O dogma Fora da Igreja Católica Não Há Salvação e a necessidade do Sacramento do Baptismo, na realidade podem ser explicados numa página (veja as secções 1 e 8). Isto porque esta verdade é exactamente a mesma que foi definida pelo nosso primeiro papa:
“… em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo Nazareno (…) não há salvação em nenhum outro porque do céu abaixo nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual nós devamos ser salvos.”(Actos 4:12)
Não há salvação fora de Jesus Cristo, e a Igreja Católica é o Seu Corpo Místico. Visto que não há entrada na Igreja Católica sem o Sacramento do Baptismo, isto significa que só se podem salvar os católicos baptizados que morrem em estado de graça (e aqueles que se tornem católicos baptizados e morrem em estado de graça) — ponto final.
“Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora como a vara, e secará, e enfeixá-lo-ão, e lançá-lo-ão no fogo, e ali arderá.” (João 15:6)
A única razão de este documento ter aproximadamente 300 páginas e investigar minuciosamente uma variedade de questões, se deve simplesmente aos ataques quase incessantes nos dias de hoje contra — e a uma negação quase universal de — estas não obstante simples verdades.
O leitor irá notar que fiz todos os meus possíveis para contestar toda e qualquer objecção significativa levantada contra o verdadeiro significado do dogma Fora da Igreja Católica Não Há Salvação e a necessidade do Sacramento do Baptismo, enquanto que aqueles que escrevem livros e artigos contra estas verdades quase nunca abordam argumento algum do ensinamento da Igreja que apresentamos, simplesmente porque não podem refutar os factos.
Alguns dos liberais que lerem este documento irão objectar que este é “cruel” ou que “não é caridoso.” Mas isso não é verdade. O “fundamento da caridade é a fé pura e imaculada” (Papa Pio XI, Mortalium animos, #9). As afirmações neste documento relacionadas com o dogma Fora da Igreja Não Há Salvação são feitas com a intenção de ser fiel a Jesus Cristo e à Sua Verdade. Um católico diz sem compromisso a verdade sobre esta questão ao seu próximo porque ele ama o seu próximo.
Papa Pio XI, Mortalium animos, #9, 6 de Janeiro de 1928: “Ninguém ignora por certo que o próprio João, o Apóstolo da Caridade, que em seu Evangelho parece ter manifestado os segredos do Coração Sacratíssimo de Jesus e que permanentemente costumava inculcar à memória dos seus o mandamento novo: ‘Amai-vos uns aos outros,’ vetou inteiramente até mesmo manter relações com os que professavam de forma não íntegra e corrupta a doutrina de Cristo: ‘Se alguém vem a vós e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem digais a ele uma saudação’ (2 João 10).”
Um católico que recusa-se a denunciar heresia e hereges (quando necessário) não está agindo em caridade, mas em falta dessa.
Papa Leão XIII, Sapientiae christianae, #14, 10 de Janeiro de 1890: “Mas quando a necessidade urge, não só os que mandam devem salvaguardar a integridade da fé, mas, como ensina São Tomás, ‘cada um está obrigado a expor a fé diante dos outros, tanto para instruir e confirmar os demais fiéis, quanto para reprimir a audácia dos infiéis.’ Recuar perante o inimigo, ou manter o silêncio quando de todas partes se levanta incessante clamor para oprimir a verdade, próprio é de um homem covarde sem carácter, ou que duvida da veracidade daquilo no qual professa crer.”
O leitor irá notar que, na sua maior parte, a intenção para cada secção deste livro é de serem completas em si; isto é, pode-se ler um capítulo em particular deste documento e encontrar reapresentadas as citações pertinentes dos ensinamentos da Igreja, sem ter assim de buscá-las em outras partes do documento.
Encorajo vigorosamente o leitor a ler o documento por inteiro porque todos os temas tratados são importantes; mas, na minha opinião, as secções mais importantes deste documento e que o leitor definitivamente não quererá deixar passar despercebidas são: 1-4, 6-8, 13-16, 18, 21, 24-27, 31-34.
O leitor verá que as conclusões formadas neste documento baseiam-se todas no ensinamento infalível da Cátedra de São Pedro. Por conseguinte, aqueles que rejeitam estes factos não estão rejeitando apenas as minhas opiniões, mas os ensinamentos da Cátedra de São Pedro (o ensinamento dogmático da Igreja Católica).
Papa Gregório XVI, Mirari vos, #13, 15 de Agosto de 1832: “Admoesta-nos o Apóstolo que há um só Deus, uma só fé e um só batismo (Ef. 4:5); que temam pois aqueles que pensam que o porto da salvação está aberto a pessoas de quaisquer religiões. Deveriam de considerar a sentença do próprio Jesus Cristo, que eles estão contra Cristo, já que não estão com Cristo (Lc. 11:23), e os que não colhem com Cristo dispersam miseramente, pelo que perecerão infalivelmente os que não tiverem a fé católica e não a guardarem íntegra e sem mancha (Credo Atanasiano).”
Conclusão
Neste documento demonstrei que é ensinamento infalível da Igreja Católica — e, por conseguinte, a verdadeira doutrina de Jesus Cristo — que só os que morrem como católicos baptizados podem se salvar. Quem quer que se recuse a aceitar este ensinamento não é um católico. O facto de a maior parte do mundo rejeitar este ensinamento não nos deve desencorajar. Isto foi predito e Deus ainda está com a Sua Igreja, apesar de esta ter sido reduzida a um remanescente de fiéis católicos.
Pe. William Jurgens: “Num momento da história da Igreja, apenas alguns anos antes da pregação de São Gregório [de Nissa] (380 d.C.), talvez o número de bispos católicos em posse de suas sés, ao contrário dos bispos arianos, não fosse maior do que algo entre os 1% ou 3% do total de bispos. Se a doutrina tivesse sido determinada pela popularidade, hoje todos seríamos negadores de Cristo e adversários do Espírito.”1
Pe. William Jurgens: “No tempo do emperador Valente (séc. IV), São Basílio era practicamente o único bispo ortodoxo em todo Oriente que teve êxito em conservar o cargo da sua diocese… Se isto não tem qualquer outra importância para o homem moderno, um conhecimento da história do arianismo deveria pelo menos mostrar-lhe que a Igreja Católica não toma em conta a popularidade e o número para determinar e conservar a doutrina: de outro modo, já teríamos a muito abandonado Basílio, Hilário, Atanásio, Libério e Ósio e nos chamaríamos arianos.”2
Se a heresia ariana no século IV foi tão desastrosa que aproximadamente 1% dos bispos com jurisdição permaneceram católicos e 99% tornaram-se arianos, e se está previsto que a Grande Apostasia anterior à segunda vinda de Cristo será ainda pior — a pior apostasia de todos os tempos (2 Tes. 2) — então não nos deveria ser difícil acreditar no facto de quase não haver sacerdotes católicos autênticos hoje neste mundo que creiam no verdadeiro significado do dogma Fora da Igreja Não Há Salvação e na necessidade do Sacramento do Baptismo.
Lucas 18:8: “Mas quando vier o Filho do homem, julgais vós que achará ele alguma fé na terra?”
Devemos avançar na defesa desta fé e preservá-la sem mancha. Devemos, por caridade, informar aos não-católicos que Deus põe em nosso caminho que eles têm de aceitar e professar a fé católica — a fé católica tradicional de sempre — se quiserem salvar-se. E devemos informar aos que se professam católicos, mas que não crêem nestes dogmas, o quão errados estão para que se possam corrigir.
Cremos neste dogma simplesmente porque é a verdade de Jesus Cristo. E é porque amamos aqueles que não são católicos e porque temos verdadeiro interesse por sua felicidade eterna, como seus verdadeiros amigos, que dizemos-lhes que não podem alcançar a felicidade eterna excepto na Igreja Católica (a Igreja Católica tradicional, não a seita Novus Ordo/Vaticano II).
Lucas 12:4-5: “[Jesus disse:] A vós outros pois, amigos meus, vos digo, que não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois disto não têm mais que fazer. Mas eu vos mostrarei a quem haveis de temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder de lançar no inferno: sim, eu vo-lo digo, temei a este.”
Por último, não se pode comprometer esta fé a preço algum. Não se pode apoiar financeiramente qualquer sacerdote que não mantenha a posição de que só os católicos baptizados podem se salvar — o que inclui quase todos os sacerdotes de hoje. Não se pode apoiar financeiramente, incluindo as esmolas nas Missas, a sacerdote algum que aceite o baptismo do desejo ou a heresia da salvação para os que estão em “ignorância invencível.” Não se pode entrar nem estar afiliado a sociedade religiosa alguma que não preserve e defenda publicamente este dogma e todos os ensinamentos da Igreja.
Um católico não deve assistir a funerais de defuntos não-católicos, uma vez que isto implica que não-católicos podem salvar-se, o que é heresia. Um católico não deve tampouco assistir a funerais de “católicos” que eram conhecidos por negar este dogma ou por apoiar obstinadamente aqueles que o negam. Além disso, um católico não deve assistir ao casamento de não-católicos nem de membros do Novus Ordo, porque isto causa escândalo e dá a entender aos não-católicos que se casam que você aprova o facto de eles estarem onde estão. Nem deve um católico assistir ao casamento de uma pessoa que se proclama “católico tradicionalista” mas que apoia obstinadamente as posições heréticas ou os grupos heréticos denunciados neste documento. Fazê-lo seria um escândalo e uma transigência da fé.
No Dia do Juízo, Deus separará aqueles que conservaram a verdadeira fé e o estado de graça daqueles que não o fizeram. Os que tiverem profanado esta fé juntar-se-ão inevitavelmente com os réprobos. Portanto, aqueles que, tendo conhecimento destes factos, continuem a apoiar financeiramente, no menor grau que seja, grupos que crêm no baptismo do desejo ou na salvação para os que estão em “ignorância invencível,” ou que neguem qualquer outro ensinamento da Igreja, podem estar certos de que, no Dia do Juízo Final, partilharão o mesmo fim dos condenados que tiverem profanado a fé.
A Igreja ensina que numa circunstância de extrema necessidade, que é o caso dos dias de hoje, pode-se receber os sacramentos de um sacerdote validamente ordenado que mantenha uma posição herética (sempre e quando esse sacerdote não pregue notoriamente nem imponha a heresia), mas não se pode apoiá-lo financeiramente nem comprometer a fé. Pôr dinheiro na caixa de esmolas de um sacerdote ou grupo que não mantém a fé é negar a fé. Dar-lhes doações é negar a fé. Obviamente, a fé católica não nos proíbe de comprar livros católicos (etc.) de um grupo que possa ser herético, mas não se deve fazer doações a tal grupo nem tampouco dar-lhes esmolas na Missa. Se o obter deste modo os sacramentos em última análise obrigue-o a comprometer a fé, há que deixar de assistir a essa Missa e receber aí a Comunhão, porque um indivíduo pode salvar-se sem assistir a Missa e sem receber a Comunhão, especialmente em caso de necessidade, mas jamais pode salvar-se sem a verdadeira fé.
Apocalipse 2:10: “Sê fiel até à morte, e eu te darei a coroa da vida.”
Apocalipse 14:12: “Aqui está a paciência dos santos que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.”
Apocalipse 3:11: “Vê que venho logo; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.”
Os Passos para a Conversão à Fé Católica Tradicional
A Forma do Baptismo e Baptismo Condicional
A Profissão de Fé do Concílio de Trento
-Ir. Pedro Dimond, O.S.B. (3 de Maio de 2004),
2ª edição inglesa (30 de Outubro de 2006)
Notas finais:
1 Jurgens, The Faith of the Early Fathers, Collegeville, MN, The Liturgical Press, 1970, vol. 2, pág. 39.
2 Jurgens, The Faith of the Early Fathers, vol. 2, pág. 3.
Do livro: Fora da Igreja Católica Não Há Absolutamente Salvação
“Muito bom e excelentes artigos para refletir e fazer um bom estudo e uma boa formação”.
Este livro é um dos livros mais importantes do nosso tempo. Deus vos abençoe!