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Toda a Verdade sobre a Conversão e a Consagração da Rússia
» Clique para ler a 2ª parte deste artigo: A Irmã Lúcia Impostora
1ª Parte do Artigo: Toda a Verdade sobre a Conversão e a Consagração da Rússia, e a Irmã Lúcia Impostora
- A questão é: Você consegue lidar com a verdade sobre este assunto?
- A verdade que não irá ouvir do “Padre” Gruner; os incríveis factos sobre um assunto no qual fomos condicionados a pensar apenas de uma única perspectiva
- Um artigo que todo católico tradicional deveria de ler
Provérbios, 16:7 - “Quando os caminhos do homem agradarem ao Senhor, até converterá à paz os seus inimigos.”
Nossa Senhora: “Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz.”
* As ênfases dadas neste artigo (negritos, sublinhados, itálicos) não necessariamente são as dos autores das próprias citações mas são minhas na sua grande maioria.
NESTE ARTIGO:
- FACTO #1: O PAPA PIO XII CONSAGROU A RÚSSIA AO CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA – O PAPA PIO XII NÃO CONSAGROU O MUNDO, MAS ESPECIFICAMENTE A RÚSSIA, EM 7 DE JULHO DE 1952
- FACTO #2: O QUE A NOSSA SENHORA QUERIA DIZER COM A CONVERSÃO DA RÚSSIA — AS EVIDÊNCIAS DEVASTADORAS
- ESTA POSIÇÃO TORNA-SE AINDA MAIS FORTE AO CONSIDERARMOS PORTUGAL — “O CENÁRIO DE NOSSA SENHORA”
- ESTA POSIÇÃO TORNA-SE AINDA MAIS FORTE AO CONSIDERARMOS O SUMÁRIO DA VISÃO DA IRMÃ LÚCIA EM TUY
- “OS BONS SERÃO MARTIRIZADOS” E “VÁRIAS NAÇÕES SERÃO ANIQUILADAS” SÃO PROFECIAS QUE JÁ FORAM CUMPRIDAS
- AQUILO DO QUAL A RÚSSIA SE CONVERTEU — UM OLHAR RÁPIDO SOBRE O REGIME SATÂNICO NA RÚSSIA COMUNISTA
- ELE FARÁ A CONSAGRAÇÃO MAS ESSA SERÁ “TARDE”
- AS PALAVRAS DE NOSSA SENHORA REVELAM-NOS QUE O SEU TRIUNFO NÃO SERÁ UM TRIUNFO UNIVERSAL OU UM REINO DE PAZ, MAS APENAS “ALGUM” TEMPO DE PAZ
- A CONVERSÃO DA RÚSSIA = ...
- AS EVIDÊNCIAS
- ALGUMAS OBJECÇÕES ADICIONAIS — E A IRMÃ LÚCIA NÃO SABIA SE A CONSAGRAÇÃO DO MUNDO DE 1942 DO PAPA PIO XII TINHA SIDO SEQUER ACEITE NO CÉU
Uma das perguntas que mais frequentemente nos fazem tem que ver com a afirmação de Nossa Senhora em Fátima, no dia 13 de Julho de 1917:
“Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores, para as salvar, Deus quer establecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.”
“Os ‘papas’ do Vaticano II têm de ser verdadeiros papas,” prossegue assim a objecção, “porque um deles irá finalmente consagrar a Rússia ao Coração Imaculado de Maria, e a nação inteira se converterá à fé católica. Como isto ainda não aconteceu, não podes estar certo em chamá-los de antipapas.”
Primeiro, ao examinar este assunto, é importante que as pessoas tirem das suas mentes qualquer noção pré-concebida acerca deste tema. Precisam de estar preparadas para fazer uma nova revisão aos factos. Tratemos já deste tão importante assunto:
FACTO #1: O PAPA PIO XII CONSAGROU A RÚSSIA AO CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA — O PAPA PIO XII NÃO CONSAGROU O MUNDO, MAS ESPECIFICAMENTE A RÚSSIA, EM 7 DE JULHO DE 1952
Muitos sabem que o Papa Pio XII consagrou o mundo ao Coração Imaculado de Maria em 1942. Muitos, no entanto, não sabem que o Papa Pio XII consagrou especificamente a Rússia ao Coração Imaculado de Maria em 1952.
Tornei-me ciente disso apenas quando comecei a estudar o assunto a fundo. Mas este facto importante é revelado até nos livros promovidos pelo apostolado do “Padre” Nicholas Gruner.
Frère Michel de la Sainte Trinité, The Whole Truth About Fatima (Toda a Verdade sobre Fátima), vol. 1, pág. 498: “... em 1952. No dia 7 de Julho do mesmo ano, um mês após o artigo escrito por Dhanis, o Papa Pio XII na sua carta apostólica Sacro vergente anno, cumpriu esta consagração da Rússia e essa apenas, por nome — e Dhanis a dizer que isso seria impossível!” (Immaculate Heart Publications)
Este facto pode também ser encontrado no livro Fatima in Twilight (Fátima em Crepúsculo):
Mark Fellows, Fátima em Crepúsculo, pág. 119: “A carta foi enviada pedindo a Pio que consagrasse a Rússia ao Coração Imaculado. Ele [Pio XII] assim o fez numa carta destinada a todos os russos (Sacro vergente anno), escrevendo a seguinte parte pertinente: ‘hoje Nós consagramos e de uma forma mais especial confiamos todos os povos da Rússia a este Imaculado Coração...’” (Marmion Publications, 2003)
Aqui estão as palavras do Papa Pio XII:
Papa Pio XII, Sacro vergente anno (Carta Apostólica), 7 de Julho de 1952: “... tal como a uns anos atrás Nós consagramos toda a raça humana ao Coração Imaculado da Virgem Maria, Mãe de Deus, assim hoje Nós consagramos e de uma forma mais especial confiamos todos os povos da Rússia a este Imaculado Coração...”
Logo, é uma verdade incontestável o facto de que o Papa Pio XII consagrou especificamente a Rússia ao Coração Imaculado de Maria.
Mas a Nossa Senhora não prometeu que a Rússia seria consagrada em união com todos os bispos do mundo? Não! Este é um ponto-chave. Nossa Senhora pediu que a Rússia fosse consagrada em união com todos os bispos do mundo, mas no dia 13 de Julho ela apenas prometeu que “por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.” Note que a Nossa Senhora não prometeu: “O Santo Padre e todos os bispos consagrar-me-ão a Rússia...” Além disso, os Céus revelaram que, na verdade, o cumprimento em si da consagração da Rússia não estaria de acordo com os seus pedidos originais; por exemplo, que este seria “tarde” (mais acerca disso a seguir).
FACTO #2: A NOSSA SENHORA NUNCA CHEGOU A DIZER QUE A CONVERSÃO DA RÚSSIA SIGNIFICARIA QUE A RÚSSIA SERIA CONVERTIDA À FÉ CATÓLICA
A questão que deve ser examinada é: a Nossa Senhora alguma vez disse que a Rússia seria convertida à “fé católica”? Há alguma evidência de que a Nossa Senhora alguma vez disse que a Rússia se converteria à fé católica? A resposta, que provavelmente surpreenderá a muitos, é não. Terminei recentemente um minucioso estudo dos três volumes da obra do Frade Michel, Toda a Verdade sobre Fátima (mais de 2000 páginas dedicadas a este assunto). Eu estava a procura de alguma evidência, qualquer que fosse, de que a Nossa Senhora tenha alguma vez dito que a “conversão” da Rússia significa que a nação russa se converterá à fé católica. Nesta obra de três volumes, não é apresentada qualquer evidência de que o Nosso Senhor ou a Nossa Senhora chegaram a prometer que a Rússia seria convertida à fé católica. [Por favor, entenda o seguinte: não estou examinando a questão de caso os Céus queriam ou não a conversão da Rússia à fé católica; é claro que queriam, visto que fora da Igreja Católica não há salvação. Estou no entanto a tratar da questão de caso os Céus alguma vez disseram ou prometeram que a nação da Rússia seria convertida à fé católica. Não existem provas de que em altura alguma os Céus chegaram a prometer a conversão da Rússia à fé católica.]
“Mas é claro que isto significa que toda a nação será convertida à fé católica,” como uma pessoa uma vez nos disse, “pois não poderia significar outra coisa!” Esta pessoa chegou mesmo a afirmar que é um absurdo pensar que a Nossa Senhora usaria alguma vez a palavra “conversão” para significar outra coisa que não uma conversão à verdadeira fé. Será mesmo? Bem, esta pessoa poderá se surpreender ao descobrir que, em Provérbios 16:7, Deus Todo Poderoso utilizou a palavra “conversão” não para significar uma conversão à verdadeira fé, mas uma conversão de um inimigo perseguidor à paz (para um cessar das suas acções persecutórias).
Provérbios 16:7 — “Quando os caminhos do homem agradarem ao Senhor, até converterá à paz os seus inimigos.”
Na verdade, o que é surpreendente é que as palavras de Nossa Senhora de 13 de Julho aparentam ter a estrutura de Provérbios 16:7 — nos contextos de ambos, conversão é imediatamente ligada à paz, após o cumprimento dos pedidos do Senhor por parte do homem.
Provérbios, 16:7 - “Quando os caminhos do homem agradarem ao Senhor, até converterá à paz os seus inimigos.”
Nossa Senhora: “Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz.”
Após ter estudado este assunto em profundidade, e olhado novamente para os factos, tornei-me firmemente convicto de que as palavras de Nossa Senhora estão estruturadas na promessa de Provérbios 16:7 — a “conversão” da Rússia não significa a conversão da nação à fé católica, mas sim a conversão de um inimigo perseguidor (Rússia) a algum tempo de paz. Nós veremos exactamente o que isso significa à medida que formos avançando, e que as evidências da mensagem de Fátima o tornem claro.
ESTA POSIÇÃO TORNA-SE AINDA MAIS FORTE AO CONSIDERARMOS PORTUGAL — “O CENÁRIO DE NOSSA SENHORA”
De modo a substanciar a sua posição de que a Rússia não foi ainda consagrada, o “Padre” Gruner e os seus apoiantes trazem com frequência à discussão a tese de Portugal como o “Cenário de Nossa Senhora.” Eles afirmam que quando os bispos portugueses consagraram a nação ao Coração Imaculado de Maria, em 13 de Maio de 1931, o resultado foi um incrível renascimento católico e uma reforma social. Eles dizem que a Nossa Senhora serviu-se de Portugal como o “cenário” para dar-nos uma amostra daquilo que ela faria com a Rússia e com o resto do mundo.
John Vennari, “It Doesn't Add Up (Isto Não Faz Sentido),” A Cruzada de Fátima, edição inglesa, publicação #70: “Logo, não é difícil perceber por que Portugal nesta altura fora chamado de ‘Cenário de Nossa Senhora.’ E este triplo milagre de Portugal serve-nos de amostra para prevermos como a Rússia e o mundo parecerão após a Consagração Colegial da Rússia.”
No entanto, ao apresentar o exemplo de Portugal, eles dão-nos ainda mais evidências de que a promessa de Nossa Senhora para a “conversão” da Rússia não significa a conversão da nação inteira à fé católica. Pois eles falham em notar que mesmo após a consagração da nação portuguesa (uma nação cuja população já era quase completamente católica) o país não se tornou um país católico!
Frère Michel de la Sainte Trinité, Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 420: “Curiosamente, neste acordo [da nação portuguesa], a religião católica não é reconhecida como a religião oficial do Estado Português e, logo, teoricamente, a separação entre Igreja e Estado mantém-se.”
Se nem mesmo Portugal (uma nação que já era quase completamente católica) tornou-se uma nação católica após a sua consagração, isto é mais uma prova de que a conversão da Rússia não significa a conversão da nação à fé católica. A Constituição Portuguesa de 1959 nem sequer menciona o nome de Deus. (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 3, pág. 741)
ESTA POSIÇÃO TORNA-SE AINDA MAIS FORTE AO CONSIDERARMOS O SUMÁRIO DA VISÃO DA IRMÃ LÚCIA EM TUY
Na tentativa de fundamentar a sua posição de que a Rússia será convertida à fé católica, muitos citam a visão de Tuy, na qual a Nossa Senhora prometeu “salvar” a Rússia:
A Nossa Senhora disse à Irmã Lúcia em 13 de Junho de 1929, em Tuy: “O momento chegou no qual Deus pedirá ao Sumo Pontífice, em reunião com todos os bispos do mundo, para consagrar a Rússia ao Coração Imaculado de Maria, prometendo que, por estes meios, essa iria ser salva.”(Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 464)
O que é ALTAMENTE SIGNIFICATIVO é que o Frade Michel admitiu que a Irmã Lúcia, em duas cartas ao Padre Gonçalves, resumira a sua comunicação em Tuy de uma maneira um pouco diferente:
Frère Michel de la Sainte Trinité, Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 465: “[página a seguir àquilo que acabou de ler] Esclareçamos desde já que em 1930, em duas cartas ao Padre Gonçalves, a Irmã Lúcia exprimiu de uma forma ligeiramente diferente os pedidos do céu...[Irmã Lúcia]: ‘O Bondoso Deus promete acabar com a perseguição na Rússia se o próprio Papa fizer um acto solene de reparação e de consagração da Rússia para os Corações Sagrados de Jesus e Maria assim como ordenar todos os Bispos da Igreja Católica a fazerem o mesmo. O Santo Padre precisa então prometer que ao fim desta perseguição ele irá aprovar e recomendar a prática da devoção reparatória já descrita.’”
Portanto, de acordo com a Irmã Lúcia, quando o Nosso Senhor disse na mensagem de Tuy que “salvará” a Rússia, isso significa que Ele prometeu “acabar com a perseguição na Rússia,” corroborando assim o ponto de que não há evidências de que os Céus alguma vez prometeram que a Rússia seria convertida à fé católica. Encontramos a mesma coisa numa outra visão dos Céus, em 1940, na qual Nosso Senhor revelou à Irmã Lúcia:
Nosso Senhor à Irmã Lúcia, 22 de Outubro de 1940: “Eu punirei as nações pelos seus crimes por meios de guerra, fome e perseguições contra a minha Igreja, e isto irá pesar especialmente sobre o meu vigário na Terra. A Sua Santidade irá obter uma abreviação nestes dias de atribulação se ele tomar atenção aos meus desejos ao promulgar um acto de consagração do Mundo ao Coração Imaculado de Maria, com uma menção especial da Rússia.” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 732)
A consagração da Rússia “irá obter uma abreviação” da tribulação que é causada pelas perseguições da Rússia, coincidindo perfeitamente com o nosso ponto acerca do que a Nossa Senhora queria dizer por “conversão” da Rússia. E mais importante ainda é o facto de, através de uma consideração cautelosa das suas palavras de 13 de Julho, conseguirmos ver o que a Nossa Senhora queria dizer no contexto por conversão da Rússia.
“A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.”
Note, a consagração da Rússia foi requerida especificamente para prevenir “guerra... fome e... perseguições à Igreja...” Isto mostra-nos o quão firmemente assentes estavam as palavras de Nossa Senhora neste contexto específico quando referiu-se à consagração da Rússia — a conversão deste inimigo à paz para um cessar das suas perseguições de “guerra... fome... à Igreja.”
Este ponto é corroborado quando se considera o “grande sinal” mencionado por Nossa Senhora no contexto do seu pedido da consagração da Rússia. A Nossa Senhora diz: “Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir...” Este “sinal” não foi um “pequeno sinal,” mas um “grande sinal” que os Céus concederam no contexto da consagração da Rússia e das punições que seriam então prevenidas pela consagração da Rússia.
Bem, todos sabemos que este “grande sinal” foi a luz desconhecida que iluminou o céu no dia 25 de Janeiro de 1938, mesmo antes dos eventos precedentes à Segunda Guerra Mundial.
“Uma aurora boreal de um tamanho excepcional cobriu os céus da Europa Ocidental ontem a noite; essa causou um reboliço em vários departamentos, que a primeira pensaram ser uma chama gigante. Em toda a região dos Alpes, a população encontrava-se muito intrigada com este estranho espetáculo. O céu estava incandescente como uma imensa fornalha em movimento, irradiando um fortíssimo brilho de cor vermelho-sangue.” (Le Nouvelliste de Lyon, 26 de Janeiro, 1938.)
Penso que a maioria concorda com o facto de, tendo em conta a perspectiva avantajada que temos hoje, este sinal não nos parecer tão significativo. No entanto, no contexto da consagração da Rússia, e a “guerra... fome e... perseguições à Igreja...” das quais seria a prevenção, este foi o “grande sinal” que o Céu nos deu. Isto mostra-nos uma vez mais o quão firmemente estavam inseridas neste preciso contexto as palavras de Nossa Senhora sobre a consagração da Rússia — a conversão deste inimigo à paz para um cessar das suas perseguições de guerra, perseguições à Igreja, etc.
“OS BONS SERÃO MARTIRIZADOS” E “VÁRIAS NAÇÕES SERÃO ANIQUILADAS” SÃO PROFECIAS QUE JÁ FORAM CUMPRIDAS
De modo a entendermos melhor o que a Nossa Senhora queria dizer por “conversão da Rússia,” é importante que compreendamos o que ela queria dizer com coisas mencionadas no mesmo contexto; por exemplo, “várias nações serão aniquiladas” e “os bons serão martirizados.”
Nossa Senhora de Fátima, 13 de Julho de 1917: “Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas...”
Muitos crêem que as palavras de Nossa Senhora “várias nações serão aniquiladas” e “os bons serão martirizados” (como resultado de a Rússia ter espalhado os seus erros) ainda não foram cumpridas. No entanto, a verdade é que ambas ambas já foram cumpridas.
VÁRIAS NAÇÕES SERÃO ANIQUILADAS
Como veremos, até o Frade Michel, um autor cuja obra é promovida pelo apostolado de Nicholas Gruner, admite que a tomada das Nações Bálticas e de outros estados pequenos por parte da União Soviética durante o período que compreende a Segunda Guerra Mundial, as quais a União Soviética simplesmente anexou fazendo com que estas deixassem de existir, constituiu a aniquilação das nações da qual a Nossa Senhora falou.
Frère Michel de la Sainte Trinité, Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 3, pág. 190: “Em 1939 a URSS ainda era o único estado comunista do mundo... Seis anos depois... várias nações foram apagadas do mapa, absorvidas pelo império soviético, uma dúzia de nações entraram na órbita de Moscovo e mantiveram apenas a aparência de liberdade, enquanto outras eram agitadas por guerras internas ou gravemente ameaçadas pela subversão comunista. A profecia de Fátima estava a ser cumprida à letra.”
Além da Polónia, Hungria, Checoslováquia, Roménia, Bulgária, etc., que entraram na órbita do império soviético, e que foram reduzidas a um papel servil, subjugadas à manipulação da sua máquina, as nações bálticas, Lituânia, Letónia e Estónia, foram de facto apagadas do mapa — completamente aniquiladas mediante a completa absorção pelo império soviético.
“As pequenas nações bálticas — Lituânia, Letónia e Estónia — estavam agora prontas para a investida de Stalin. Ele tomou prontamente a iniciativa de impor ‘tratados de assistência mútua’ nos quais a única cláusula significativa era a de permitir que altas quantidades de tropas soviéticas fossem colocadas nos seus territórios. Esses tratados foram assinados no dia 28 de Setembro (Estónia), 5 de Outubro (Letónia), e 10 de Outubro (Lituânia). Estas nações poderiam ser agora conquistadas a qualquer hora.” (Warren H. Carroll, The Rise and Fall of the Communist Revolution [A Ascensão e Queda da Revolução Comunista], Christendom Press, pág. 310)
Um artigo publicado no website do Joint Baltic Nations American National Committee afirma que:
“Em 23 de Julho de 1940, Sumner Welles, actuando como Secretário de Estado Americano, afirmou que ‘processos desonestos pelos quais a independência política e a integridade territorial destas três pequenas repúblicas Bálticas — Estónia, Letónia e Lituânia — seriam deliberadamente aniquiladas por um dos seus mais poderosos vizinhos, chegaram rapidamente a sua conclusão.’” (Joint Baltic Nations American National Committee, https://web.archive.org/web/20070929165913/https://www.jbanc.org/65joint.html )
Note que a absorção das nações bálticas pela União Soviética “aniquilou” a independência política e a integridade territorial destas nações (isto é, aniquilou o seu próprio estatuto de nação!) Um outro artigo no sítio de Internet do jornal New York Sun nota que “... o comunismo não será lembrado tanto por aquilo que deixou para trás quanto por aquilo que não deixou. As décadas de governação totalitária aniquilaram culturas...” (https://www.nysun.com/arts/never-forget/24866/ )
As palavras de Nossa Senhora sobre a aniquilação das nações referem-se claramente à tomada de controlo das nações bálticas por parte da União Soviética, que apagou-as literalmente do mapa via absorção. Mas alguns crêem que as palavras de Nossa Senhora referem-se a uma catástrofe nuclear que irá acontecer no futuro. Para tentar provar este ponto, eles citam as palavras da Irmã Lúcia dirigidas ao Padre Fuentes.
Irmã Lúcia ao Padre Fuentes, 1957: “Diga-lhes, Padre, que muitas vezes a Santíssima Virgem disse aos meus primos, Francisco e Jacinta, assim como também a mim, que muitas nações iriam desaparecer da face da terra. Ela disse que a Rússia seria o instrumento de castigo escolhido pelos Céus para punir o mundo inteiro se nós, de antemão, não obtermos a conversão daquela pobre nação.”
A Irmã Lúcia está obviamente a reiterar as palavras de Nossa Senhora acerca da aniquilação das nações. No entanto, se uma nação fosse devastada por uma catástrofe nuclear, não desapareceria. Esta permaneceria visível, mas como uma terra deserta e devastada. A única maneira de uma nação literalmente “desaparecer” é apagando-a do mapa através da sua incorporação noutro país, tal como aconteceu com a invasão da União Soviética às nações Bálticas. Como confirmação estonteante deste ponto, aqui está o que Molotov, o Ministro das Relações Exteriores soviético, disse ao Ministro das Relações Exteriores da Lituânia (a respeito da invasão iminente das nações Bálticas):
Ministro das Relações Exteriores soviético, ao Ministro das Relações Exteriores da Lituânia: “Você deve dar uma boa olhadela à realidade e entender que, no futuro, pequenas nações terão de desaparecer. A sua Lituânia juntamente com as outras nações bálticas...” (citado em Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 306)
A aniquilação das nações, o acto de fazê-las “desaparecer,” refere-se claramente à União Soviética e à sua invasão das nações Bálticas. O Frade Michel até chega a aplicar a “aniquilação das nações” a outros países que a União Soviética incorporou na sua órbita como satélites, tal como a Polónia, etc. No entanto, isto refere-se mais especificamente à aniquilação das nações Bálticas, assim como outras pequenas províncias tais como a Bucovina do Norte e a Bessarábia. E o mesmo teria certamente acontecido a “muitas” outras nações se a Rússia não tivesse sido consagrada.
Frère Michel de la Sainte Trinité, Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 3, pp. 193-194: “Será necessário enumerar estas nações, as quais talvez a Nossa Senhora designou anunciando que ‘várias nações seriam aniquiladas’? Arrancados de suas tradições antiqüíssimas, e da sua Igreja, com suas sociedades destruídas pela grandiosa máquina bolchevique, com efeito, estes países já não eram eles próprios... Há a Albânia onde a perseguição contra a Igreja começou em 1945. Há a Hungria, com os seus sete milhões de católicos em dez milhões de habitantes, onde o núncio apostólico foi expulso em Abril de 1945... Há a Polónia (22 milhões de católicos), com a qual, em Setembro de 1945, o governo decidiu quebrar a concordata. Há a Checoslováquia, na qual, dos seus 12 milhões de habitantes, quase nove milhões eram católicos. Há a Roménia Ortodoxa com a sua valente minoria de três milhões de fiéis do Rito Oriental, onde o governo espera a melhor hora para realizar a mesma integração forçada à Igreja cismática que a que foi realizada na Ucrânia. Há a Bulgária, onde os membros da Igreja são apenas 57 mil. Há a Jugoslávia de Tito... onde a perseguição sangrenta começou em Junho – Julho de 1945.”
Em todas as nações comunistas sob o jugo da União Soviética, a imprensa, a rádio e a educação eram totalmente controladas pelo Estado. Isto tornou-se a triste e melancólica realidade dos vários países que sucumbiram ao comunismo. Todos estes países satélites foram também vigorosos perseguidores da Igreja. Por exemplo:
“Na Roménia, com a cumplicidade activa do Patriarca Alexis de Moscovo e de toda a hierarquia Ortodoxa nacional, os comunistas decidiram-se pela liquidação, pura e simplesmente, da Igreja Greco-Católica, que compreendia 1.600.000 fiéis naquela altura. ‘Perto do fim de Outubro de 1948, eles começaram a prender bispos católicos bizantinos, vigários gerais, cânones e a maioria dos padres, cerca de 600 ao todo. O governo então procedeu à confiscação das igrejas e conventos de monges e religiosos, apesar da resistência destes.’ Em 1º de Dezembro [1948], o governo comunista publicou o decreto de supressão da Igreja Católica Oriental.” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 3 pp. 255-256)
E isto fez com que “os bons fossem martirizados,” o que também foi cumprido:
OS BONS FORAM MARTIRIZADOS
É simplesmente um facto que inúmeros católicos foram martirizados pelas mãos da União Soviética e seus satélites comunistas. Uma vez que isto é bem sabido, não irei dar muitas citações para provar o ponto. Mas é importante notar novamente que até o Frade Michel, cuja obra acerca de Fátima é promovida pelo “Padre” Nicholas Gruner, admite que “os bons serão martirizados” já ocorreu.
Frère Michel de la Sainte Trinité, Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 764: “Se tivermos em conta que, numa carta de 21 de Janeiro de 1940, a Irmã Lúcia mencionou em conexão com a guerra ‘o sangue derramado pelos mártires,’ o qual acabaria por apaziguar a ira divina, e sabendo que Nossa Senhora anunciou no seu Segredo que ‘os bons serão martirizados,’ como podemos nos esquecer destes milhões de ucranianos e polacos católicos martirizados pelos bolcheviques?”
Um exemplo primário aconteceu na Rússia em 1923. Naquela altura, Moscovo tentou chantagear o Vaticano para que concedesse reconhecimento diplomático ao seu regime. Moscovo emitiu ordens de detenção do clérigo Monsenhor Cieplak (administrador apostólico da diocese de Mohilev), o seu vigário geral Monsenhor Budkiewicz, e outros treze padres. Estes clérigos declararam que não iriam observar a lei de 1922 da União Soviética que proibia o ensino da fé católica às crianças (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 310). Moscovo concordou em libertá-los se o Vaticano concordasse em iniciar relações diplomáticas com o seu regime. O regime russo sabia que, assim que o Vaticano estabelecesse relações diplomáticas com este, o resto da Europa seguiria os seus passos. Mas o Vaticano não podia conceder tal reconhecimento, então Moscovo executou a sentença:
“No Sábado Santo de 1923, Monsenhor Budkiewicz foi martirizado com uma crueldade chocante. Empurrado brutalmente por um corredor escuro, ele caiu e partiu a sua perna... Despojado de suas vestes e incapaz de andar, o mártir foi arrastado pelas orelhas até ao destacamento de guardas. Uma de suas orelhas foi cortada. No buraco resultante, ele levou um tiro de revólver. O Padre Walsh... ouviu o tiro a soar entre gritos, bêbados a cantar e ataques de riso. Para que não sobrassem relíquias, o corpo do mártir foi queimado e suas cinzas dispersadas. E este foi o sinal de início de uma série de ataques contra a hierarquia, clérigos e leigos, muitos dos quais foram enviados para as prisões glaciares de Solowski no Mar Negro, onde um campo de concentração fora especialmente designado para cristãos; outros morreram na prisão, alguns deles foram levados à loucura a custa dos tormentos que tiveram de suportar.” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 576-577)
“... durante o ano de 1922 somente, mais de 800 padres católicos e ortodoxos, irmãos e irmãs foram fuzilados na Rússia.” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 564)
Papa Pio XI, Carta ao Cardeal Pompili, 2 de Fevereiro de 1930: “Durante a festa do Santo Natal passado, não apenas foram fechadas centenas de igrejas [na Rússia], inúmeros ícones queimados, o trabalho imposto a todos os operários e alunos de escola e os domingos suprimidos; mas chegou-se ao ponto de compelir os trabalhadores de oficina — homens e mulheres — a assinarem uma declaração de apostasia formal e de ódio contra Deus, sob pena de serem privados dos seus cartões para pão, vestuário e alojamento, sem os quais todos os habitantes daquele pobre país estariam condenados a morrer à fome, na miséria e ao frio. Entre outras coisas, em todas as cidades e em numerosas vilas... durante as celebrações natalícias: eles testemunharam uma procissão de tanques sobre os quais, vestidos com paramenta sacra, um grande número de rufias carregavam a cruz em zombaria e cuspindo sobre ela; enquanto outros carros transportavam grandes árvores de Natal nas quais estavam pendurados fantoches representando os bispos católicos e ortodoxos. No centro da cidade, outros vadios cometiam todo o tipo de sacrilégio contra a Cruz.” (Citado em Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 539)
“Em 1946 as autoridades soviéticas removeram todos os bispos lituanos de suas dioceses excepto um (...) De 1946 a 1948, 357 padres, — um terço dos padres na Lituânia — foram deportados para campos de trabalho na Rússia e Sibéria. A um deles, que foi sentenciado a 25 anos (ou seja, à morte, uma vez que praticamente ninguém sobrevivia mais de 10 anos nos campos), foi oferecida a liberdade, uma das maiores igrejas em Vilinius, e cem mil rublos se ele aceitasse liderar uma igreja Católica lituana cismática. Ele negou-se, e desapareceu.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 364-365)
(Como um aparte: este padre poderia ter sido poupado dos horrores dos campos de trabalho se ele simplesmente tivesse consentido em tornar-se um cismático oriental. Ele recusou-se, e sofreu horrivelmente. Isto mostra-nos uma vez mais a maldade do falso ecumenismo. O Ecumenismo pós-Vaticano II, que aceita e louva a “ortodoxia” oriental considera o seu martírio inútil.)
Em 1936, os erros do comunismo russo provocaram uma revolução e a Guerra Civil Espanhola. O que resultou disto foi possivelmente a pior perseguição à Igreja Católica na história:
“Quase todo de uma vez começou o holocausto da Espanha [em 1936]. O principal alvo dos revolucionários era... a Igreja Católica. Durante os três meses seguintes, os padres, religiosos e leigos católicos que foram apanhados na parte da Espanha onde a República exercia o controlo, foram vítimas da mais sangrenta perseguição pela qual a Igreja alguma vez passou desde aquela operada pelo imperador romano Diocleciano no século IV. Ao todo, 6.549 padres e 283 freiras foram martirizados, a muitos, na clássica circunstância do martírio, foi oferecida a vida se renunciassem a fé e a morte se a mantivessem.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 285)
Hugh Thomas, considerado o mais conceituado historiador da Guerra Civil Espanhola, dá-nos alguns detalhes acerca destes martírios:
“Em Cervera, contas de rosários foram forçadas para dentro dos ouvidos dos monges até que os seus tímpanos fossem perfurados... Certas pessoas foram queimadas, e outras enterradas vivas — e isto após serem obrigadas a cavar as suas próprias covas. Em Alcazar de San Juan, a um jovem homem, distinto pela sua piedade, foram arrancados os olhos. Naquela província, Ciudad Real, os crimes foram de facto atrozes. Um crucifixo foi enfiado à força pela boca a dentro da mãe de dois jesuítas. Oitocentas pessoas foram atiradas para dentro de um poço de mina.” (citado por Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 286)
O facto de a perseguição espanhola ter sido alimentada e provocada pelos erros da Rússia é indiscutível; até alguns “agressores carregavam bandeiras vermelhas com o machado e a foice.” (Carroll, pág. 288)
Poderíamos ocupar páginas de exemplos dos bons a serem martirizados. Por exemplo, após a “reunificação” forçada da “Igreja” cismática com a Igreja Greco-Católica pela União Soviética em 1945, houve inúmeros católicos ucranianos mártires pela sua fé:
Cardeal Slipyi: “Em 11 de Abril de 1945, eu fui preso juntamente com todos os outros bispos. Menos de um ano depois, mais de 800 padres partilharam do mesmo destino. De 8 a 10 de Março de 1946 sucedeu-se o ilegítimo Sínodo de Lvov. Sob pressão ateísta, este proclamou a ‘reunificação,’ e precisamente por isto, a liquidação oficial da nossa Igreja foi efectuada à força bruta. Os bispos foram deportados para todos os cantos da União Soviética. Desde então poucos foram os que não padeceram ou foram mortos em cativeiro... mais de 1.400 padres e 800 religiosos, dezenas de milhares de fiéis foram presos em cativeiro, pelo sacrifícios das suas vidas, sua fidelidade ao Papa, à Sé Apostólica Romana e à Igreja Universal.” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 3, pág. 192)
É um facto que não precisa ser mais comprovado: os bons foram martirizados na União Soviética, nos seus satélites comunistas, e em outras nações, como a Espanha, onde os erros da Rússia provocaram perseguição sangrenta. As palavras de Nossa Senhora de que os bons serão martirizados, e que várias nações serão aniquiladas, já foram cumpridas.
Nossa Senhora: “Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.”
Irmã Lúcia ao Pe. Jongen em Fevereiro de 1946: “Penso que as palavras de Nossa Senhora estão a ser cumpridas: ‘Se isto não for feito (ela tinha acabado de relembrar ‘o exacto pedido’ da Bem-aventurada Santa Virgem) a Rússia espalhará os seus erros pelo mundo.’” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 3, pág. 123)
Alguns também perguntam: o que dizer das perseguições ao Santo Padre, o qual “terá muito que sofrer”? O que isto significa? Podemos encontrar a resposta na mensagem anteriormente mencionada de 1940 do Nosso Senhor à Irmã Lúcia:
Nosso Senhor à Irmã Lúcia, 22 de Outubro de 1940: “Eu punirei as nações pelos seus crimes por meios de guerra, fome e perseguições contra a minha Igreja, e isto irá pesar especialmente sobre o meu vigário na Terra. A Sua Santidade irá obter uma abreviação nestes dias de atribulação se ele tomar atenção aos meus desejos ao promulgar um acto de consagração do Mundo ao Coração Imaculado de Maria, com uma menção especial da Rússia.” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 732)
A perseguição contra a Igreja neste período — a tortura e martírio de padres e fiéis, a supressão da actividade eclesiástica — pesou como um incrível fardo e tormento nos ombros do Papa que sentiu-se responsável e, no entanto, impotente face tamanha tragédia. Com estes factos em mente podemos ver que os quatro aspectos da mensagem de Nossa Senhora — a difusão dos erros da Rússia, o martírio dos bons, a aniquilação das nações e os sofrimentos do Santo Padre — tiveram a sua aplicação neste período.
O que as pessoas falham em perceber é que o pedido da Nossa Senhora de consagração da Rússia foi feito neste mesmo contexto. A consagração e conversão da Rússia tinha a intenção de impedir as punições, tormentos e perseguições da Rússia mencionadas neste contexto. Em sintonia com Provérbios 16:7, e com o resumo da Irmã Lúcia sobre a visão de Tuy, a consagração e conversão significa converter o inimigo à paz dos seus modos persecutórios.
É por isso que a Nossa Senhora apareceu em Tuy em 1929 para pedir a consagração da Rússia. De facto, a Irmã Lúcia não mencionou uma palavra sequer sobre a Rússia antes de 1929. 1929 foi um período em que os horrores do Gulag de Stalin começaram a tornar-se conhecidos mundo a fora. Foi um período em que as perseguições da Rússia estavam prestes a atingir o seu ápice. 1929 foi pouco antes do início da política de Stalin conhecida por “deskulakização,” uma política imposta entre 1930 e 1934, que resultou na morte de milhares de camponeses agricultores. 1929 foi também pouco antes da indescritível fome imposta em 1933 por Stalin, que resultou na morte de milhões. Faz sentido que a Nossa Senhora retornasse para pedir a consagração da Rússia de forma a prevenir estas horríveis perseguições quando estas estavam, ou quase, no seu estado mais macabro. As contagens demográficas mais sérias apresentam pelo menos 15 milhões de vítimas sob as mãos da Rússia bolchevique de 1929-1933 (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 457).
É de suma importância que agora analisemos os efeitos dos erros da Rússia. Nós precisamos de ver mais de perto o que de facto foi o regime satânico comunista da Rússia para entendermos o contexto da mensagem de Nossa Senhora.
DE QUÊ A RÚSSIA FOI CONVERTIDA — FOTOS DO REGIME SATÂNICO NA RÚSSIA COMUNISTA
Em 1917, Lenin ordenou o encerramento de todas as igrejas católicas em Petrogrado (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 169).
Em 1918, Lenin ordenou a proibição de todos os jornais em Moscovo excepto aqueles publicados pelos comunistas. Isto estendeu-se pouco depois a qualquer publicação impressa, inclusive jornais periódicos, etc. (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 116).
“Em 1918, podia-se ler as seguintes palavras no órgão oficial do soviete de Petrogrado: ‘Tornaremos os nossos corações cruéis, duros, sem piedade. Abriremos as represas deste mar sangrento. Sem piedade, sem misericórdia, mataremos os nossos inimigos aos milhares. Iremos afogá-los em seu próprio sangue.” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 454)
Um decreto de 26 de Fevereiro de 1922 ordenou a confiscação de todos os bens da Igreja, inclusive objectos consagrados. Ao mesmo tempo — e isto num estágio bastante inicial dos horrores bolcheviques — o Cardeal Mercier publicou as primeiras estimativas da perseguição: “As estatísticas das vítimas da perseguição são assustadoras. Desde Novembro de 1917, 260.000 simples soldados prisioneiros e 54.000 oficiais; 18.000 proprietários de terras; 35.000 ‘intelectuais’; 192.000 trabalhadores; 815.000 camponeses; 28 bispos e 1.215 padres foram assassinados.” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 451)
As coisas estavam tão más na Rússia em 1922, que o papa Pio XI publicou a carta apostólica Annus Fere, ordenando uma colecta geral para o auxílio das pessoas que passavam fome na Rússia. Nesta carta, ele falou dos horrores que o povo russo padecia. Apesar de ele não ter denunciado o regime satânico comunista na Rússia directamente pelo seu nome, Pio XI falou da “extrema miséria do povo russo, que foi dizimado por doenças e fome, vítimas da maior calamidade da história...” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 565)
Logo após ter tomado controlo da Rússia, em 1919 Lenin estabeleceu o Gulag. O Gulag era uma rede de campos de concentração para os quais todos os “inimigos” do Estado poderiam ser enviados.
“Em Abril de 1919, seguindo as recomendações de Dzerzhinsky e com a aprovação de Lenin, o governo soviético ordenou o estabelecimento de uma rede de campos de concentração, pelo menos um por província, o primeiro do tipo na história, que serviu como modelo e inspiração a Hitler e os seus nazis, cujos campos de concentração posteriormente vieram a tornar-se infames como os do GULAG. Em 1923, o número desses campos de concentração chegou a 315.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 142)
É importante para nós ter alguma noção do que foram os horrores do Gulag. Para este propósito, citarei Warren H. Carroll que, por sua vez, baseia-se na célebre obra de Alexander Solzhenitsyn chamada O Arquipélago de Gulag.
“A fome levou a morte aos lares, ou para tão longe desses quanto um moribundo conseguisse andar. Os campos de trabalho levaram a morte para longe... Parece até presunçoso que alguém escreva sobre o Gulag depois de Alexander Solzhenitsyn. Ele esteve lá; ele transformou o tema Gulag em seu próprio; ele mudou o mundo e a história através daquilo que escreveu sobre este... O máximo que podemos fazer é selecionar, aqui e ali, do que Solzhenitsyn escreveu, e elaborar notas de rodapé — para proporcionar um pouco do sentido, do sabor, do som do vento infernal que soprava pelos campos de extermínio espalhados pelos vastos ermos.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 243)
Carroll então procede com a descrição do campo de trabalho de Orotukan:
“Podemos começar por Orotukan. A meio do segundo volume de O Arquipélago de Gulag, Solzhenitsyn conclui com uma breve descrição de Orotukan (o qual ele depois situa somente por referência ao rio Kolyma no extremo-norte da Sibéria) — cujos horrores soam-nos ser tão maus quanto, mas não piores que aqueles de muitos outros campos que ele descreveu — com esta singular e dura sentença: ‘Todos os que sobreviveram a Orotukan dizem que prefeririam a câmara de gás.’ Todos os que estiveram lá e sobreviveram, e falaram sobre isso, dizem que prefeririam a morte à sobrevivência... No extremo da cordilheira Chersky de Yakutsk, o rio Kolyma desaguava no Oceano Ártico. Este desaguava, isto é, durante o verão. No inverno era uma faixa de gelo, de cima a baixo; pois as redondezas da cordilheira Chersky são o ponto mais frio da Terra sem contar com o centro da Antártica... No Kolyma, a temperatura média de inverno é sessenta graus abaixo de zero. Setenta e cinco abaixo de zero é comum...
“Até Novembro, eles só tinham abrigos feitos de ramos para viver, e não lhes era dada nenhuma roupa para além da que tinham quando chegaram. Depois eram-lhes fornecidos casebres de madeira feitos de tábua única sem isolamento. Havia lareiras para o aquecimento, mas os trabalhadores tinham de cortar a sua própria lenha — sob trinta, quarenta e ou cinquenta graus negativos — após terem terminado o trabalho do dia. Estes, ainda em Magadan, eram os sortudos. Os menos afortunados eram enviados para iniciar a construção da estrada para Kolyma — a meio do inverno... Não havia casebres aí, apenas tendas e cabanas de ramos. Cães de patrulha impediam que escapassem. Alguns dos campos no caminho para Kolyma foram dizimados até ao último homem e cão — não apenas morreram todos os escravos trabalhadores, mas também todos os guardas...
“Assim que o gelo derreteu no Golfo de Okhotsk, mais barcos chegaram com mais ‘kulaks,’ sabotadores, demolidores, e outros tipos de gente indesejável ao país... Quando o gelo derreteu no fim da primavera de 1934, o Dhzurma finalmente chegou à foz do Kolyma. Todos os 12.000 prisioneiros a bordo estavam mortos. Praticamente toda tripulação sobreviveu. Mas no retorno para Vladivostok, metade deles tiveram de ser tratados por ‘desordem mental.’ O que será que eles viram?
“Orotukan foi construido como um campo de punição para aqueles trabalhadores em Kolyma que sobreviveram e provaram ser particularmente intratáveis. As condições em Orotukan, portanto, deveriam ser propositadamente piores do que as de qualquer outro campo da região. Solzhenitsyn diz-nos que cada cabana em Orotukan estava cercada em três lados por pilhas de corpos congelados. O grande total de mortos em Kolyma foi aproximadamente três milhões. A cada ano, morria um terço dos prisioneiros nos seus campos; quase nenhum lá sobrevivia mais de quatro anos seguidos. Pelo menos um homem morreu por cada quilograma de ouro extraído das minas de Kolyma...” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 243-245)
Carroll também descreve os campos de trabalho do Canal de Belomor:
“A mão-de-obra no Canal de Belomor chegou a cerca de 300.000 no seu pico, sem contar com o quase igualável número daqueles que morreram por excesso de trabalho, mal tratamento, subnutrição, ou doenças do campo, e que iam sendo substituídos à medida que caíam. A taxa de mortalidade era de setecentos por dia; porém, novos prisioneiros chegavam aos campos do Canal de Belomor numa média de mil e quinhentos por dia. O tempo médio de sobrevivência era de dois anos... D.P. Vitkovsky, ele próprio prisioneiro de Solovetsky e supervisor de trabalho no canal, descreve com calma e notável precisão as condições de trabalho e os seus resultados, até para aqueles que não eram internos do campo de trabalho:
‘No fim do dia de trabalho jaziam corpos abandonados no local de trabalho. O gelo tinha pulverizado as suas faces. Um deles encontrava-se curvado debaixo de um carrinho-de-mão virado ao contrário; ele tinha posto as suas mãos para dentro das mangas e morreu congelado nessa posição. Um deles congelou com a cabeça fletida entre os joelhos. Dois congelaram apoiando-se mutuamente de costas voltadas um para o outro. Eram jovens camponeses e os melhores trabalhadores que alguém poderia conceber. Eles eram enviados para o canal às dezenas de milhares, e as autoridades tentaram fazer as coisas de forma a que ninguém calhasse no mesmo sub-campo que o próprio pai; eles tentaram dividir famílias. E logo que chegavam eram-lhes dadas as normas sobre telhas e pedregulhos que não conseguiriam cumprir nem no verão. Ninguém os podia ensinar ou avisar coisa alguma; e na sua simplicidade de camponeses, eles despendiam toda a força no seu trabalho e enfraqueciam rapidamente morrendo congelados, aos pares. À noite, vinham os trenós e os recolhiam. E um som seco e forte ouvia-se à medida que os condutores atiravam os corpos para dentro dos trenós.
E no Verão, sobravam ossos de corpos que não foram removidos a tempo, e que, juntamente com as telhas, iam para dentro do misturador de concreto.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 248-249)
Para além das inúmeras pessoas que foram enviadas para os campos de trabalho e para outras regiões dentro da Rússia, a União Soviética deportou quantidades massivas de pessoas de outras nações que esta ocupava, de forma a preparar o caminho para a total dominação desses Estados. Pessoas da Polónia, dos Estados Bálticos, etc. eram deportadas e largadas em regiões onde tinham de subsistir por si mesmas, ou eram enviadas para os campos de trabalho. Isto resultou num atroz sofrimento e na morte de inúmeros católicos:
“Deportações massivas já tinham começado na Polónia soviética. Em Fevereiro de 1940 mais de duzentas mil pessoas, predominantemente famílias, foram transferidas para o norte da Rússia europeia, onde foram largadas em pequenas vilas ou aldeias pouco habitadas onde tinham de subsistir por si mesmas; em Abril, um número ainda elevado, cerca de 320 mil mulheres e crianças, cujos maridos e pais já tinham sido executados ou consignados aos campos de concentração, foram enviadas para os degredos do Cazaquistão onde a maioria das crianças morreram; em Junho, mais um quarto de milhão foi enviado para a Sibéria.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 318)
De 1930 a 1934, Stalin instituiu a política de “deskulakização.” Os lavradores que se opunham, ou que eram considerados como ameaças, às políticas comunistas de colectivização das fazendas eram taxados de “kulaks” e liquidados. Esta indescritível tragédia resultou na morte de 14.5 milhões:
“Quem foram estes ‘kulaks’?... Em Maio de 1929, o Conselho do Comissariado do Povo definiu formalmente ‘kulak’ como qualquer lavrador que lucrasse qualquer tipo de dinheiro com qualquer tipo de actividade que não a venda da produção agrícola dos seus próprios terrenos. Qualquer rendimento exterior, qualquer processamento de bens feito na fazenda (tal como o de um moinho manual) era suficiente para que o indivíduo fosse considerado um ‘kulak’. Quando a campanha de extermínio foi lançada em 1930, entre dez a quinze por cento dos pequenos lavradores em cada região foram arbitrariamente taxados de kulaks e liquidados. Se não houvesse o suficiente destes com um perfil que enquadrasse na definição de 1929, outros tinham de ser adicionados para completar a quota. Podiam ser escolhidos pelos níveis de rendimento, actual ou aparente; por liderança nas vilas locais... por oposição à colectivização forçada (uma razão particularmente comum para designar alguém como um kulak); ou simplesmente por serem cristãos devotos... Este foi o primeiro acto de um holocausto camponês de 1930 a 1934 que tirou a vida à dez milhões segundo as estimativas do próprio Stalin fornecidas ao presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt em Yalta, e uma estimativa de 14,5 milhões quando todas as vítimas, incluindo aquelas que foram enviadas para campos de trabalho e que morreram posteriormente, são tomadas em conta.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 224-225)
Segue-se o angustiante depoimento de Miron Dolot. Dolot presenciou deportações destes “kulaks” da cidade onde morava para os campos de trabalho e outras regiões:
“Um vento frio soprou neve nos desafortunados que não estavam vestidos adequadamente, pois não lhes fora permitido levar roupa quente com eles. Nós queríamos ajudar de alguma forma, e uma vez que podíamos assumir que seriam banidos para a Sibéria, nós tínhamos de conseguir para eles alguma roupa que fosse bem quente... Sob atenta supervisão dos soldados, uma grande quantidade de trenó foram movidos para o pátio. Tinham o propósito de tirar os camponeses detidos das suas vilas. O carregamento de seis a oito pessoas por vagão começou imediatamente, controlado através da utilização de uma lista... esposos foram separados de suas esposas e crianças de seus pais... Assim que um trenó moveu-se para unir-se a uma coluna, um jovem surgiu e correu em direcção a outro trenó no qual estavam a sua impotente esposa em lágrimas e as crianças. O pai obviamente queria estar com a sua família, mas não os alcançou. O camarada Pashchenko, presidente do soviete da vila que estava a supervisionar toda a acção, sacou o seu revólver e atirou calmamente. O jovem pai caiu morto na neve, e o trenó que transportava a sua viúva e órfãos continuou.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 227-228)
“Há relatos de ‘kulaks’ em comboios para o Cazaquistão ou Sibéria, trancados em carruagens que transportavam cinquenta cada uma, com um pedaço de pão e um balde de chá ou uma sopa pouco consistente para cada dez pessoas (e isso nos dias em que eram entregues), a rastejar com vermes, privados de agasalho no inverno, a sufocar no calor de verão, a atirar os bebés moribundos pela janela para pôr fim aos seus sofrimentos.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 228)
Em 1933, para deixar milhões à fome na Ucrânia, Stalin impôs as ridículas quotas de cereais nas fazendas colectivas. As quotas de cereais impostas por Moscovo eram impossíveis de se cumprir. Mas, numa tentativa de cumprir com as exigências de Moscovo, todo o cereal disponível na Ucrânia foi exportado. O resultado foi que milhões foram deixados sem comida, para que morressem à fome. De forma a encobrir este crime, Stalin acusou falsamente os ucranianos de acumulação de cereais.
“A fria e dura realidade da situação era esta: os lavradores ucranianos iam morrer; e os operativos comunistas temiam a morte, ser erradicados, ou os campos de trabalho se eles nãos os deixassem morrer. Eles sabiam que não havia cereal. Toda gente sabia. Mas ninguém se atrevia a dizê-lo... Entretanto, as pessoas comiam ratazanas, ratos, pardais, caracóis, formigas e minhocas, couro e solas de sapato, peles velhas e pelugens, ossos do chão, cascas de acácia e urtigas. Em Março, em muitas áreas, até a maioria dessas coisas tinha acabado, e não havia mesmo nada restante para comer. Um terrível silêncio invadiu as aldeias; não havia animais para fazer qualquer barulho e as pessoas ainda vivas raramente falavam. Victor Kravchenko, na altura um ativista do Partido enviado à Ucrânia, que posteriormente repudiou o comunismo e que conseguiu a sua liberdade escapando, relembrou o que vira:
‘Aqui vi pessoas a morrer na solidão vagarosamente, de formas horríveis, sem a desculpa do sacrifício por uma causa. Eles foram presos e abandonados à fome, cada um em sua própria casa, por uma decisão política tomada numa longínqua capital à volta de mesas de conferência e de banquete. Não havia sequer a consolação do inevitável para aliviar o horror. As vistas mais terrificantes eram as de crianças com os seus membros, que mais pareciam ser de esqueletos, como que pendessem de seus abdómenes semelhantes a balões. A fome retirou qualquer traço de juventude das suas faces, transformando-as em gárgulas torturadas; nos olhos somente ainda se mantinha qualquer rastro de infância. Por todo o lado encontravam-se mulheres e homens estendidos de bruços, as suas faces e barrigas inchadas, os seus olhos completamente sem expressão... Cerca de cinco milhões de ucranianos morreram nesta fome deliberada e genocida.’” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 240-241)
No ponto em que estamos, já conseguimos ver claramente o porquê de, em 13 de Julho de 1917, a Nossa Senhora ter mencionado perseguições de “guerra, de fome” e “à Igreja e ao Santo Padre,” e que “para a impedir virei pedir a consagração da Rússia...”
Estes factos deveriam mostrar-nos claramente o contexto no qual a Nossa Senhora pediu a consagração da Rússia, e como a conversão da Rússia significa a conversão deste regime à paz das suas perseguições de guerra, fome, da Igreja, etc.
ELE FARÁ A CONSAGRAÇÃO, MAS SERÁ “TARDE” — ENCAIXA-SE COM O PAPA PIO XII
É certo que o Papa Pio XI falhou em consagrar a Rússia ao Coração Imaculado de Maria. O Papa Pio XII também falhou em fazê-lo por muitos anos, mas (como já vimos) ele finalmente consagrou a Rússia em 1952.
Nosso Senhor à Irmã Lúcia, Verão de 1931: “Tal como o rei da França eles se arrependerão e a farão, mas essa será tarde. A Rússia já terá espalhado os seus erros pelo mundo provocando guerras e perseguições contra a Igreja: o Santo Padre terá muito o que sofrer.” (citado em Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pp. 543-544)
Papa Pio XII, Sacro vergente anno (Carta Apostólica), 7 de Julho de 1952: “... tal como a uns anos atrás Nós consagramos toda a raça humana ao Coração Imaculado da Virgem Maria, Mãe de Deus, assim hoje Nós consagramos e de uma forma mais especial confiamos todos os povos da Rússia a este Imaculado Coração...”
É evidente que, como a maioria dos comentadores concordam, as palavras de Nosso Senhor “eles se arrependerão e o farão” aplica-se à sucessão dos papas — assim como os papas referem-se a si mesmos como “Nós.” (“Eles” não pode referir-se ao conjunto do papa com a totalidade os bispos, pois todos os bispos não atrasaram o pedido e, logo, não precisam de se arrepender de o terem feito.)
Que o Papa Pio XII tenha sido quem consagrou a Rússia, embora “tarde,” faz todo o sentido.
Em primeiro lugar, o Papa Pio XII consagrou o mundo ao Coração Imaculado de Maria em 1942. Dez anos mais tarde, no entanto, ele se “arrependeu e fê-la” consagrando especificamente a Rússia.
Em segundo lugar, em 1939 a Rússia era ainda a única nação comunista na terra, mas na década seguinte a União Soviética dominou a Estónia, a Letónia e a Lituânia (1940), a Bulgária (1944), a Polónia (1945), a Roménia (1945) e a Hungria (1946). Talvez estes desenvolvimentos — para além do pedido específico — fez com que Pio XII “se arrependesse e a fizesse.” Logo, as palavras de Nosso Senhor de que a “Rússia já terá espalhado os seus erros pelo mundo provocando guerras e perseguições contra a Igreja” encaixa-se perfeitamente com Pio XII; pois o que o Céu queria prevenir pela Consagração da Rússia — a difusão do comunismo, a aniquilação por parte da União Soviética das nações e o martírio dos bons — já tinha, em grande extensão, acontecido quando ele a fez.
Em terceiro lugar, há um outro facto que também pode ser considerado como um sinal de que o Papa Pio XII (apesar de certamente a ter realizado tarde) seria aquele que iria consagrar a Rússia ao Coração Imaculado de Maria. Este sinal consiste na fantástica coincidência de que o Papa Pio XII foi consagrado bispo exactamente no dia (e, segundo o Frade Michel, exactamente na mesma hora) que a Nossa Senhora apareceu pela primeira vez em Fátima.
William Thomas Walsh, Nossa Senhora de Fátima, pág. 53, nota (1): “Coincidência interessante: Monsenhor Eugénio Pacelli [Pio XII] foi sagrado Bispo, na Capela Sixtina, em 13 de Maio de 1917, exactamente no mesmo dia em que, pela primeira vez, as crianças viram a Senhora de Fátima.”
Em quarto lugar, uma consideração atenta das palavras de Nossa Senhora revela que o cumprimento das consagração da Rússia não estaria em perfeita conformidade com o pedido original dos Céus: o que coincide com o facto de Pio XII a ter feito, embora “tarde” e não com todos os bispos.
AS PALAVRAS DE NOSSA SENHORA REVELAM QUE O SEU TRIUNFO NÃO É UM TRIUNFO UNIVERSAL OU UM REINO DE PAZ, MAS APENAS “ALGUM” TEMPO DE PAZ
“Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz...”
“... por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.”
Por favor note este ponto extremamente importante! No segredo de 13 de Julho, a Nossa Senhora expressa primeiramente uma promessa condicional. “Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz...” Se os seus pedidos forem cumpridos precisamente, ela diz que haverá “paz.” Mas quando fala do que irá mesmo acontecer “por fim,” ela acrescenta algo, e declara que haverá apenas “algum” tempo de paz!
Por que a Nossa Senhora acrescenta a palavra “algum” quando nos diz o que por fim iria mesmo acontecer, e não (à esquerda) quando diz-nos o que aconteceria se os seus pedidos fossem cumpridos precisamente? Obviamente, é porque o que iria acontecer com a consagração da Rússia não seria em perfeita conformidade com o seu pedido original! A consagração seria “tarde” e não com todos os bispos! Logo, como provam as palavras de Nossa Senhora, o triunfo de Nossa Senhora não é um triunfo universal ou um reino de paz, como tantos têm sugerido e promovido, mas antes “algum” tempo de paz — um período de paz atenuado e menos profundo do que aquele que os Céus teriam concedido se “eles tivessem atendido” aos seus pedidos e os houvessem cumprido meticulosamente. Isto é similar à mensagem de 19 de Agosto, quando Nossa Senhora disse às crianças: “Se vocês não tivessem sido levados [pelo administrador] à cidade [no dia 13 de Agosto], o milagre de 13 de Outubro teria sido maior.” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 1, pág. 235). Ela disse às crianças que a sua detenção em 13 de Agosto pelo maldoso administrador de Ourém, que preveniu-os de estarem presentes no local da aparição nesse dia, fez com que o milagre de 13 de Outubro fosse menos profundo do que poderia ter sido. Da mesma forma, o facto de o papa ter feito a consagração da Rússia “tarde” e não com todos os bispos fez com que a sua conversão à paz não fosse tão profunda como poderia ter sido — mas que apenas proporcionasse “algum” tempo de paz.
A CONVERSÃO DA RÚSSIA = A CONVERSÃO DO REGIME SATÂNICO NA RÚSSIA A ALGUM TEMPO DE PAZ DE SUA PERSEGUIÇÃO À IGREJA, ETC.
No presente artigo, vimos que as palavras de Nossa Senhora sobre a conversão da Rússia fazem um paralelo com Provérbios 16:7, que fala da conversão de um inimigo, não à verdadeira fé, mas à paz de seus modos persecutórios.
Provérbios, 16:7 - “Quando os caminhos do homem agradarem ao Senhor, até converterá à paz os seus inimigos.”
Nossa Senhora: “Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz.”
Vimos também que o resumo da visão de Tuy feito pela Irmã Lúcia confirma que isto era o que Nossa Senhora quis dizer com as suas palavras: “... por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.”
Irmã Lúcia ao Padre Gonçalves, resumindo a visão de Tuy: “O Bondoso Deus promete acabar com a perseguição na Rússia se o próprio Papa fizer um acto solene de reparação e de consagração da Rússia para os Corações Sagrados de Jesus e Maria assim como ordenar todos os Bispos da Igreja Católica a fazerem o mesmo.” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 465)
Nós também vimos que a Nossa Senhora pediu especificamente a consagração da Rússia para prevenir que essa nação provocasse guerras, perseguições à Igreja, etc.
“A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábados.”
Também vimos que os Céus revelaram que o cumprimento da consagração da Rússia não seria completamente de acordo com o seu pedido original.
Nosso Senhor à Irmã Lúcia, Verão de 1931: “Tal como o rei da França eles se arrependerão e a farão, mas essa será tarde. A Rússia já terá espalhado os seus erros pelo mundo provocando guerras e perseguições contra a Igreja: o Santo Padre terá muito o que sofrer.” (citado em Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pp. 543-544)
Vimos também que as palavras de Nossa Senhora sobre o triunfo sobre a Rússia não prometem um reino de paz universal ou ideal, como muitos têm sugerido, mas apenas algum tempo de paz — um tempo de uma paz inferior à que teria sido concedida caso os seus pedidos tivessem sido cumpridos meticulosamente.
“Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz...”
“... por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.”
Também vimos que o Papa Pio XII claramente consagrou a Rússia ao Coração Imaculado de Maria em 1952.
Papa Pio XII, Sacro vergente anno (Carta Apostólica), 7 de Julho de 1952: “... tal como a uns anos atrás Nós consagramos toda a raça humana ao Coração Imaculado da Virgem Maria, Mãe de Deus, assim hoje Nós consagramos e de uma forma mais especial confiamos todos os povos da Rússia a este Imaculado Coração...”
Vimos também que outra visão da Irmã Lúcia mostra que a conversão da Rússia significa uma conversão a algum tempo de paz da sua era de perseguição:
Nosso Senhor à Irmã Lúcia, 22 de Outubro de 1940: “Eu punirei as nações pelos seus crimes por meios de guerra, fome e perseguições contra a minha Igreja, e isto irá pesar especialmente sobre o meu vigário na Terra. A Sua Santidade irá obter uma abreviação nestes dias de atribulação se ele tomar atenção aos meus desejos ao promulgar um acto de consagração do Mundo ao Coração Imaculado de Maria, com uma menção especial da Rússia.” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 732)
Em conclusão, podemos responder à questão acerca da consagração da Rússia afirmando que é um facto que a Rússia foi consagrada ao Coração Imaculado de Maria pelo Papa Pio XII. É também um facto que a Rússia foi convertida a algum tempo de paz do seu regime de perseguição e de horrores, os quais a Nossa Senhora pretendia prevenir pedindo especificamente a consagração. A era das perseguições à Igreja na Rússia e nos seus países satélites — a era do Gulag, das fomes impostas, do martírio de padres, da aniquilação de pequenas nações anexadas à União Soviética, a ostensiva e vigorosa perseguição à Igreja, etc. — chegou formalmente a um fim com a dissolução da União Soviética — e o colapso dos seus satélites — no dia de Natal de 1991. Esta incrível transformação ocorreu no passar de uma única geração após a consagração da Rússia pelo Papa Pio XII em 1952. Abaixo seguem-se três diferentes fontes que corroboram o facto de que o colapso da União Soviética ocorreu oficialmente no Natal:
“Após a dissolução da União Soviética, em 25 de Dezembro de 1991, a Federação Russa reivindicou ser a sucessora legítima do estado Soviético no cenário internacional apesar da perca do seu estatuto de super-potência. A política exterior russa repudiou o Marxismo-Leninismo como um guia de acção, solicitando apoio ocidental para reformas capitalistas na Rússia pós-Soviética.” (https://web.archive.org/web/20070808145942/http:/en.wikipedia.org/wiki/Soviet_Union)
“... Gorbachev resignou formalmente o seu agora extinto cargo de Presidente da União Soviética em 25 de Dezembro, o dia da transferência oficial de todo o poder da União Soviética para a República Russa no Kremlin, solenizada pela mudança de bandeira ao cair da tarde. Esta mudança ocorreu às 19h35. Fora matéria de sonho para alguns, que imaginavam como esta poderia acontecer num longínquo dia de glória, mas nunca o esperariam tão cedo. Iluminada contra a escuridão, a bandeira vermelha com o martelo e a foice embateu e estalou ao sopro do vento Ártico. Durante 74 anos, esta sobrevoou o Kremlin, vívido e terrível símbolo da revolução suprema da qual o Kremlin fora a sede. Agora os seus dias eram findos. O mundo assistiu-o na televisão. As câmeras focaram-na. Sob o foco das câmeras, o tricolor da Rússia pré-revolucionária estava pronto para se erguer. Assim que o sangrento estandarte do apocalipse humano desceu abanando pelo mastro do Kremlin sob as estrelas radiantes da noite de Natal, a revolução comunista no ocidente morreu.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 778)
“Em 25 de Dezembro [1991], Gorbachev resignou a presidência da União Soviética e não foi substituído; no mesmo dia, os Estados Unidos reconheceram as restantes repúblicas da URSS como nações independentes.” ( https://www.answers.com/topic/union-of-soviet-socialist-republics )
Ora, há alguns que afirmam que o colapso da União Soviética e a queda dos seus satélites comunistas foi um plano dos comunistas para ludibriar o Ocidente. Os comunistas ainda dominam, dizem eles, mas simplesmente têm um governo ao estilo ocidental, que não persegue a Igreja, permite a liberdade, que aboliu o Gulag, etc., de forma a conseguir fundos do Ocidente. Isto é uma tremenda teoria da conspiração, mas é a posição de muitos, incluindo o ex-agente da KGB Anatoliy Golitsyn em The Perestroika Deception. Até aqueles que mantêm esta visão (o que não é o meu caso, como explicarei abaixo) ainda assim admitem (independentemente do porquê de pensarem que isto ocorreu na Rússia e em todos os seus satélites) que a era de perseguição da Igreja na Rússia e em todos os seus satélites já passou, o que prova o ponto. Como disse a Irmã Lúcia: “ O Bondoso Deus promete acabar com a perseguição na Rússia,” e isto aconteceu. Ademais, o cessar das perseguições na Rússia e em todos os seus satélites representa um triunfo significativo do Coração Imaculado de Nossa Senhora sobre o regime satânico russo, que estava preparado para, e que teria provavelmente (de acordo com a declaração da Irmã Lúcia a William Thomas Walsh), dominado todo o planeta se o regime russo não tivesse se convertido de antemão. Eu creio que é por isso que a dissolução oficial da União Soviética ocorreu no Natal; foi um sinal de que a conversão deste inimigo noutra coisa e a algum tempo de paz das suas perseguições, etc., foi um triunfo dos Céus. (E àqueles que não crêem que a conversão da Rússia a algum tempo de paz da sua era de perseguição é de alguma forma “boa o suficiente” ou “grande o suficiente” para ser aquilo a que a Nossa Senhora estava a referir-se, eu sugiro que releiam aquelas passagens sobre a situação na Rússia e nos seus satélites durante esse período, e se interroguem sobre o quanto teriam gostado de estar no campo de prisão Gulag em Orotukan, ou na Ucrânia durante a fome, ou de serem deportados da Lituânia para os degredos da Sibéria.)
Até um artigo publicado pelo próprio site do “Padre” Gruner é forçado a admitir que a União Soviética “converteu-se”!
Cornelia Ferreira, “Comentário sobre The Perestroika Deception por Anatoliy Golitsyn,” Catholic Family News, Março de 1996: “De forma a aumentar a representação e influência comunista na UN, na União Europeia e nas organizações financeiras internacionais, a União Soviética foi deliberadamente convertida em repúblicas independentes.” (também publicado em fatima.org, o site de Gruner.)
Eu não sei o que mais é preciso para provar que a Rússia (a União Soviética) foi “convertida” noutra coisa, conversão esta que resultou em algum tempo de paz das suas perseguições, etc., do que ver este facto a ser admitido em publicações como estas! São publicações que mais se oporiam à tese deste artigo, no entanto, até eles vêem-se compelidos a admitir que com a dissolução da União Soviética em 1991 uma “conversão” do regime aconteceu! Esta “conversão” que ocorreu na União Soviética, independentemente do que você pense sobre qual foi a sua causa, trouxe o fim a uma era particular de perseguição e às coisas que a Nossa Senhora tentou especificamente prevenir pedindo a consagração. Isto é um facto inegável.
É por isso que é irrelevante que pessoas como Nicholas Gruner e os seus seguidores toquem constantemente no ponto de que a Rússia está actualmente cheia de imoralidade, aborto, pornografia, etc. Isto é certamente verdade, mas fora de contexto. A Nossa Senhora nunca prometeu que a Rússia seria convertida numa boa nação ou numa nação católica, mas, ao invés, como demonstrado vezes sem conta neste artigo, ela falou da sua conversão no contexto de uma conversão dos modos persecutórios de um inimigo para um cessar dos seus modos persecutórios, tal como em Provérbios 16:7. Isto ocorreu. Experimente, por exemplo, perguntar a uma pessoa que viva actualmente na República Checa sobre a diferença entre os dias de hoje e os tempos do comunismo.
Em breve iremos analisar como as coisas mudaram em cada um dos satélites da União Soviética. Estes factos irão mostrar-nos que mesmo que as políticas de liberalização glasnost (abertura) e perestroika (reestruturação) — que foram adoptadas pela União Soviética na década de 80 — tenham sido uma farsa deliberadamente arquitetada pelos membros de grau elevado do Partido Comunista, o facto é que o plano voltou-se contra o planeador. Pois, a partir do momento em que estas ideias foram promovidas e postas de certo modo em prática, as pessoas que viviam no bloco comunista começaram a aderir a estas, e o momentum para a busca da liberdade da tirania comunista tornou-se implacável.
A QUEDA DOS SATÉLITES
A Queda da Polónia:
“Em 1956, o regime tornou-se mais liberal, livrando muitas pessoas da prisão e expandindo algumas liberdades individuais. Em 1970, o governo mudou. Era um período em que a economia estava mais moderna, e o governo tinha largos créditos. A desordem laboral em 1980 conduziu à formação de uma união comercial independente, “Solidariedade,” que com o tempo tornou-se uma força política. Esta levou o domínio do Partido Comunista às ruínas; em 1989 esta triunfou nas eleições parlamentares, e Lech Wałęsa, um candidato da Solidariedade, acabou por ganhar as eleições presidenciais em 1990. O movimento Solidariedade contribuiu grandemente para a queda do Comunismo por toda a Europa Oriental que se seguiu pouco tempo depois.” (https://en.wikipedia.org/w/index.php?title=Poland&oldid=109227709)
O que corrobora mais ainda que a Rússia estava a converter-se do seu regime satânico de perseguições a algum tempo de paz é o facto de que, assim que a Polónia começou a livrar-se do domínio comunista, a Rússia não enviou tanques para restaurar a ordem e reafirmar o domínio do Partido Comunista, como o fizera no passado; ao passo que na China, durante o mesmo período, quando protestadores pela democracia “saíram do controlo,” o governo do regime chinês enviou forças para restaurar a ordem através do Massacre da Praça Tiananmen.1
A Queda da Hungria:
“Depois, em Maio [1989] o governo húngaro com perspectivas reformadoras deu um passo sem precedentes para um país comunista. Este abriu as fronteiras nacionais com a Áustria. As barricadas de cimento e arame farpado que mantinham o povo húngaro dentro da sua terra oprimida... foram destruídas... Em 7 de Outubro, a conferência do Partido Comunista Húngaro votou 1,005 contra 159 pelo abandonamento da ideologia Leninista e renomeou-se Partido Socialista Húngaro. Alguns dias depois, o parlamento húngaro dispensou o nome comunista imposto ‘República Popular’ à sua nação... O parlamento alterou a sua constituição de forma a poder abarcar um sistema multi-partidário. A eleição directa de um presidente foi aprovada... no trigésimo terceiro aniversário da insurreição de 1956, em 23 de Outubro de 1989, a Hungria proclamou-se oficialmente livre da dominação Soviética. Eleições livres ao parlamento foram organizadas em Março e Abril de 1990. Apesar do grande número de partidos, os comunistas, com apenas oito por cento dos votos, ficaram em quarto lugar. O historiador Jozsef Antall, líder do Fórum Democrático, tornou-se primeiro-ministro de um governo de coligação e não-comunista em Maio de 1990.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 735-736)
A Queda da Alemanha Oriental:
“Pela rápida forma como o momentum de mudança estava a construir-se nos últimos quatro meses de 1989, parecia improvável para a maioria dos observadores que houvesse em breve qualquer alteração fundamental no estatuto da Alemanha Oriental comunista. A sabedoria convencional defendia que a União Soviética, até mesmo sob Gorbachev, não iria nem poderia deixar escapar esta grande parte da população e território do seu inimigo supremo de duas guerras mundiais, e certamente nunca permitiria a reunificação da Alemanha. O chefe da Alemanha Oriental, Erich Honecker, era o mais duro líder comunista à oeste da China... [ele] tinha governado o seu país artificial à mão-de-ferro durante os último dezoito anos. Ele esteve envolvido na construção do Muro de Berlim e deu muitas vezes ordens para ‘atirar a matar’ em qualquer um que tentasse atravessá-lo, por baixo ou por cima, ordens essas que tiraram as vidas de cerca de duzentos homens e mulheres que fugiam desesperadamente da sua tirania.
“Na capital de Honecker, o Muro de Berlim servia como uma constante lembrança de que viagens para o Ocidente eram proibidas a todos excepto a uma minoria oficialmente favorecida na Alemanha Oriental. Mas viagens a ‘fraternas nações socialistas’ eram permitidas. O problema, para Honecker, foi que no fim do Verão de 1989 duas dessas nações — Polónia e Hungria — estavam a deixar de ser fraternalmente socialistas. A Hungria, em particular, era o local de férias favorito dos alemães orientais que tinham capacidade financeira de o fazer. E a Hungria tinha agora uma fronteira aberta com a Áustria, para além da qual localizava-se a Alemanha Ocidental.
Em Agosto, a embaixada da Alemanha Ocidental em Budapeste [Hungria] foi cercada de pessoas pedindo a entrada na Alemanha Ocidental e assistência na obtenção de documentos que os permitisse deixar a Hungria legalmente. Em 11 de Setembro, cansado de lidar com esses problemas externos enquanto as suas próprias mudanças importantes estavam a realizar-se, o governo húngaro anunciou que todos os alemães de Este então presentes na Hungria, e qualquer um que o quisesse fazer no futuro, poderiam atravessar a fronteira austríaca sem restringimentos. Então o dilúvio para o exterior começou.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 736-737)
Paremos aqui e sumarizemos o ponto que está a ser feito. Sem permissão especial, viajar vindo de trás do outro lado da Cortina de Ferro era estritamente proibido durante o império da União Soviética. Mas viagens para satélites parceiros comunistas não eram proibidas. Logo, assim que a Polónia e (o que é mais significativo neste aspecto) a Hungria (dois satélites comunistas) livraram-se do domínio comunista (como vimos acima), surgiu um problema.
A Hungria tinha aberto as suas fronteiras com a Áustria, e os alemães de Este na Hungria emigraram em massa para o Oeste através da Áustria. Logo, se alguém quisesse escapar para a livre Alemanha Ocidental, tudo o que tinha de fazer era viajar para a Hungria, atravessar a (agora aberta) fronteira da Áustria, e ir para a Alemanha Ocidental. Podemos ver como esta situação não poderia continuar por muito tempo, e significaria o fim do aprisionamento de povos por parte do bloco comunista.
“As notícias disto difundiram-se rapidamente. A seguir à Hungria era a Checoslováquia, em particular Praga, o destino de viagem favorito para os alemães de Este. A Checoslováquia estava ainda sob firme controlo comunista. Mas os seus líderes conseguiam ler os jornais; eles não queriam estrangeiros a causar problemas em tal período. Após vários milhares de turistas da Alemanha de Este terem inundado a embaixada da Alemanha Ocidental em Praga e terem acampado à volta desta, exigindo a passagem para a Alemanha Ocidental, as autoridades checas informaram o ministro das relações exteriores da Alemanha Ocidental que os deixariam ir se Honecker concordasse. Num momento de fantasia que ultrapassa a explicação racional, Honecker concordou com a absurda condição de que os comboios que carregariam os refugiados passassem pela Alemanha Oriental, selados. Isto resultou em cenas de mais e mais pessoas nas cidades da Alemanha Oriental a tentarem desenfreadamente entrar nos comboios selados enquanto passavam — cerca de dez mil em Dresden somente.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 738)
Nem todos os alemães de Este que queriam fugir para o Ocidente conseguiam chegar à Hungria. Mas alguns deles conseguiram ir até a Checoslováquia. Vendo que outros de seu país oprimido tinham escapado da tirania comunista através da Hungria, eles cercaram a embaixada da Alemanha Ocidental na Checoslováquia comunista para que os deixassem ir, acampando do lado de fora. Não querendo ser incomodados por uma situação de refugiados, o governo da Checoslováquia concordou em deixá-los ir se Honecker (o líder comunista da Alemanha Oriental) concordasse. Por mais incrível que pareça, ele concordou — provavelmente para livrar os camaradas checoslovacos de problemas em ter de lidar com uma crise de refugiados. Nesta altura, eram tantos os alemães de Este que começaram a aproveitar-se disto, que Honecker baniu por completo qualquer viagem para a Checoslováquia. Isto foi fútil:
“Em 3 de Outubro [1989], Honecker baniu todas as viagens para a Checoslováquia através da Alemanha Oriental. Mas ele não tinha muro na fronteira Checa; era um fraterno Estado socialista.” (Warren H. Carroll, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 738)
Só podemos imaginar o entusiasmo nesta altura nos Estados satélites. Vendo que outros na Polónia e Hungria tinham sido liberados da dominação comunista, também eles encheram-se de esperança em libertarem-se da sua tirania. O ímpeto estava incontrolável. Grandes massas juntaram-se em Leipzig para protestar contra o governo comunista na Alemanha Oriental.
“As cerimónias de aniversário deram-se em 8 de Outubro... o dia seguinte era Segunda-Feira — oração e manifestação na Igreja de São Nicolau em Leipzig. E neste dia havia não menos que cinquenta mil pessoas presentes, como se tivessem surgido da terra poluída da Alemanha Oriental. Honecker previra o acontecimento. Ele reuniu uma grande força de polícia secreta, polícia comum e soldados em Leipzig e forneceu-lhes munição real, com a instrução de usar qualquer força necessária para acabar com o protesto. Surgiu uma nova Praça Tiananmen. Mas a ordem para atirar não apareceu... Mas ele [Honecker] recusou-se inflexivelmente a renunciar o uso de força letal contra as massas. Num encontro crítico do Politburo da Alemanha Oriental em 10 de Outubro, apenas dois membros apoiaram Honecker nesta decisão. Até mesmo leais comunistas empedernidos da velha guarda argumentaram contra a ‘solução chinesa.’ (...) Honecker enfureceu-se em vão. Três dias mais tarde ele publicou uma vaga e não-característica declaração prometendo reformas económicas, mais bens de consumo e direitos de viagem expandidos... Em 16 de Outubro, numa Segunda-feira, a quantidade de manifestantes em Leipzig triplicou para cento e cinquenta mil. No dia seguinte o Politburo da Alemanha Oriental reuniu-se novamente... A maioria dos outros membros do Politburo sabiam que o jogo tinha acabado. Não haveria auxílio da União Soviética...”
“Com as forças armadas da Alemanha Oriental, que nunca tinham dado um tiro por ira e não estavam nem nunca estiveram defendendo uma nação verdadeira, não se podia contar numa crise. Se as massas em Leipzig triplicaram para cento e cinquenta mil em uma semana, quantas mais poderiam lá estar na Segunda-Feira seguinte? Willi Stoph, o primeiro-ministro, de 75 anos de idade, fez o impossível. Stoph disse a Honecker que ele que tinha de renunciar. No dia seguinte ele fê-lo, alegando razões de doença... Se Honecker não conseguia manter o comunismo na Alemanha Oriental, ninguém mais conseguiria. O Partido, por tanto tempo e até recentemente tão omnipotente, desabou como um castelo de areia à chuva. Em 30 de Outubro, trezentas mil pessoas marcharam após as orações de Segunda-Feira em Leipzig; em 4 de Novembro, meio milhão manifestou-se pela liberdade em Berlim Oriental, exigindo limites ao poder do governo. Em 7 de Novembro, o governo inteiro da Alemanha Oriental resignou, e Honecker foi dispensado do Politburo...
“Dissolvidos no caos, alguns oficiais anónimos do governo emitiram uma declaração de que ‘viagens privadas para o exterior podem ser solicitadas sem cumprir requisitos.’ Ninguém sabia o que isso significava, inclusive provavelmente o oficial que o escreveu; porém, massas de pessoas que apareciam sobre o Muro de Berlim gritavam-na como um slogan, e os guardas de fronteira também não sabiam o que significava. No fim da tarde de 9 de Novembro, os agentes que os comandavam no Muro decidiram deixar passar as pessoas que faziam pressão. Por volta da meia-noite, centenas de milhares passavam pelos portões abertos, regozijando-se e celebrando vivamente, partindo pedaços do muro com martelos improvisados. Oficiais do governo abriram um grande buraco no muro na Potzdamer Platz. Em 11 de Novembro, não menos que um milhão de alemães de Este inundaram Berlim Ocidental a pé ou por qualquer outro meio de transporte... Ninguém mais tentava detê-los... Em 3 de Dezembro, o Politburo inteiro resignou e Honecker foi preso. O Partido [comunista] quase se auto-dissolveu completamente no local... a Alemanha Oriental encontrava-se agora sem futuro. No decorrer do ano de 1990, contrariamente a todas as anteriores expectativas e opiniões informadas, esta passou sem lamentos à história enquanto que a Alemanha foi completamente reunificada sem qualquer oposição significativa de ninguém, nem sequer do governo soviético.” (Warren H. Carrol, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 738-740)
A Queda da Checoslováquia:
“A queda do Muro de Berlim tocou o sino para o domínio comunista na Checoslováquia. Em 17 de Novembro, uma manifestação estudantil de dezassete mil na larga Praça Wenceslas em Praga exigiu a eliminação do ‘papel de líder’ do Partido Comunista Checoslovaco. As forças policiais agrediram alguns manifestantes, e a indignação pública escalou rapidamente... Em 20 de Novembro, duzentas mil pessoas lotaram a Praça Wenceslas de uma ponta a outra a pedir por uma mudança de governo gritando ‘É isso o que queríamos! Está na hora!’ Todos os dias havia manifestação na Praça Wenceslas; todos os dias crescia o já grande número. Em 22 de Novembro, mais de um quarto de milhão gritou ‘fora! fora!’ enquanto o nome dos ministros do governo comunista eram mencionados... Em 27 de Novembro, praticamente o país inteiro juntou-se num ataque geral de duas horas, e o governo... declarou que o Partido Comunista Checoslovaco iria abandonar o seu ‘papel de líder.’ Mas Adamec [o primeiro-ministro] não se moveu rápido o suficiente; o governo ainda largamente comunista que ele propôs foi rejeitado por Havel e pelo Fórum Cívico, e em 7 de Dezembro ele renunciou ao cargo de primeiro-ministro, seguido, dois dias mais tarde, pela renúncia do presidente Gustav Husak... Um novo governo não-comunista foi instituído, e milhões de Checos e Eslovacos celebraram.” (Warren H. Carrol, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 740-741)
A Queda da Bulgária:
“No dia em que o Muro de Berlim caiu, houve uma mudança na liderança comunista na Bulgária. Todor Zhikov, que governou este mui obediente satélite da União Soviética por não menos de trinta e cinco anos, abandonou o cargo sob a pressão da realização de uma reforma que ele não era capaz ou não queria empreender... Um mês depois, cinquenta mil pessoas manifestaram-se em Sofia, cidade anteriormente adormecida, exigindo a resignação do ‘papel de supremacia’ do Partido Comunista. Num imprudente momento de ira captada por um jornalista televisivo, que o destruiu politicamente quando foi revelada, Mladenov [que na altura liderava a Bulgária Comunista] murmurou ‘o melhor a fazer é enviar os tanques.’ No entanto ele não enviou tanque algum, e tal acção não foi sequer proposta seriamente nem por este duro governo que fornecera assassinos à KGB durante muitos anos. Um gentil, modesto filósofo chamado Zhelyu Zhelev criou a União Democrática, e em 12 de Dezembro, o Partido Comunista Búlgaro concordou em abandonar o seu monopólio de poder e na organização de eleições livres. Uma segunda ronda destas, em 1990, fez de Zhelev presidente.” (Warren H. Carrol, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 741-742)
A Queda da Roménia:
“Resistindo contra a maré de liberdade, sobrou o por muito tempo incontestado ditador da Roménia, Nicolae Ceaușescu, e a sua fria e maldosa esposa, Elena... A família Ceaușescu amava o poder com uma paixão ardente... Ele manteve a Roménia na pobreza enquanto construia enormes projectos vistosos... Havia polícia secreta por todo o lado, mantendo constante vigília em todos os que fossem minimamente suspeitos de dissidência. Todas as máquinas de escrever eram registadas na polícia secreta, juntamente com uma amostra da sua escrita, para que qualquer documento comprometedor pudesse ser rastreado até à máquina que o escreveu. Assassinos rastreavam as poucas pessoas proeminentes que conseguiam escapar do país com sucesso e matavam-nas. No dia 20 de Novembro, com a Polónia, a Hungria e a Alemanha Oriental libertadas e a Checoslováquia a caminho da libertação, Ceaușescu disse que jamais iria imitar essas nações em ‘bloquear o socialismo.’
Uma vez mais, tal como na Polónia e na Alemanha Oriental, a libertação de um país comunista começou numa igreja... O governo ordenara Tőkés a deixar a sua paróquia. Ele recusou-se a fazê-lo. No dia 15 de Dezembro, o prazo dado para o seu despejo, cerca de mil pessoas manifestaram-se inesperadamente a seu favor. No dia seguinte o número aumentou para cinco mil. Ceaușescu enviou as tropas. Os seus oficiais estavam relutantes em abrir fogo, mas Ceaușescu condenou-os pela sua indecisão e no dia 17 adoptou uma ‘solução chinesa.’ Cerca de cem pessoas foram mortas e milhares foram feridas.
As pessoas da cidade responderam com um ataque geral assim que o exército começou a retirar-se desta, ávido em pôr a cena de seus homicídios para trás das costas. Manifestações de simpatia começaram em outras cidades; Ceaușescu avisou que iria utilizar forças similares contra qualquer uma destas caso continuassem. No dia 21 de Dezembro ele saiu do palácio presidencial para dar um furioso discurso a uma multidão ao vivo em televisão nacional. Pela primeira vez em seus vinte e quatro anos de poder foi deparado com agitação punhos em riste, vaias, zombarias e gritos que exclamavam ‘Ceaușescu ditador!’ que duraram três minutos completos. Abismado, ele começou a acenar com as mãos, mas sem efeito. Elena sussurrou-lhe, ‘Fica calmo! Fica calmo!’ Então, os ecrãs da emissora televisiva nacional tornaram-se brancos. A multidão de pessoas cresceu para quinze mil durante o dia e foi finalmente dispersada pela polícia de segurança, que matou treze pessoas.
No dia seguinte, grandes multidões cercaram o prédio usado pelo Comité Central do Partido na Praça do Palácio em Bucareste. Ainda cheio daquela confiança, própria de um maníaco, Ceaușescu saiu para dirigir-se a eles. Mas alguém tinha desligado o microfone. Havia luta nas ruas; as pessoas estavam a entrar no prédio. Nicolae e Elena Ceaușescu entraram num helicóptero que os esperava mesmo à frente da multidão agressiva. O helicóptero pousou ainda longe do destino, por uma estrada aberta... Nicolae e Elena evacuaram e tentaram sinalizar para um caminhão que passava. Alguns minutos depois, eles foram presos. Muitos membros restantes do governo... repudiaram a sua estrutura comunista e pouco depois o seu nome comunista, culparam Ceaușescu por tudo e safaram-se com esta. O governo reconstituído desfez-se dos Ceaușescus em velocidade-relâmpago. No dia de Natal de 1989, eles foram conduzidos a um tribunal marcial, condenados, e executados.” (Warren H. Carrol, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 742-743)
E enquanto que a era de perseguições culminou oficialmente com a queda dos satélites (1989-1991) e com a dissolução da União Soviética (1991), os ares de mudança começaram muito mais cedo que isto. A morte de Stalin em 1953 foi um bom começo. Na verdade, Nikita Khrushchev denunciou Stalin e permitiu a publicação de um livro que expunha os horrores dos campos de trabalho Gulag:
“Discursando numa manifestação em Moscovo em 19 de Julho de 1963... Khrushchev desfez-se do seu texto preparado e fez o seu mais veemente ataque público a Stalin, chamando-o de um dos piores tiranos da história, que manteve-se no poder somente por via do ‘machado do carrasco’...” (Warren H. Carrol, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 529-530)
“... [em 1962] Khrushchev autorizou a publicação da curta novela de Alexander Solzhenitsyn chamada Um Dia na Vida de Ivan Denisovich, o primeiro relato explícito dos horrores dos campos de trabalho de Stalin a ser imprimido na União Soviética... Este acto de Khrushchev pode muito bem ter sido, do ponto de vista histórico, atrás em importância somente em relação à sua própria denúncia de Stalin. Pois a voz de Solzhenitsyn era uma voz que, uma vez ouvida, nenhum homem ou sistema poderia silenciar.” (Warren H. Carrol, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pág. 494)
“Para muitos no Partido, a permissão dada por Khrushchev para a publicação do livro de Solzhenitsyn foi um enorme erro que fez com que escritos subsequentes fossem inevitáveis e tivessem o potencial de pôr seriamente em risco o próprio regime.” (Warren H. Carrol, A Ascensão e Queda da Revolução Comunista, pp. 529-530)
Claro, Krushchev foi um maligno comunista que ameaçou guerra nuclear contra os Estados Unidos (a qual nunca chegou a acontecer), que disse ao mundo nas Nações Unidas que “iremos enterrar-vos,” e que quis lucrar politicamente da denúncia de Stalin. Mas o facto de que ele conseguiu sair impune da denúncia de Stalin e da permissão de publicação de um livro a expor o Gulag demonstrou como as coisas estavam começando a mudar dentro da União Soviética — como a era de perseguição estava a chegar ao fim — o que eventualmente levou ao colapso do regime em 1991.
Pergunta: Mas e a China e a Coreia do Norte que continuam a perseguir católicos tal como a Rússia sob Stalin, etc?
Resposta: A Nossa Senhora nunca prometeu que a China, etc., iriam converter-se; ela indicou que a Rússia seria convertida a algum tempo de paz. O facto de que o Papa Pio XII fê-la “tarde” é certamente o porquê de o comunismo ter conseguido se espalhar a estes outros países mesmo após a consagração, tal como a China, Coreia do Norte e Cuba. Como já foi dito, na mensagem de Fátima de 19 de Agosto, a Nossa Senhora disse às crianças: “Se vocês não tivessem sido levados [pelo administrador] à cidade [no dia 13 de Agosto], o milagre de 13 de Outubro teria sido maior.” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 1, pág. 235). Ela disse às crianças que a sua detenção em 13 de Agosto pelo perverso administrador de Ourém, que preveniu-os de estar presentes no local da aparição nesse dia, fez com que o milagre de 13 de Outubro fosse menos profundo poderia ter sido! Da mesma forma, o facto de o papa ter feito a consagração da Rússia “tarde” fez com que a sua conversão à paz não fosse tão profunda como poderia teria sido, ou seja, de forma tal que prevenisse a difusão do comunismo a estas outras nações. Deus e Nossa Senhora prometeram que a perseguição acabaria na Rússia, e obviamente incluíram as nações satélites da Rússia — tal como a Polónia, etc. — na promessa; pois estas eram, na realidade, apenas extensões do império soviético. E isto aconteceu.
Irmã Lúcia ao Padre Gonçalves, resumindo a visão de Tuy: “O Bondoso Deus promete acabar com a perseguição na Rússia se o próprio Papa fizer um acto solene de reparação e de consagração da Rússia para os Corações Sagrados de Jesus e Maria assim como ordenar todos os Bispos da Igreja Católica a fazerem o mesmo. O Santo Padre precisa então prometer que ao fim desta perseguição ele irá aprovar e recomendar a prática da devoção reparatória já descrita.” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 2, pág. 465)
ALGUMAS OBJECÇÕES RESTANTES
Pergunta: E a Irmã Lúcia? Se a consagração da Rússia realizada pelo Papa Pio XII em 1952 foi aceite pelos Céus, por que ela não o disse?
Resposta: Quanto a estas questões, a Irmã Lúcia sabia apenas aquilo que os Céus lhe revelava; ela não sabia aquilo que os Céus não lhe revelavam. É extremamente importante notar que, em 1947, quando questionada por William Thomas Walsh sobre a consagração do mundo do Papa Pio XII de 1942, a Irmã Lúcia nem sequer sabia se esta tinha sido suficiente!
William Thomas Walsh, Nossa Senhora de Fátima, pág. 198, nota (1): “Depois da minha volta de Portugal escrevi várias perguntas as quais S. Exa., o Bispo de Leiria teve a grande bondade de enviar à Irmã Dores [Irmã Lúcia]. A resposta, escrita em 17 de Fevereiro de 1947, chegou-me às mãos já estava pronta a primeira edição deste livro. (…) P. É sua opinião que o Papa e os Bispos consagrarão a Rússia ao Imaculado Coração somente depois que os leigos houverem cumprido sua tarefa de sacrifícios, terços, primeiros sábados, etc.? R. [Irmã Lúcia] O Santo Padre já consagrou a Rússia, incluindo-a na consagração do mundo, mas não foi na forma indicada por Nossa Senhora. Não sei se a Nossa Senhora a aceitou, feita desse modo e se realizou suas promessas. Orações e sacrifícios são sempre meios necessários para alcançar as graças e bênçãos de Deus.”
Isto foi em referência à consagração do mundo de 31 de Outubro de 1942 feita pelo Papa Pio XII! A Irmã Lúcia nem sequer sabia que esta não tinha cumprido com os pedidos dos Céus! Cinco anos depois, o Papa Pio XII deu um passo a frente e consagrou a Rússia ao Coração Imaculado de Maria. Então, como poderia alguém dizer que a consagração da Rússia definitivamente não foi aceite pelos Céus, quando a Irmã Lúcia nem sequer sabia se a sua consagração do mundo foi ou não aceite nos Céus? Isto serve para demonstrar-nos que a Irmã Lúcia só tinha conhecimento das coisas que os Céus lhe revelava, e que ela não sabia — mas estava apenas a especular sobre — coisas que não foram especificamente reveladas a ela. Por exemplo, ela sabia que várias nações seriam aniquiladas, como a Nossa Senhora lhe disse, mas ela não necessariamente sabia ao certo como a profecia teria o seu cumprimento.
Pergunta: O Padre Alonso, especialista em Fátima, não sustentava também que a Rússia seria convertida à fé católica?
Resposta: Sim, para além do “Padre” Gruner, o Padre Alonso foi provavelmente o maior defensor da ideia de que a consagração da Rússia irá converter a nação à fé católica, e que um reino universal de paz irá resultar — uma ideia que não tem fundamento nas palavras de Nossa Senhora. O que as pessoas precisam saber é que o Padre Alonso foi um herege liberal que 1) justificou a decisão de Paulo VI em não revelar o Terceiro Segredo; 2) condenou os tradicionalistas; 3) foi extremamente brando contra o inimigo número um de Fátima, Pe. Dhanis; e 4) concordou com o falso comunicado da diocese de Coimbra que rejeitou a entrevista da Irmã Lúcia com o Padre Fuentes em 1957.
Padre Alonso: “Uma inoportuna revelação do texto [por Paulo VI] iria apenas exasperar as duas tendências que continuam a dividir a Igreja: um tradicionalismo que crer-se-ia assistido pelas profecias de Fátima, e um progressismo que se chocaria contra essas aparições...” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 3, pág. 712)
Aqui vemos o Padre Alonso a condenar os tradicionalistas e a justificar Paulo VI por não ter revelado o Terceiro Segredo! Lembre-se, este é o homem que, para além de Gruner, é largamente responsável por promover a ideia (agora quase universalmente crida) de que a Rússia irá necessariamente se converter à fé católica resultando no triunfo universal de Nossa Senhora e em paz sobre a Terra.
Padre Alonso: “Deve ser apontado claramente que certas ‘revelações’ feitas pela imprensa acerca da Irmã Lúcia não podem ser atribuídas a ela, por exemplo, aquelas disseminadas pelo Padre Fuentes e pelo Padre Lombardi.” (Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 3, pág. 552)
Aqui vemos o Padre Alonso a concordar com o falso comunicado da diocese de Coimbra (mais acerca disto um pouco abaixo) que denunciou o Padre Fuentes como um fabricador. Logo, o facto de o Padre Alonso adoptar esta ou aquela posição ou ideia não prova nada. É muito interessante e infeliz que inúmeros escritores tenham adoptado a ideia de Alonso e Gruner sobre a conversão da Rússia e o triunfo de Nossa Senhora. E este tem sido um factor que muito contribuiu para o engano entre eles acerca da actual apostasia. Note como o seguinte escritor parece pôr toda a ênfase em “por fim...”
Mark Fellows, Fátima em Crepúsculo, pág. 334: “Maria deu-nos esta promessa: ‘Por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz.’ O Padre Alonso também escreveu, ‘O triunfo final do coração de Maria é certo e será definitivo...’
Nesse dia, a história irá de uma vez por todas ser posta em conformidade com a Vontade Divina. O castigo da apostasia irá cessar. Ao amanhecer, todos irão aperceber-se que o tenebroso pesadelo que estamos a viver não viciou as promessas de Cristo de que as portas do Inferno nunca conquistarão a Sua Igreja. Perfeita misericórdia virá a seguir à perfeita justiça. A Rússia será devotamente consagrada ao Coração Imaculado. A conversão desta nação torturada será estonteante, deslumbrante, enquanto a perfeita humildade do Imaculado irá afugentar o dragão vermelho e as suas bestas... Novas lendas irão surgir que semearão culturas com o propósito de basear a sociedade na Realeza de Cristo. Isto inspirará o renascimento da poesia e arte cristã. Os homens irão relembrar-se da realidade sobrenatural do Santo Sacrifício da Missa. Em trémula reverência, iremos uma vez mais prostrarmo-nos perante o Todo-Poderoso.”
Soa bem, não soa? O problema é que isto não tem qualquer fundamento nas palavras de Nossa Senhora, como já vimos. O triunfo de Nossa Senhora é um triunfo “por fim” (isto é, após a Rússia já ter espalhado os seus erros, aniquilando certas nações e martirizando os bons) sobre o regime satânico na Rússia convertendo-a a “algum” tempo de paz, como já demonstrámos. Não é um triunfo universal ou reino de paz, mas apenas “algum” tempo de paz.
Frère Michel de la Sainte Trinité, Toda a Verdade sobre Fátima, vol. 3, pp. 837-838: “No entanto, não nos enganemos. O Terceiro Segredo não pode anunciar o fim do mundo, que não virá antes do cumprimento da fantástica promessa que conclui o Segredo. Mas esta promessa de iminente triunfo do Coração Imaculado de Maria, que é tão consoladora e que gera tanto entusiasmo, uma promessa que deve ser pregada sem cessar, na época e fora de época, o Cardeal Ratzinger ignora...”
Note que o Frade Michel parece suster a mesma posição, pondo toda a ênfase na sua versão do triunfo de Nossa Senhora. Na página 845 do seu terceiro volume, o Frade Michel chega até a pôr as palavras de Nossa Senhora “por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz” depois das palavras “Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé etc.” As últimas palavras ditas por Nossa Senhora no segredo de 13 de Julho foram: “Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé etc.” As palavras “por fim o meu Imaculado Coração triunfará...” aparecem antes destas palavras porque elas fazem parte do segundo segredo, que lida com o período das perseguições da Rússia tratado neste artigo.
Pergunta: O que achas ser o significado das palavras: “Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé etc.” que aparecem mesmo antes do Terceiro Segredo?
Resposta: Uma vez que não temos a sentença completa, não podemos dizer ao certo, mas poderia ser: “Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé num remanescente de fiéis...” Ou: “Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé até a Grande Apostasia...” O Terceiro Segredo sem dúvida tem que ver com a apostasia da seita do Vaticano II.
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» Clique para ler a 2ª parte deste artigo: A Irmã Lúcia Impostora1 Também conhecido como “Massacre da Praça da Paz Celestial.”
Do Artigo: Toda a Verdade sobre a Conversão e a Consagração da Rússia, e a Irmã Lúcia Impostora
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Hernandes Moreira da Silva 2 anosLer mais...Obrigado por dizerem a verdade dos fatos.
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Gabriel 2 anosLer mais...Esta, sem dúvida alguma, é uma citação importantíssima. Ela demonstra que vossa posição sobre este ponto é exatamente a mesma de um Doutor da Igreja. Deus vos abençoe!
Gabriel 2 anosLer mais...Uau!
Adilio 2 anosLer mais...Abominação, cisma e Eresia. o que se poderia esperar de um demônio!!!
Hernandes Moreira da Silva 2 anosLer mais...Obrigada muito pela explicação detalhada! ;)
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