não é. A verdade é que Inter Sodalicia foi uma carta do Papa Bento XV à Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte. Por outras palavras, é basicamente uma carta do papa para um grupo de oração. Não é dirigida à Igreja universal. Não é uma encíclica. Não é de modo algum infalível. Os papas ensinam infalivelmente quando ensinam à Igreja universal sobre fé ou moral de maneira autoritária. Esta carta não é nada em comparação com as proclamações dogmáticas sobre este tema, que definem solenemente com precisão para toda a Igreja qual é a verdadeira posição e no que os católicos devem crer, o que devem professar e manter.

O ensinamento do Concílio de Florença (sem mencionar o ensinamento de Trento e o Catecismo de Trento) certamente contradiz esta declaração de Bento XV na sua carta ao grupo de oração. Papas podem cometer erros na sua capacidade falível, tal como nos mostra a história da Igreja. Foi o que aconteceu na carta de Bento XV. De facto, foi uma falta de solicitude por precisão doutrinária e definições dogmáticas por parte dos papas e clérigos pré-Vaticano II que resultou na Grande Apostasia no Vaticano II. Então, é muito enganador quando os defensores do falso título Co-Redentora lançam o nome de Inter Sodalicia como se fosse algum documento importante que prova algo quando, como demonstrado acima, esse não é o caso de modo algum. Quando confrontado com a definição dogmática de Florença que Jesus somente (solus) por Sua morte redimiu o mundo, e a carta de Bento XV a um grupo de oração que diz que Jesus e Maria o fizeram, o primeiro a primeira deve ser aceite e a segunda rejeitada. Pessoas que não conseguem ver isso simplesmente não acreditam na infalibilidade papal.

A moral da história é que não há como contornar as definições dogmáticas que declaram que somente Jesus Cristo redimiu o mundo e que somente Ele é o Redentor.

Papa Eugénio IV, Concílio de Florença, Cantate Domino, 1441, ex-cathedra: «A Santa Igreja Romana firmemente crê, professa e prega que jamais alguém concebido de homem e de mulher foi libertado do domínio do demônio, senão pela fé no mediador entre Deus e os homens Jesus Cristo, Nosso Senhor; este que foi concebido sem pecado, nasceu e morreu, ATRAVÉS UNICAMENTE DA SUA MORTE DERROTOU O INIMIGO DO GÉNERO HUMANO CANCELANDO OS NOSSOS PECADOS, e abriu as portas do reino celeste, as quais o primeiro homem por causa do seu pecado perdera…» (DENZ. 711)

Papa Pio IV, Concílio de Trento, Sess. 25, Da Invocação, e Relíquias dos Santos, e das Sagradas Imagens, ex-cathedra: «… os Santos, que reinam com Cristo, oferecem a Deus pelos homens as suas orações; e que é bom e útil invocá-los humildemente e recorrer às suas orações, poder e auxílio, para alcançar benefícios de Deus por seu Filho JESUS CRISTO, NOSSO SENHOR, QUE É O NOSSO ÚNICO REDENTOR e Salvador… Quanto às Imagens de Cristo, da Mãe de Deus, e de outros Santos, se devem ter e conservar, e se lhes deve tributar a devida honra e veneração…»6 (DENZ. 984)

A FALSA TRADUÇÃO DE IUCUNDA SEMPER DO PAPA LEÃO XIII

OBJECÇÃO - Em sua encíclica Iucunda Semper, 8 de Setembro de 1894, o Papa Leão XIII declarou:

Papa Leão XIII, Iucunda Semper (#2), 8 de setembro, 1894: «O nosso suplicante recurso ao patrocínio de Maria funda-se no seu ofício de Mediadora da graça divina; ofício que ela - agradabilíssima a Deus pela sua dignidade e pelos seus méritos, e de longe superior em poder a todos os Santos - continuamente exerce por nós junto ao trono do Altíssimo. Ora, este seu ofício talvez por nenhum outro género de oração seja tão vivamente expresso como pelo Rosário, onde a parte tida pela Virgem na Redenção dos homens é posta tão em evidência que parece desenrolar-se agora ante o nosso olhar; e isto traz um singular proveito à piedade, seja na sucessiva contemplação dos sagrados mistérios, seja na recitação repetida das preces.»

RESPOSTA - Não, não é isso que ele disse. A tradução acima, que é comummente citada, é uma tradução descaradamente falsa. Este é o latim da passagem:

LATIM: «Quod Mariae praesidium orando quaerimus, hoc sane, tamquam in fundamento, in munere nititur conciliandae nobis divinae gratiae, quo ipsa continenter fungitur apud Deum, dignitate et meritis acceptissima, longeque Caelitibus sanctis omnibus potentia antecellens. Hoc vero munus in nullo fortasse orandi modo tam patet expressum quam in Rosario: in quo partes quae fuerunt Virginis ad salutem hominum procurandam sic recurrunt, quasi praesenti effectu explicatae: id quod habet eximium pietatis emolumentum, sive sacris mysteriis contemplandum succedentibus, sive precibus ore pio iterandis…»

Uma tradução adequada disso é a seguinte:

«Quanto à assistência de Maria que buscamos na oração, é claro que se baseia, como fundamento no ofício de prover a graça divina para nós, (um ofício) que ela mesma executa continuamente diante de Deus, (sendo) por causa de sua dignidade e méritos mais aceitáveis (para Ele), e superando a todos os santos moradores do céu no (seu) poder. Ora, este ofício talvez não seja em nenhuma forma de oração tão patente como no Rosário: em que as partes que eram da Virgem para a conquista da salvação dos homens se repetem de forma tal que se desdobram com efeito presente: algo que detém um benefício devocional excepcional, seja através dos mistérios sagrados, como eles se sucedem para a nossa contemplação ou através das orações para serem repetidos com lábios devotos ... »

Conforme demonstrado nesta correcta tradução, o Papa Leão XIII não chama Maria de «Co-Redentora» nesta encíclica.