Objecção ao Sedevacantismo: "É impossível que todos os cardeais reconheçam um antipapa."

por Ir. Miguel Dimond e Ir. Pedro Dimond

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12ª Objecção: Como poderia a Igreja inteira e todos os cardeais reconhecerem um antipapa, tal como no caso de João XXIII (1958-1963)?

Resposta: O Papa Paulo IV declarou que os católicos não podem aceitar um reclamante ao papado que seja herético, mesmo se obediência lhe fosse prestada por “todos”; o que demonstra que é possível que num determinado momento suceda que todos prestem obediência a um antipapa.

Papa Paulo IV, da Bula Cum ex apostolatus officio, 15 de Fevereiro de 1559: “6. Adicionamos, [por esta Nossa Constituição, que deve continuar válida pela perpetuidade, Nós promulgamos, determinamos, decretamos e definimos:] que se em dada altura, acontecesse que… o Pontífice Romano que antes da sua promoção a cardeal ou ascensão ao pontificado, houvesse se desviado da fé católica, ou caído em heresia...  (ii) não será possível que essa adquira validez (e de nenhum modo pode considerar-se que tal ascensão tenha adquirido validez), por aceitação do cargo, por sua consagração, ou pela subsequente possessão de governo e administração, ou pela suposta entronização do Pontífice Romano, ou veneração, ou pela obediência que todos lhe tenham prestado, quaisquer que tenha sido o período de tempo decorrido depois da situação anteriormente exposta;... ”

Mas já tivemos sim uma situação em que todos os cardeais reconheceram um antipapa! Tal como foi anteriormente tratado neste livro, durante o Grande Cisma do Ocidente, 15 dos 16 cardeais que haviam eleito o Papa Urbano VI deixaram de lhe prestar obediência argumentando que a multidão rebelde romana havia feito que a eleição não fosse canónica. O único cardeal que não repudiou o Papa Urbano VI foi o Cardeal Tebaldeschi, mas esse morreu pouco depois, em 7 de Setembro, deixando as coisas numa situação na qual nenhum dos cardeais da Igreja Católica reconheceram o verdadeiro papa, Urbano VI. Todos os cardeais consideraram a sua eleição como inválida.1

No séc. XII, o antipapa Anacleto II ― que reinou oito anos em Roma enquanto rivalizava com o verdadeiro papa, Inocêncio II ― ganhou o apoio da maioria dos cardeais, do bispo do Porto, do decano do Sacro Colégio, e de todo o povo de Roma.2

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1  Warren H. Carroll, A History of Christendom, vol. 3 (The Glory of Christendom), pp. 432-434.

2  The Catholic Encyclopedia, vol. 1, pág. 447.

Do livro: A Verdade sobre o que Realmente Aconteceu à Igreja Católica depois do Vaticano II