Deve-se crer num dogma tal como esse foi declarado

por Ir. Pedro Dimond, O.S.B.

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Só há uma maneira de crer num dogma: tal como a santa mãe Igreja o tenha uma vez declarado.

Papa Pio IX, Concílio Vaticano I, Sessão 3, Cap. 2, sobre a Revelação, 1870, ex cathedra: “Por isso, também há que manter perpetuamente aquele sentido dos sagrado dogmas que uma vez declarou a santa mãe Igreja; e jamais há que apartar-se desse sentido sob o enganador pretexto de o fazer em nome de uma compreensão mais profunda.”1

 Esta definição do Concílio Vaticano I é de vital importância para a pureza do dogma, porque o principal modo com que o Diabo tenta corromper as doutrinas de Cristo é fazendo com que os homens se apartem dos dogmas da Igreja tal como foram declarados. Não existe outro sentido de um dogma que não aquele que as palavras mesmas dizem e declaram, portanto o Diabo induz os homens a “compreender” e a “interpretar” palavras de uma maneira diferente da qual a santa mãe Igreja os tenha declarado.

Muitos de nós temos lidado com pessoas que tentam explicar o claro significado das definições de Fora da Igreja Não Há Salvação dizendo, “você deve entendê-las.” O que na realidade elas querem dizer é que você tem de entendê-las de uma maneira diferente da qual as palavras mesmas dizem e declaram. E isto é exactamente o que o Concílio Vaticano I condena: desviar-se da compreensão de um dogma que tenha sido declarado pela santa mãe Igreja, dando a ele um significado diferente, sob o pretexto falso de uma “compreensão mais profunda.”

Além daqueles que dizem que há que “entender” os dogmas de uma maneira diferente da qual as palavras dizem e declaram, há outros que, quando lhes são apresentadas as definições dogmáticas sobre Fora da Igreja Não Há Salvação, dizem: “essa é a tua interpretação.” Eles rebaixam as palavras de uma fórmula dogmática a nada mais que uma interpretação privada. E isto também é heresia.

Papa São Pio X, Lamentabile, Os Erros do Modernismo, 3 de Julho de 1907, #22:

“Os dogmas que a Igreja professa como revelados não são verdades vindas do céu, senão uma espécie de interpretação de factos religiosos que a mente humana por um esforço laborioso preparou por si.” – Condenado2

Papa São Pio X, Lamentabile, Os Erros do Modernismo, 3 de Julho de 1907, #54:

“Os dogmas, os sacramentos, a hierarquia, tanto na sua noção como na sua  realidade, não são senão interpretações e desenvolvimentos da inteligência cristã que aumentaram e aperfeiçoaram o pequeno germe oculto no Evangelho.” – Condenado3

Os dogmas da fé, como Fora da Igreja Não Há Salvação, são verdades vindas do céu; não são interpretações. Acusar a quem adere fielmente a essas verdades que provêm do céu de incorrer numa “interpretação privada” é dizer heresia.

O justo propósito de uma DEFINIÇÃO dogmática é DEFINIR com precisão e exactidão o que a Igreja quer dizer pelas palavras mesmas da fórmula. Se não fizesse isto pelas palavras mesmas da fórmula ou do documento (como dizem os modernistas), então ela fracassaria no seu objetivo principal — o de definir — e seria inútil e sem valor.

Quem disser que devemos interpretar ou entender o significado de uma definição dogmática, de uma maneira que contradiga a sua verdadeira formulação textual, nega todo o propósito da Cátedra de Pedro, da infalibilidade papal e das definições dogmáticas. Tal pessoa estará a afirmar que as definições dogmáticas são inúteis, sem valor e fátuas, e que a Igreja é inútil, sem valor e fátua por fazer tal definição.

Além do mais, os que insistem em dizer que as DEFINIÇÕES infalíveis devem ser interpretadas por declarações falíveis (ex: os teólogos, os catecismos, etc.) estão a negar todo o propósito da Cátedra de Pedro, pois subordinam o ensinamento dogmático da Cátedra de Pedro (as verdades vindas do céu) à reavaliação deste feita em documentos falíveis humanos, invertendo desse modo a sua autoridade, pervertendo a sua integridade e negando o seu propósito.

Papa Gregório XVI, Mirari vos, #7, 15 de Agosto de 1832: “… daquilo que foi definido nada deve se remover, mudar, adicionar, mas deve-se sim conservar-se puro, tanto na palavra como no sentido.”4

Portanto, não existe uma interpretação “rigorosa” e outra “relaxada” do dogma Fora da Igreja Não Há Salvação, como gostam de dizer os liberais hereges; há apenas o que a Igreja uma vez declarou.

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Notas finais:

1 Denzinger, The Sources of Catholic Dogma, B. Herder Book. Co., Thirtieth Edition, 1957, no 1800.

2 Denzinger, 2022.

3 Denzinger, 2054.

4 The Papal Encyclicals, by Claudia Carlen, Raleigh: The Pierian Press, 1990, vol. 1 (1740-1878), pág. 236.

Do livro: Fora da Igreja Católica Não Há Absolutamente Salvação