O Catecismo Atribuído a São Pio X

O Catecismo atribuído ao Papa São Pio X repete para nós o mesmo ensinamento de fide da Igreja Católica sobre a necessidade absoluta do baptismo de água para a salvação.

Catecismo do Papa São Pio X, Os Sacramentos, «Baptismo», Q. 567: «O Batismo é necessário para a salvação? O Batismo é absolutamente necessário para a salvação, porque o Senhor disse expressamente: “Quem não renascer na água e no Espírito Santo, não poderá entrar no reino dos céus”.»1

Logo, contrariamente à crença popular, aqueles que rejeitam «baptismo de desejo», na verdade, seguem o ensinamento do Catecismo atribuído ao Papa São Pio X no que toca a necessidade absoluta do baptismo de água. Eles não seguem, no entanto, o ensinamento falível do Catecismo quando este procede contradizendo esta verdade sobre a necessidade absoluta do baptismo de água para a salvação.

Catecismo do Papa São Pio X, Os Sacramentos, «Baptismo» Q. 568: «Pode suprir-se de alguma forma a falta do Batismo? Na falta do sacramento do Batismo pode supri-la o martírio, que se chama Batismo de sangue, ou um ato de perfeito amor a Deus, ou de contrição, juntamente com o desejo, pelo menos implícito, do Batismo, e isto é chamado de Batismo de desejo.»2

Isto é, uma vez mais, uma total contradição com o que é afirmado em Q. 567. Deve-se notar que este catecismo (que é por vezes chamado de Catecismo de Pio X) é na realidade chamado de Catechismo Della Dottrina Cristiana (1912). É um catecismo que os liberais e modernistas amam citar. Não foi infalível ou imposto universalmente. Um papa é infalível somente quando se pronuncia magistralmente. Este catecismo foi aprovado somente para o uso em Itália, e na verdade, contém uma heresia. Papas não são infalíveis ou imaculados quando aprovam obras gerais em capacidade não-infalível e não-universal. Por exemplo, diversos papas deram uma aprovação genérica à Summa Theologiae de São Tomás. Isto não significa que a Igreja acate o erro de São Tomás na Summa Theologiae sobre a Conceição Imaculada.

Ademais, pode-se provar que este catecismo não é infalível pelo facto de este ensinar a heresia abominável de que há salvação «fora» da Igreja (como demonstrarei)! Certas afirmações neste catecismo são, infelizmente, um exemplo da heresia que estava a penetrar antes do Vaticano II. Irei primeiro citar onde o catecismo afirma o dogma.

Catecismo do Papa São Pio X, Os Sacramentos, «Baptismo», Q. 170: «Pode alguém salvar-se fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana? Não. Fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana, ninguém pode salvar-se, como ninguém pôde salvar-se do dilúvio fora da arca de Noé, que era uma figura desta Igreja.»3

Aqui o Catecismo atribuído ao Papa São Pio X reafirma o dogma definido. Contudo, este prossegue negando este dogma logo duas questões a seguir!

Catecismo do Papa São Pio X, O Credo Apostólico, «A Igreja em Particular», Q. 172: «Mas quem se encontrasse, sem culpa sua, fora da Igreja, poderia salvar-se? Quem, encontrando-se sem culpa sua — quer dizer, em boa fé — fora da Igreja, tivesse recebido o batismo, ou tivesse desejo, ao menos implícito, de o receber e, além disso, procurasse sinceramente a verdade, e cumprisse a vontade de Deus da melhor maneira possível, ainda que separado do corpo da Igreja, estaria unido à alma dela, e portanto no caminho da salvação.»4

Aqui vemos este Catecismo falível a negar palavra por palavra o dogma Fora da Igreja Não Há Salvação! Este ensina que pode haver salvação «fora» da Igreja, o que nega directamente a verdade ensinada às pessoas em Q. 170. Esta afirmação é tão herética, de facto, que seria repudiada até pelos hereges mais astutos dos nossos dias, os quais sabem que não podem dizer que pessoas são salvas «fora», e, portanto, argumentam que os «não-católicos» não estão «fora», mas de algum modo «dentro». Portanto, até os hereges mais engenhosos que rejeitam o significado verdadeiro de Fora da Igreja Não Há Salvação teriam de admitir que a afirmação acima é herética!

Ademais, repare que o catecismo atribuído a São Pio X ensina a heresia que pessoas podem estar unidas à «Alma» da Igreja, enquanto que não estão unidas ao Corpo. Tal como já foi provado, a Igreja Católica é um Corpo Místico. Aqueles que não fazem parte do Corpo, não fazem parte de todo.

Papa Pio XI, Mortalium Animos (#10) 6 de Janeiro de 1928: «Pois, uma vez que o Corpo Místico de Cristo é um só, compacto e adequadamente conexo à semelhança do Seu corpo físico, seria tolice e absurdo afirmar que o Corpo Místico é composto de membros separados e desunidos: quem, portanto, não está unido ao Corpo não é Seu membro e nem está em comunhão com Cristo, Sua cabeça.»5

Esta discussão a respeito dos catecismos deveria demonstrar ao leitor o quão desenfreadamente tem sido perpetuada a negação do dogma Fora da Igreja Não Há Salvação e da necessidade do Baptismo de Água por meio de textos falíveis com imprimatur, e o porquê de esta negação ter sido assimilada hoje em dia por quase todos os que professam ser católicos. Tem sido perpetuada por documentos e textos falíveis que se contradizem entre si, que contradizem dogma definido, e que ensinam heresia, e que ― enquanto isso ― em outros lugares afirmam as verdades imutáveis da necessidade absoluta da Igreja Católica e do baptismo de água para a salvação. E é por isso que os católicos são obrigados a aderir ao dogma definido infalível, não a catecismos ou teólogos falíveis.

Papa Pio IX, Singulari Quadam: «Pois, em verdade, quando livres destes laços corpóreos, “O veremos como Ele é.” (1 João 3:2), entenderemos perfeitamente o quão estreito e belo é o nexo com que estão unidas a misericórdia e a justiça divinas; mas em enquanto estivermos na terra, sobrecarregados por esta massa mortal que embota a alma, mantenhamos firmemente, segundo a doutrina católica, que há “um só Senhor, uma só fé, um só baptismo” (Ef. 4:5): é ilícito indagar para além disto.»6

Papa Paulo III, Concílio de Trento, Sessão 7, cân. 5 sobre o Sacramento do Baptismo, ex cathedra: «Se alguém disser, que o baptismo [o sacramento] é livre, e não é necessário para a salvação (João 3:5): seja excomungado.»7

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Notas finais:

1 Catecismo Maior de São Pio X, Edição Eletrónica, atualizado de acordo com a edição de 1976, pág. 140.

2 Catecismo Maior de São Pio X, Pág. 140.

3 Catecismo Maior de São Pio X, pág. 56.

4 Catecismo Maior de São Pio X, pág. 56.

5 The Papal Encyclicals, por Claudia Carlen, Raleigh: The Pierian Press, 1990,Vol. 3 (1903-1939), pág. 317.

6 1647.

7 O Sacrossanto e Ecuménico Concílio de Trento, Oficina Patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1751, Tomo I, pág. 181.