O que a Bíblia diz sobre Oração e Veneração aos Santos

Revelação 8:3-4 —«E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono. E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus.»

A Igreja Católica ensina que há um Deus, a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, três pessoas divinas num Deus. Jesus Cristo é a segunda pessoa da Santíssima Trindade, verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Somente Deus é adorado e cultuado. Este culto ou adoração, que é oferecido única e exclusivamente a Deus, é chamado de latria.

Os santos que estão no Céu não são adorados, mas venerados como mulheres e homens santos de Deus no Céu. A veneração prestada aos santos, que não é adoração, é chamada de dulia. A veneração dada à maior de entre todos os santos, a mãe de Deus, é chamada de hiperdulia. Hiperdulia também é uma forma de veneração, não de culto ou adoração. Tendo isto ficado esclarecido, analisemos o que ensina a Bíblia sobre veneração e oração aos santos, sobre como homens santos intercedem com Deus, sobre as relíquias de santos, e mais. Há várias coisas na Bíblia acerca deste assunto que você possivelmente desconhece.

Devemos considerar, em primeiro lugar, o que a Bíblia ensina sobre como homens santos intercedem com Deus.

A BÍBLIA ENSINA QUE HOMENS INTERCEDEM COM DEUS — MOISÉS TINHA UM PODER EXTRAORDINÁRIO DE INTERCESSÃO COM DEUS

Êxodo 32:9-14 — «Disse mais o Senhor a Moisés: Tenho visto a este povo, e eis que é povo de dura cerviz. Agora, pois, deixa-me, para que o meu furor se acenda contra ele, e o consuma; e eu farei de ti uma grande nação. Moisés, porém, suplicou ao Senhor seu Deus e disse: Ó Senhor, por que se acende o teu furor contra o teu povo, que tiraste da terra do Egito com grande força… Torna-te do furor da tua ira, e arrepende-te deste mal contra o teu povo. Lembra-te de Abraão, de Isaque, e de Israel, os teus servos… Então o Senhor arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo.»

A intercessão de Moisés para com Deus era tão grande que Deus até pediu a Moisés que O deixasse destruir os israelitas. Isto não deve ser entendido no sentido de que Deus Todo-Poderoso pode ser ou foi restringido por algum homem, mas no sentido de que Ele foi poderosamente convencido e influenciado pelo estreito relacionamento deste homem com Ele. Moisés implorou-Lhe que não os destruísse, e Deus cedeu por causa de Moisés. Como podemos ver, os homens não são todos semelhantes perante Deus. Os homens não têm todos o mesmo poder de intercessão. A intercessão de homens santos e extraordinários é poderosa e eficaz.

ABRAÃO TINHA UM EXTRAORDINÁRIO PODER DE INTERCESSÃO COM DEUS

Vemos outro exemplo disto no caso de Abraão:

Génesis 18:26-33 — «Então disse o Senhor: Se eu em Sodoma achar cinquenta justos dentro da cidade, pouparei a todo o lugar por amor deles. E respondeu Abraão dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza. Se porventura de cinquenta justos faltarem cinco, destruirás por aqueles cinco toda a cidade? E disse: Não a destruirei, se eu achar ali quarenta e cinco. E continuou ainda a falar-lhe, e disse: Se porventura se acharem ali quarenta? E disse: Não o farei por amor dos quarenta. [Por possuir uma poderosa intercessão com Deus, Abraão negociou com Ele até aos dez] Se porventura se acharem ali dez? E disse: Não a destruirei por amor dos dez. E retirou-se o Senhor, quando acabou de falar a Abraão; e Abraão tornou-se ao seu lugar.»

A BÍBLIA DIZ QUE ORAÇÕES DE UM HOMEM FARIAM QUE DEUS ACEITASSE PESSOAS QUE DE OUTRO MODO NÃO ACEITARIA

O próximo exemplo que iremos considerar é um em que a Bíblia diz que as orações de um homem fariam que Deus aceitasse pessoas que de outro modo não aceitaria.

Job 42:7-10 — «O Senhor‥ disse a Elifaz: O meu furor se acendeu contra ti e contra os teus dois amigos, porque vós não falastes de mim rectamente, como falou o meu servo Job. Tomai, pois, sete touros e sete carneiros, e ide ao meu servo Job. Oferecei um holocausto por vós; o meu servo Job orará por vós. Admitirei propício a sua intercessão para que se vos não impute esta estultícia… Foram pois… e fizeram como o Senhor lhes tinha dito… O Senhor também se deixou mover à vista da penitência de Job, quando orava pelos seus amigos…» (Bíblia católica)

O Senhor deixou-se mover à vista das orações e penitência de Job. A intercessão e as orações de homens santos obtêm graças e favores que o Senhor de outro modo não concederia. Deus disse que Ele daria esta graça à Elifaz se Job rezasse por ele.

DEUS DISSE QUE DARIA A VITÓRIA A ISRAEL SOMENTE SE MOISÉS (UM HOMEM) ERGUESSE AS SUAS MÃOS

Outro exemplo de intercessão de um homen santo encontra-se em Êxodo 17. Lemos que Israel saiu para lutar contra Amalec. Deus permitiu que Israel mantivesse a vantagem vitoriosa durante o confronto enquanto Moisés manteve as suas mãos erguidas. No entanto, se Moisés deixasse cair as mãos, Amalec superaria os israelistas.

Êxodo 17:11-13 — «E, quando Moisés tinha a mão levantada, Israel vencia, mas logo que a abaixava, Amalec triunfava. Mas como se fatigassem os braços de Moisés, puseram-lhe uma pedra por baixo e ele assentou-se nela, enquanto Aarão e Hur lhe sustentavam as mãos de cada lado: suas mãos puderam assim conservar-se levantadas até o pôr-do-sol, e Josué derrotou Amalec e seu povo ao fio da espada.»

Este é outro excelente exemplo de como Deus por vezes concede certas coisas somente mediante a intercessão de homens santos.

A AFIRMAÇÃO DO SENHOR SOBRE A INTERCESSÃO DE MOISÉS E SAMUEL

Jeremias 15:1 — «Disse-me, porém, o Senhor: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, não estaria a minha alma com este povo; lança-os de diante da minha face…»

Deus diz que mesmo se Moisés e Samuel se pusessem diante d'Ele, ele ainda assim rejeitaria aquele povo. Isto é bastante revelador. O povo descrito nesta passagem era tão mau que nem mesmo a poderosa intercessão dos grandes servos de Deus, Moisés e Samuel, poderia acalmar a ira de Deus contra eles. No entanto, isto demonstra-nos que a intercessão de servos extraordinários de Deus, tais como Moisés e Samuel — que haviam desenvolvido uma influência ou confiança especial com Ele — tem repercussões no modo com que Deus lida com pessoas e as vê, mesmo que neste caso em particular não tenha feito a diferença devido ao nível de malícia do povo. A intercessão de um homem santo ajuda a determinar o que Deus faz pelas pessoas e o que Ele faz a elas, como vimos no exemplo acima.

O QUE DIZER DE 1 TIMÓTEO 2:5 — JESUS É O ÚNICO MEDIADOR?

Antes de continuarmos a abordar mais evidências bíblicas para a veneração e intercessão dos santos, devemos considerar uma objecção. Uma das principais objecções levantadas por não-católicos à oração aos santos baseia-se em 1 Timóteo 2:5.

1 Timóteo 2:5 — «Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.»

Jesus é o único mediador entre Deus e o homem, dizem eles, portanto não se pode incluir santos ou orações a eles. Esta objecção é falsa por várias razões. Só porque Jesus é o únicos mediador, isto não significa que outros não sejam mediadores como partes da única mediação de Cristo. Por exemplo, em João 10:16, Jesus diz que Ele é o único pastor; mas Ele confia a Pedro a tarefa de apascentar as Suas ovelhas em João 21:15-17. Efésios 4:11 também ensina que há muitos pastores. O ponto aqui é que todos estes outros sub-pastores laboram através de e sob a instituição do único pastor, Jesus.

Outro exemplo é que Jesus diz que Ele é o juíz supremo. Podemos ler isto em João 9:39 e em muitas outras passagens. Certos homens de Deus, no entanto, também actuarão em Seu nome como juízes no Céu, até de anjos. Lemos isto em 1 Coríntios 6:2, Mateus 19:28 e outros. Sim, Jesus é o único mediador, porque é o único que une o homem a Deus. Somente Jesus efectuou esta união mediante a Sua paixão e morte. Podemos ler isto em 2 Coríntios 5:18. Mas isto não significa que dentro da mediação de Cristo não haja outros que participem na Sua mediação. De facto, a Bíblia ensina isso claramente.

SE VOCÊ NÃO PODE REZAR AOS SANTOS, ENTÃO TAMBÉM NÃO PODE PEDIR A OUTRAS PESSOAS QUE REZEM POR VOCÊ — PONTO FINAL

Se a singular mediação de Jesus excluísse orações a santos, então também excluiria a possibilidade de pedir a companheiros para que rezem por você. Não há volta a dar à lógica deste argumento. Pois, quando você pede ao próximo para rezar por você, ao invés de ir directamente a Jesus, está a pedir a uma outra pessoa que actue como mediador entre você e Jesus. Isto é o que os católicos fazem quando rezam aos santos. Logo, se a singular mediação de Jesus exclui orações a santos, então petições de oração a outras pessoas estão certamente de igual modo excluídas.

Para além do facto de a maioria dos protestantes aceitarem o conceito de pedir a outros para rezarem por eles — contradizendo assim a sua rejeição da oração aos santos —, há também o facto de no Novo Testamento, o próprio São Paulo pedir várias vezes por orações.

Romanos 15:30 — «E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus.»

Paulo também diz aos outros que está a rezar por eles.

Colossenses 1:3 — «… orando sempre por vós…»

Paulo diz até que as orações de outros lhe conferem graças.

2 Coríntios 1:11 — «Ajudando-nos também vós com orações por nós, para que pela mercê, que por muitas pessoas nos foi feita, por muitas também sejam dadas graças a nosso respeito.»

A BÍBLIA ENSINA QUE OS SOFRIMENTOS DE PAULO INTERCEDEM PARA OBTER GRAÇAS PARA O POVO

A Bíblia diz também o seguinte sobre os sofrimentos de Paulo:

Colossenses 1:24 — «Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja.»

Colossenses 1:24, versão da Sociedade Bíblica Britânica — «Agora me regozijo nos meus sofrimentos por vós, e da minha parte cumpro o que falta das aflições de Cristo na minha carne por seu corpo, que é a igreja»

Este versículo pode surpreender alguns não-católicos que não estão familiarizados com este. Paulo diz que ele cumpre, pela Igreja, aquelas coisas ainda não cumpridas ou que faltam nas aflições de Cristo. Ora, o sofrimento de Cristo foi perfeito e de valor infinito; portanto, o quê isto significa? O que São Paulo quer dizer é que muitos sacrifícios são ainda necessários para os membros da Igreja obrarem a salvação própria, que tornou-se possível pelo sacrifício de Cristo.

Ele está a ensinar que os sacrifícios e sofrimentos, para além das orações, podem interceder junto a Deus, de modo que Deus confira graças para a conversão ou para manter a fé. Essas pessoas ainda precisam de cooperar com as graças, no entanto, os esforços, orações e sacrifícios dos membros da Igreja podem ajudar a obtê-las. Tudo isto confirma o ensinamento católico da comunhão dos santos, e refuta a interpretação errónea protestante de 1 Timóteo 2:5.

ESTA VERDADE É FUNDADA NA UNIDADE DO CORPO DE CRISTO, QUE EXISTE APÓS A MORTE

O facto de pessoas poderem recorrer a outros para orações é fundado no ensinamento bíblico sobre a unidade do Corpo de Cristo. Há uma união entre os membros da Igreja de Jesus. Esta união não cessa quando os verdadeiros membros morrem.

São Paulo diz em Romanos 8:38 e seguintes que nem a morte nem a vida pode separar uma pessoa do amor de Cristo. Também não separam os verdadeiros fiéis que, quer no Céu quer na Terra, residem juntos no Corpo de Cristo.

1 Coríntios 12:12, 22 — «… todos os membros do corpo, embora muitos, constituem um só corpo… O olho não pode dizer à mão: Eu não preciso de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Eu não preciso de vós.»

A BÍBLIA DIZ QUE A SÚPLICA DO HOMEM JUSTO MUITO PODE

Tiago 5:16 — «Confessai os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serdes curados. Muito pode a súplica fervorosa do justo.»

É por isso que orações aos santos — que têm o propósito de solicitar-lhes orações a Deus por nós — são tão eficazes.

A BÍBLIA TAMBÉM ENSINA QUE HOMENS SANTOS FALECIDOS TAMBÉM INTERCEDEM

Em Mateus 17, vemos que quando Jesus se transfigurou perante três dos Seus apóstolos, Ele apareceu com Moisés e Elias.

Mateus 17:2-3 — «E [ele] transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol… E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.»

Isto demonstra que santos, mesmo após a morte, estão interessados em coisas que acontecem na Terra e estão prontos para interceder por nós. Pois, os espíritos aperfeiçoados dos homens justos, termo empregado em Hebreus 12 como referência aos santos, estão entre a nuvem de testemunhas juntamente com os anjos do Céu que nos auxiliam.

Hebreus 1:14 — «Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?»

Salmos 91:11 — «Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.»

O PROFETA SAMUEL, APÓS A MORTE, APARECEU DIANTE DO REI SAUL

Em 1 Samuel 28 (1 Reis 28 em algumas bíblias), vemos um claro exemplo de um santo morto a aparecer diante de um homem. Este era o profeta Samuel, que estava morto há já algum tempo. Ele apareceu diante do Rei Saul, e o repreendeu pela sua desobediência a Deus.

1 Samuel 28:12-20 — «Vendo, pois, a mulher a Samuel, gritou com alta voz… Samuel disse a Saul… Como tu não deste ouvidos à voz do Senhor, e não executaste o fervor da sua ira contra Amaleque, por isso o Senhor te fez hoje isto… E imediatamente Saul caiu estendido por terra, e grandemente temeu por causa daquelas palavras de Samuel.»

Tenha em mente que Samuel estivera morto há já algum tempo.

O LIVRO DA REVELAÇÃO (OU APOCALIPSE) DEMONSTRA-NOS COMO OS SANTOS INTERCEDEM NO CÉU PERANTE O ALTAR DE DEUS

O livro da Revelação ou Apocalipse também nos proporciona um vislumbre de como os santos e as suas orações intercedem pelos homens.

Revelação 8:3-4 — «E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono. E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus.»

Vemos outro exemplo no capítulo 5 do livro da Revelação.

Revelação 5:8 — «… anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos.»

EM REVELAÇÃO CAP. 6, MENCIONA-SE SANTOS MORTOS A PEDIREM QUE DEUS INTERVENHA NA TERRA

No capítulo 6, menciona-se santos mortos, que foram martirizados pela verdadeira fé de Jesus, a pedirem vingança pelo sangue deles.

Revelação 6:9-10 - «E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?

Repare que as almas destes mártires mortos clamam por debaixo do altar. Desde os tempos primitivos, a Igreja Católica tem observado a prática de pôr relíquias dos mártires debaixo dos altares. O facto de as vozes dos mártires virem de debaixo do altar — exactamente onde as suas relíquias estão localizadas nas igrejas católicas — é uma interessante confirmação bíblica do costume católico.

APÓS A SUA MORTE, UM SUMO SACERDOTE FOI VISTO A INTERCEDER PELOS JUDEUS

O próximo exemplo que iremos considerar é proveniente de 2 Macabeus cap. 15. Este foi um livro que os protestantes removeram quando se separaram da Igreja Católica. Os comentários na secção sobre o Purgatório demonstram que os livros dos Macabeus fazem parte do Antigo Testamento genuíno. Isto é comprovado pelo facto de haver no Novo Testamento citações da Septuaginta, que contêm os livros dos Macabeus e os outros que os protestantes rejeitam.

Esta passagem concerne a visão de Onias, um sumo sacerdote que tinha morrido.

2 Macabeus 15:12 — «Eis a visão que teve: Parecia-lhe que Onias, sumo sacerdote, que tinha sido homem de bem e afável, de feitio retraído, mas de modos delicados, distinto no falar, desde menino exercitado nas virtudes, orava de mãos estendidas por todo o povo judaico; depois disto, apareceu-lhe outro varão… Onias, apontando para ele, disse: Este é… Jeremias, profeta de Deus, que ora muito pelo povo e por toda a cidade santa. Depois Jeremias, estendendo a sua mão direita, deu a Judas uma espada de ouro…» (Bíblia católica)

Esta fascinante passagem (que foi removida da Bíblia protestante) relata a visão do sumo sacerdote falecido Onias. Após a sua morte, ele foi visto, de mãos estendidas, a interceder pelos judeus mediante as suas orações. Onias, além disso, apresenta o falecido profeta Jeremias, que dá a espada de ouro a Judas Macabeu. Não se deve confundir Judas Macabeu com o traidor do Novo Testamento, Judas Iscariotes. Esta passagem constitui, portanto, outro prova clara da intercessão de santos falecidos e da eficácia das suas orações.

TANTO MOISÉS QUANTO SAMUEL ESTAVAM MORTOS NA ALTURA INDICADA POR DEUS PARA QUE ELES PUDESSEM INTERCEDER

Citei anteriormente a seguinte passagem para demonstrar que homens intercedem com Deus.

Jeremias 15:1 — «Disse-me, porém, o Senhor: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, não estaria a minha alma com este povo; lança-os de diante da minha face…»

Deus diz que mesmo se Moisés e Samuel se pusessem diante d'Ele, ele ainda assim rejeitaria aquele povo. Isto demonstra como Deus considera o poder de intercessão dos santos, mesmo que neste caso em particular não O tenha influenciado. Cito aqui novamente está passagem porque é necessário mencionar que tanto Moisés quanto Samuel estavam mortos no tempo de Jeremias. Logo, Jeremias 15:1 também proporciona ensinamento bíblico sobre a intercessão de homens santos falecidos.

A RELEVÂNCIA E FREQUÊNCIA DE ANJOS NO PLANO DE DEUS

Como suporte adicional ao ensinamento bíblico sobre a intercessão dos santos, devemos considerar o ensinamento da Bíblia sobre a intercessão dos anjos.

1 Crónicas 21:18 (1 Paralipomenos 21:18 em algumas bíblias) — «Então o anjo do Senhor ordenou a Gade que dissesse a Davi…»

2 Reis 1:3 (4 Reis 1:3 em algumas bíblias) — «Mas o anjo do Senhor disse a Elias…Levanta-te, sobe para te encontrares com os mensageiros… e dize-lhes…»

Actos 8:26 — «E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul…»

Vemos, de uma ponta à outra da Bíblia, que Deus utiliza os Seus anjos. Há literalmente dezenas de passagens que poderiam ser citadas. Ele utiliza os Seus mensageiros para dar as Suas instruções, para executar a Sua justiça, e como resposta a orações.

DEUS RESPONDE A ORAÇÕES ATRAVÉS DOS SEUS ANJOS

Números 20:16 — «E clamamos ao Senhor, e ele ouviu a nossa voz, e mandou um anjo…»

Isaías 37:15-20, 36 — «E orou Ezequias ao Senhor, dizendo… Agora, pois, ó Senhor nosso Deus, livra-nos da sua mão… Então saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles…»

Deus responde a orações enviando os Seus anjos. Isto é evidente.

TAMBÉM OS ANJOS SÃO ALVO DE IMPLORAÇÕES, SÚPLICAS E ORAÇÕES

A comunicação e intercessão de anjos em nome de Deus é tão frequente, tão natural, tão intimamente relacionada com o plano de Deus, como demonstram dezenas de passagens, que os anjos são, não somente enviados por Deus, mas são também suplicados e rogados por homens. Os anjos são solicitados; são-lhes pedidas respostas e assistência para necessidades temporais e espirituais.

Juízes 6:12-13 — «O anjo do Senhor apareceu-Ihe e disse: O Senhor é contigo, valente herói. Gedeão disse-lhe: Se o Senhor é connosco, peço-te, senhor meu, (que me digas) por que nos aconteceram todas estas coisas?» (Bíblia católica)

Aqui vemos que Gedeão roga ao anjo. Isto significa que ele solicita algo do anjo; ele pede algo do anjo. No livro de Oseias, vemos que Jacob fez uma súplica a um anjo. Uma súplica é um pedido humilde ou sincero; é uma oração. Em algumas traduções, lê-se que Jacob rogou ao anjo. Rogar significa rezar.

Oseias 12:3-4 — «[Jacob] lutou com o anjo e ficou vencedor; chorou e suplicou-lhe…»

Portanto, a Bíblia ensina que anjos não somente transmitem mensagens de Deus, fazem valer a Sua justiça, são enviados em resposta a orações, mas também recebem eles mesmos orações. Isto é assim não porque os anjos são Deus, obviamente, mas por serem servos poderosos e sobrenaturais do Altíssimo que têm com Ele uma relação estreita no Céu. Eis outra passagem relevante:

Lucas 1:10-13 — «E toda a multidão do povo estava fora, orando, à hora do incenso. E um anjo do Senhor lhe apareceu… E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida…»

Vemos que o anjo ouviu a oração e respondeu. Após considerar estes factos e passagens, alguns não-católicos poderão dizer: certo, demonstraste que a Bíblia ensina que anjos respondem a orações, e que talvez até se possa rezar a eles. Isto, no entanto, refere-se a anjos, não a santos. Eu responderia pedindo que considerassem com atenção estas palavras de Jesus:

JESUS DIZ QUE SANTOS SERÃO COMO OS ANJOS DE DEUS

Mateus 22:29-30 — «Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus. Porque na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu.»

Jesus ensina que os santos de Deus no Céu são como os anjos. O que Jesus diz aqui não se aplica somente após a ressurreição final, mas aos santos que estão agora no Céu. Pois no mesmo capítulo, Jesus a seguir refere-se aos justos falecidos Abraão, Isaac e Jacob como homens vivos (Mateus 22:32). A versão desta passagem no Evangelho de Lucas realça esta verdade de um modo ainda mais claro.

Lucas 20:34-36 — «E, respondendo Jesus, disse-lhes: Os filhos deste mundo casam-se, e dão-se em casamento; Mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento; Porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.»

Portanto, os santos no Céu são como os anjos. Os anjos executam a justiça de Deus? Sim. Os anjos recebem orações, em nome de Deus, que são dirigidas ao Céu? Sim. Os anjos recebem súplicas e orações? Sim. Logo, os santos de Jesus fazem todas estas coisas.

Agora que vimos a ligação entre anjos e santos, é necessário considerarmos algumas outras coisas a esse respeito. A intercessão dos anjos em nome de Deus é extraordinariamente poderosa e eficaz. Anjos transmitem a mensagem de Deus com tamanha exactidão que, em muitas passagens, não é totalmente claro se quem fala são os anjos ou o próprio Deus. Em algumas descrições bíblicas, Deus e os anjos aparecem, como se fossem um, digamos assim, porque os anjos estão integralmente ao serviço do Altíssimo. Seguem-se somente três exemplos:

Zacarias 12:8 — «… a casa de Davi será como Deus, como o anjo do Senhor diante deles.»

Lucas 2:9 — «… o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor…»

Êxodo 3:2-4 — «E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça… E vendo o Senhor que [Moisés] se virava para ver, bradou Deus a ele…»

ANJOS NO CÉU (E, PORTANTO, OS SANTOS) ESTÃO INTIMAMENTE ENVOLVIDOS NA SALVAÇÃO DOS HOMENS, SOB JESUS CRISTO

Vemos a importância que Jesus dá ao testemunho dos anjos (e portanto também ao dos santos) na seguinte passagem.

Lucas 12:8-9 — «… todo aquele que me confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus.»

Para além da Sua confissão perante o Seu Pai (Mt. 10:32), Jesus considera a Sua confissão perante os anjos bastante importante.

Jesus também indica que os anjos estão intimamente envolvidos na, e preocupados com, a conversão e salvação dos homens. Veja o que Ele diz aqui:

Lucas 15:10 — «Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.»

Esta declaração de Jesus sugere que anjos têm uma conexão com, e uma influência sobre, a salvação dos homens. Ele alegram-se quando um homem converte-se porque desejam a sua salvação, e a intercessão deles auxilia a sua conversão. Eles saudam-no; eles ajudam-no; eles rezam por ele. É por isso que católicos compreendem a intercessão dos santos como algo de grande valor, assim como as orações a eles. Os Santos no Céu são como os anjos de Deus. Quando uma pessoa lhes dirige uma oração, eles, por sua vez, oram a Deus, o qual habitualmente confere as Suas graças em nome deles devido ao estreito relacionamento que estes têm com Ele.

A BÍBLIA ENSINA QUE ANJOS ESTÃO PRESENTES NAS ASSEMBLEIAS DOS FIÉIS, E QUE A SUA PRESENÇA MERECE HONRA

1 Coríntios 11:10 — «Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos.»

Esta passagem refere-se às coberturas de cabeça que as mulheres devem utilizar nos serviços de culto. Esta passagem diz que elas devem ter sobre a cabeça este sinal de poderio por causa dos anjos. Pense nisso. A passagem poderia dizer que a mulher deve utilizar a cobertura de cabeça por causa de Deus. Mas esta diz «por causa dos anjos», o que indica que veneração também a eles é devida. Por falar nisso, na Igreja Católica tradicional, as mulheres cobrem as suas cabeças durante a Missa. Esta tradição é derivada deste preceito bíblico.

A BÍBLIA DESCREVE SÃO JOÃO BAPTISTA COMO UM ANJO DE DEUS

Para completar o ponto e a comparação entre anjos e homens santos, devemos notar que Jesus descreve São João Baptista como o anjo profetizado para preparar o Seu caminho.

Mateus 11:10 — «Porque é este de quem está escrito: Eis que diante da tua face envio o meu anjo, que preparará diante de ti o teu caminho.»

João Baptista foi descrito como anjo de Deus [aggelon em grego] porque tanto os anjos quanto os santos actuam como mensageiros de Deus. Eles são uma via para as Suas instruções, para as Suas graças, e para as respostas vindas do Céu a orações.

HEBREUS 12: O CRISTÃO ENCONTRA-SE DIANTE DOS «ESPÍRITOS DOS JUSTOS APERFEIÇOADOS» (OS SANTOS NO CÉU)

Devemos agora tratar de Hebreus capítulo 12. É um capítulo bastante importante no que diz respeito a teste tópico. Em Hebreus 12, encontramos uma descrição da Igreja de Jesus Cristo e da sua majestade celeste. Repare que o cristão, ao comparecer diante daquilo que é a descrição celeste da Igreja, comparece diante dos espíritos dos homens justos aperfeiçoados (os santos). Repito: ele comparece diante dos espíritos dos homens justos aperfeiçoados: os santos no Céu. O cristão é alertado de que irá comparecer diante de tudo o que se segue:

Hebreus 12:22-25 — «Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; à universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juíz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; e a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel. Vede que não rejeiteis ao que fala.»

Os espíritos dos homens justos aperfeiçoados, os santos, estão no Céu. Vemos que eles são incluídos de modo eminente na descrição daqueles os quais o cristão comparece diante na visão da Igreja celestial. Isto confere ainda mais credibilidade ao facto de as orações que lhes são dirigidas, e a intercessão deles, terem fundamento bíblico e serem de tremendo valor. Isto é assim porque eles não retiram glória a Deus; pelo contrário, Deus é glorificado nos Seus santos.

DEUS É GLORIFICADO NOS SEUS SANTOS

2 Tessalonicenses 1:10 — «Quando vier [Jesus] para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem…»

Os santos não diminuem a glória de Deus; pelo contrário, ampliam-na. Eles realçam as coisas grandes e extraordinárias que Deus opera naqueles que O servem. Aqueles que estão mais próximos do Rei podem obter favores que nem sempre são concedidos àqueles que estão mais longe d'Ele, assim como em qualquer outra hierarquia, família, empresa, clube, etc. Esta é a verdadeira posição católica acerca do Céu.

A POSIÇÃO CATÓLICA ACERCA DO CÉU, QUE RECONHECE A INTERCESSÃO E O DEVIDO PAPEL DOS SANTOS, DÁ GLÓRIA PLENA A JESUS — A POSIÇÃO PROTESTANTE RETIRA-LHE GLÓRIA

Para usar uma analogia, a perspectiva católica do Céu é como a do palácio de um Rei onde há dezenas de níveis de servos e criados. Eles servem ao Rei, e dedicaram tudo a Ele. Para além de serem Seus servos, são também os Seus verdadeiros amigos. O seu gozo, as suas vidas de serviço, e os seus extraordinários exemplos fascinam cada um dos visitantes.

Cada um dos servos do Rei possui o seu próprio esplendor. Este foi-lhes dado em consequência das suas posições de honra no palácio. O Rei conferiu um pouco da Sua própria glória a cada um dos que estão com Ele, muito embora estas glórias individuais sejam infinitamente menores do que a Sua. A glória pessoal deles contribui para a glória do palácio como um todo. A glória profunda dos servos e amigos do Rei enche as pessoas de admiração. Como deve ser a singular glória do próprio Rei, ao qual todos estes indivíduos servem?

À medida que você visita mais partes do palácio e chega mais perto do Rei, a glória dos Seus amigos e servos aumenta. Tal como acontece na própria criação, em que a vívida disposição da obra de Deus é um deleite de se contemplar — contém vistas tão diversificadas, desde montanhas cobertas de neve a rios, selvas verdes, magníficos bosques —, no Céu, há uma imensa variedade de pessoas cada uma com uma história diferente, uma experiência diferente, um sacrifício diferente, um dom diferente, os quais foram todos utilizados integralmente para Deus, e que culminaram na felicidade perfeita no Céu. Esta fantástica variedade — esta brilhante ordenação das hostes celestes — inspira-nos a amar e admirar ainda mais Deus Todo-Poderoso. Esta é a visão católica do Céu e da hierarquia celeste. A glória dos santos claramente não diminui a glória de Deus; pelo contrário, engrandece-a. Como disse Maria:

Lucas 1:46 — «… A minha alma engrandece ao Senhor…»

A posição protestante é bastante diferente. É comparável a de um palácio habitado somente pelo Rei. Tem-se a impressão de que não há mais ninguém presente neste palácio. Qual Rei é mais glorioso? Qual imagem do reino celeste é a verdadeira? Qual é a bíblica? A resposta é que a Bíblia ensina a posição católica, a comunhão dos santos.

A BÍBLIA ENSINA A POSIÇÃO CATÓLICA ACERCA DO CÉU, DE JESUS E DOS SANTOS — NÃO ENSINA A POSIÇÃO PROTESTANTE

Daniel 7:10 — «Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões assistiam diante dele; assentou-se o juízo, e abriram-se os livros.»

Está passagem é surpreendente, não só por revelar o incrível poder do julgamento e presciência de Deus; mas também porque o extraordinário número de súbditos que O servem torna a imagem ainda mais cativante.

Mateus 25:31 — «E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória.»

Deus vem em companhia de, e é glorificado pelos Seus súbditos, Seus anjos e Seus santos.

Judas 1:14 — «… Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos.»

Como vemos, a posição católica é claramente a perspectiva correcta e bíblica do Rei celeste e da organização da hierarquia celeste.

A BÍBLIA ENSINA QUE SANTOS SÃO MODELOS DE IMITAÇÃO

Estabelecemos que a oração aos santos é bíblica. Por consideração à grande fidelidade destes a Cristo, a Bíblia também ensina que santos devem ser imitados e venerados.

1 Coríntios 4:16 — «[Paulo:]Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores.»

Por quê?

1 Coríntios 11:1 — «Sede meus imitadores, como também eu de Cristo.»

Na realidade, o verdadeiro cristão não segue homem algum. Este versículo, ao invés, expressa a ideia de que o cristão venera os santos, e tenta imitá-los nas suas admiráveis vidas espirituais e fidelidade ao Evangelho.

A BÍBLIA ENSINA QUE DEUS SALVOU 276 POR CAUSA DE PAULO

Santos são modelos de imitação porque obtêm tantas graças e tanto favorecimento de Cristo que as suas intercessões, pela graça de Jesus Cristo, podem literalmente salvar vidas e almas. Por exemplo, no capítulo 27 do livro dos Actos, lemos que Paulo encontrava-se num barco que seguia para a Itália. Uma grande tempestade ameaçou destruir o barco e matar todos os que estavam a bordo.

Actos 27:21-24 — «E, havendo já muito que não se comia, então Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse: Fora, na verdade, razoável, ó senhores, ter-me ouvido a mim e não partir de Creta, e assim evitariam este incômodo e esta perda. Mas agora vos admoesto a que tenhais bom ânimo, porque não se perderá a vida de nenhum de vós, mas somente o navio. Porque esta mesma noite o anjo de Deus, de quem eu sou, e a quem sirvo, esteve comigo, dizendo: Paulo, não temas; importa que sejas apresentado a César, e eis que Deus te deu todos quantos navegam contigo.»

O anjo disse-lhe que todos os homens seriam salvos por que Deus lhe havia dado todos. Pense nisso; demonstra o profundo poder de intercessão de homens santos. Deus salvou, no total, 276 homens por causa de Paulo.

A BÍBLIA ENSINA QUE SANTOS DEVEM SER DISTINGUIDOS COMO EXEMPLOS. É POR ISSO QUE A IGREJA CATÓLICA CANONIZA SANTOS

Filipenses 3:17 — «Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam.»

É por isso que a Igreja Católica canoniza santos, e os promove para imitação e veneração. De facto, a Bíblia faz exactamente isso — distingui-os como exemplos — com os campeões da fé no Antigo Testamento.

Tiago 5:10 — «Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor.»

Hebreus capítulo 11 percorre uma lista inteira de pessoas do Antigo Testamento exemplares na fé e dos seus actos, destacando-os para que sejam admirados e imitados. Hebreus 12:1 descreve estes santos como uma nuvem de testemunhas.

Hebreus 12:1 — «Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta…»

O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE AS RELÍQUIAS DOS SANTOS

A Bíblia também ensina que as relíquias destes homens santos são veneradas e podem ser miraglosas. Primeiro, em Mateus 9:20-22, vemos que a mulher que tocou as vestimentas de Jesus foi curada de uma hemorragia. Certamente que Jesus era Deus, não meramente um santo. Muitos não-católicos dirão que é superstição ou idolatria venerar relíquias de santos. Mas a Bíblia ensina o contrário.

OS LENÇOS E AVENTAIS DE PAULO ERAM MIRACULOSOS

Actos 19:11-12 — «E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias. De sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam.»

Paulo obteve não somente poderes miraculosos, mas até os lenços e aventais que ele tocava eram eficazes na operação de milagres. Vemos algo similar com São Pedro. Em Actos 9, São Pedro ressuscitou o morto. Em Actos 5:15, lemos que sua própria sombra era considerada eficaz para curas miraculosas.

A CAPA DE ELIAS DIVIDIU AS ÁGUAS DO RIO JORDÃO

No Antigo Testamento vemos o mesmo ensinamento bíblico sobre as relíquias dos santos. Em 2 Reis 2 (4 Reis 2 em algumas bíblias), vemos que a capa do profeta Elias dividiu miraculosamente o rio Jordão.

2 Reis 2:13-14 — «Também levantou a capa de Elias, que dele caíra; e, voltando-se, parou à margem do Jordão. E tomou a capa de Elias, que dele caíra, e feriu as águas… Quando feriu as águas elas se dividiram de um ao outro lado; e Eliseu passou.»

OS OSSOS DO PROFETA ELISEU RESSUSCITARAM UM HOMEM

Outro exemplo de relíquia miraculosa encontra-se em 2 Reis 13:21 (4 Reis 13:21 em algumas bíblias). Lemos que os ossos do profeta Eliseu eram tão poderosos que reviveram um homem.

2 Reis 13:21 — «E sucedeu que, enterrando eles um homem… lançaram o homem na sepultura de Eliseu; e, caindo nela o homem, e tocando os ossos de Eliseu, reviveu, e se levantou sobre os seus pés.»

Os ossos dos santos são a forma mais comum de relíquia utilizada por católicos. Longe de ser idolatria ou superstição, vemos que as relíquias católicas têm fundamento na prática e ensinamento bíblico.

A BÍBLIA SOBRE A VENERAÇÃO DE IMAGENS E ESTÁTUAS

Muitos protestantes rejeitam o uso de estátuas e imagens de santos. Eles acham que isso é idolatria e que é condenado pela Bíblia. No entanto, tal como vimos ao considerar a posição deles sobre a as relíquias dos santos, a posição deles sobre esta questão também não é correcta. Um dos principais versículos que eles gostam de citar é Deuteronómio 5:8.

Deuteronómio 5:8 — «Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.»

Eles dizem que esta passagem condena a confecção ou utilização de imagens de escultura. Mas este argumento falha por várias razões. Primeiro, se fossemos tomar esta passagem por si mesma e tal como eles a entendem, esta proibiria a confecção de qualquer objecto parecido com qualquer coisa na Terra. «[N]em semelhança alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.»

Isto significaria que uma pessoa não poderia ter uma imagem de um animal; pois tal imagem é semelhança de algo na Terra. Quase todos os protestantes, no entanto, rejeitariam esta interpretação da passagem, apesar de ser o que esta diz. A maioria dos protestantes não só aceitam imagens tais como as semelhantes de animais, mas também aceitam imagens e semelhanças de outros seres humanos. Eles levam consigo imagens de seus familiares. Isto é contrário a própria interpretação deles das palavras de Deuteronómio 5:8.

Ademais, muitos desses protestantes não têm qualquer problema até com a construção de estátuas de notáveis líderes militares ou outras figuras. De entre os poucos que de facto desaprovam tais estátuas, basicamente todos aceitam e utilizam objectos com imagens gravadas, tais como moedas. As moedas em seus bolsos têm imagens gravadas de homens. De acordo com a sua interpretação de Deuteronómio 5:8, eles estariam a cometer idolatria e a violar o mandamento de Deus ao guardar tais moedas e/ou a utilizá-las. O ponto aqui é que a interpretação deles da passagem é completamente errada. É por isso que têm de ser bastante selectivos na aplicação de Deuteronónio 5:8 e de passagens similares.

Então, a passagem realmente proibe a confecção de todas as esculturas? De modo algum, como veremos. Isto pode ser demonstrado pelo contexto da passagem — o versículo seguinte, em particular.

Deuteronómio 5:8-9 — «Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra; não te encurvarás a elas, nem as servirás…»

Não te encurvarás a elas, nem as servirás. Eis a chave. Isto é o que Deus está a proibir. Ele está a proibir a confecção de estátuas ou imagens com o objectivo de cultuá-las ou de cultuar criaturas, tais com animais, etc., uma prática que muitos judeus eram propensos a cair.

Católicos não cultuam estátuas ou imagens. Dizer o contrário é mentir. Católicos cultuam Deus somente. Imagens e estátuas servem como lembranças de pessoas santas e das obras que estas pessoas representam. E ainda há mais.

DEUS ORDENOU ESPECIFICAMENTE A CONFECÇÃO DE ESTÁTUAS RELIGIOSAS

Na Bíblia, Deus ordena especificamente a confecção e uso de estátuas para propósitos religiosos. O versículo que se segue deve destruir, de uma vez por todas, a falsa ideia de que a Bíblia condena a utilização de verdadeiras estátuas e imagens religiosas.

Êxodo 25:18-19 — «Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubim na extremidade de uma parte, e o outro querubim na extremidade da outra parte; de uma só peça com o propiciatório, fareis os querubins nas duas extremidades dele.»

Deus ordenou especificamente a confecção de duas estátuas de querubins. Querubins são anjos. Isto é suficiente para refutar a (falsa) ideia de que a confecção de estátuas ou de imagens gravadas é proibida. Tal ideia é uma total deturpação do ensinamento da Sagrada Escritura, que proibe esta práctica em referência ao culto idólatra a criaturas. Outras passagens na Bíblia onde vemos referências a ordens de Deus para a confecção de estátuas com propósito verdadeiramente religioso são: Êxodo 26:1, 1 Reis 6 ou 3 Reis 6 em algumas bíblias, e 1 Reis 7:25-36 ou 3 Reis 7.25-36 em algumas bíblias.

DEUS ORDENOU AOS ISRAELITAS A UTILIZAÇÃO DA IMAGEM DE UMA SERPENTE ARDENTE

Vemos também Deus a ordenar a utilização de imagens para a cura de pessoas — imagens as quais, numa primeira impressão, alguns achariam surpreendentes ou pior do que isso. Deus ordenou Moisés a fazer uma imagem de uma serpente com o objectivo de curar as pessoas que olhassem para ela.

Números 21:8 — «E disse o Senhor a Moisés: Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela.»

PROTESTANTES QUE CONDENAM A UTILIZAÇÃO DE ESTÁTUAS E IMAGENS PARTILHAM A SUA CRENÇA (ICONOCLASTA) COM OS MUÇULMANOS

Não-católicos que consideram a utilização de estátuas religiosas ou imagens uma prática idólatra, não somente condenam as passagens bíblicas que abordamos, mas, para além disso, partilham a sua crença com os muçulmanos. Os muçulmanos abominam tais estátuas e imagens. De facto, no século VIII, o Imperador Bizantino Leão III ficou desapontado com algumas derrotas militares dos cristãos contra os muçulmanos. Ele concluiu falsamente que estas derrotas foram consequência do desagrado de Deus para com as estátuas e imagens em igrejas cristãs. Tais imagens eram utilizadas por toda a Igreja Cristã (católica) desde os seus primórdios. Estas imagens e estátuas são utilizadas para elevar a mente a Deus, lembrar-nos Dele, da Sua santa Mãe e dos seus santos celestes. É por isso que Deus ordenou a confecção de tais imagens para serem postas no templo. Mas o Imperador Leão III empreendeu uma campanha para destruir estas imagens e removê-las das igrejas cristãs.

Os papas opuseram-se à esta heresia, que era conhecida como iconoclastia. Iconoclastia, que significa destruição de imagens, é uma heresia sustentada por muitos protestantes hoje em dia. Foi rejeitada como falsa pela Igreja Católica no Segundo Concílio de Niceia em 787. Este concílio católico primitivo — que é conhecido como o sétimo concílio ecuménico — é o último concílio católico aceite pelos «ortodoxos» orientais, pelos anglicanos, e por alguns protestantes.

A BÍBLIA REFUTA A OBJECÇÃO PROTESTANTE DE QUE CATÓLICOS CULTUAM ESTÁTUAS E IMAGENS POR AJOELHAREM-SE OU CURVAREM-SE PERANTE ESTAS ENQUANTO ORAM

Outra falsa ideia que precisa ser abordada é a de que católicos cultuam estátuas por às vezes ajoelharem-se ou inclinarem-se perante estas enquanto oram. Esta objecção é falsa, e é refutada pela Sagrada Escritura.

A postura ajoelhada — e até mesmo a postura estendida no chão — não implica necessariamente culto ou adoração. Em certos contextos religiosos e em algumas falsas religiões, estas posturas significam de facto isso; inclinar-se, ajoelhar-se, e até prostrar-se completamente, no entanto, podem ser meramente sinais de respeito, posturas de humildade.

Qualquer um que tenha lido o Antigo Testamento sabe que prostrar-se inclinado perante alguém não implica necessariamente culto. Lemos de uma ponta à outra do Antigo Testamento que figuras santas prostraram-se inclinados perante outros homens, não em sinal de adoração, mas em sinal de respeito e humildade. Por exemplo:

Génesis 33:3 — «E ele [Jacob] mesmo passou adiante deles e inclinou-se à terra sete vezes, até que chegou a seu irmão [Esaú].»

Jacob curvou-se completamente até ao chão sete vezes perante o seu irmão Esaú. Ele fê-lo em sinal de humildade. Este é o mesmo Jacob do qual Jesus diz em Lucas 13:28: «quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no reino de Deus…». Ele não era, obviamente, um idólatra.

Algo similar é dito de Abraão em Génesis 23:12.

Génesis 23:12 — «Então Abraão se inclinou diante da face do povo da terra…»

Lot inclinou-se com o rosto à terra com o intuito venerar os anjos que vieram.

Génesis 19:1 — «E vieram os dois anjos a Sodoma à tarde, e estava Ló assentado à porta de Sodoma; e vendo-os Ló, levantou-se ao seu encontro e inclinou-se com o rosto à terra.»

Há várias outras passagens semelhantes contidas nos livros dos Reis e Samuel.

2 Samuel 9:8 (2 Reis 9 em algumas bíblias) — «Então [Mefi-boset] se inclinou [perante David], e disse: Quem é teu servo, para teres olhado para um cão morto tal como eu?»

1 Samuel 24:8 (1 Reis 24 em algums bíblias) — «Depois também Davi se levantou… e gritou por detrás de Saul, dizendo: Rei, meu senhor! E, olhando Saul para trás, Davi se inclinou com o rosto em terra, e se prostrou.»

Outras passagens que demonstram que homens inclinaram-se, etc., perante outros homens, não de modo idólatra, mas meramente por humildade e respeito são Génesis 43:26, Rute 2:8-10, e outras. Isto é suficiente para refutar a falsa asserção de que católicos cultuam estátuas quando ajoelham-se ou inclinam-se para assumir uma postura humilde e respeitosa enquanto invocam a figura celeste a qual a estátua ou imagem representa.

A EVIDÊNCIA DE QUE É BÍBLICA A PRÁCTICA DE ORAÇÃO AOS SANTOS É IRREFUTÁVEL

Vimos em bastante detalhe que a Bíblia ensina a comunhão dos santos. Vimos que a oração aos santos é bíblica. Vimos que Jesus ensina que os santos no Céu são como os anjos. Vimos que santos falecidos e as sua orações intercedem pelos homens. Vimos que a práctica de manter relíquias e estátuas não é idólatra, mas fundada na Bíblia. Nada disto sugere que não se possa rezar directamente a Jesus.

Verdadeiros católicos rezam directamente a Jesus todos os dias, mas a oração aos santos e o invocar da sua intercessão são extremamente eficazes, poderosos, e frequentemente conferem graças de Jesus que Ele não estaria de outro modo inclinado a conceder. Tais prácticas são particularmente importantes e necessárias no caso da maior de entre todos os santos, a mãe de Jesus, a Santa Virgem Maria, o vaso através do qual Ele escolheu vir à Terra. A veneração e intercessão dos santos foi reconhecida desde os primórdios da Igreja cristã pelos Padres da Igreja.

SANTOS CATÓLICOS DIFUNDIRAM O EVANGELHO POR TODA A TERRA

Os milagres, os esforços missionários, as vidas dos santos católicos foram alguns dos mais importantes instrumentos da difusão do Evangelho por toda a Terra. Tudo o que os santos católicos são e fizeram é proveniente da graça de Jesus Cristo. Ao cooperarem com esta, conquistaram o mundo por Cristo, um mundo que está infelizmente a cair em apostasia e a abandonar o herança cristã católica que o definiu.

Foi o santo católico São Patrício que levou a fé de Jesus à Irlanda. Foi o santo católico São Bonifácio que levou o Evangelho à Alemanha. Foi o santo católico Santo Agostinho de Canterbúria que levou o Evangelho aos anglos, à Inglaterra. Foi o santo católico São Francisco Xavier que levou o Evangelho a maior parte da Ásia e ao extremo-oriente. Nos séculos XVI e XVII, foram os santos e missionários católicos, especialmente os jesuítas, que definitivamente levaram o Evangelho para a América do sul e para a do norte. Muitas destas terras eram habitadas por povos bárbaros e pagãos. Estes povos frequentemente torturavam e matavam estrangeiros e aqueles que consideravam inimigos. Ao levar-lhes o Evangelho, estes santos submeteram-se frequentemente a sofrimentos extraordinários e suportaram incríveis esforços. Aprenderam meticulosamente idiomas, costumes e culturas arcanas para poder ensinar à estas pessoas sobre Jesus Cristo e a Sua fé. Eles eram, por vezes, torturados barbaramente. Às vezes tinham de viajar sob condições quase inacreditáveis, suportando temperaturas abaixo de zero, sem roupa ou descanso adequado, ao longo de muitos quilómetros de neve cercados de regiões selvagens.

JESUS PREDISSE A CONTÍNUA TRADIÇÃO DE MILAGRES TESTEMUNHADOS NA VIDA DOS SANTOS CATÓLICOS

Esta conversão dos povos pagãos foi facilitada também pelos milagres que Jesus concedeu aos Seus santos. Há uma contínua tradição de milagres presente nas vidas dos santos católicos que se estende desde os primórdios da Igreja Católica. Esta realidade, que é fascinante de se ler na vida dos santos, foi predita por Jesus.

João 14:12 — «Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.»

A comunhão dos santos é bíblica. A oração e a veneração aos santos não diminuem a glória de Deus. Pelo contrário, inspiram-nos a centrar por completo as nossas vidas em Cristo com maior zelo e a fazer a Sua vontade, tal como eles fizeram. Ao longo de toda a história, a Igreja Católica manteve-se fiel ao ensinamento de Jesus e da Bíblia sobre os anjos e santos. Isto porque a Igreja Católica é a única verdadeira Igreja de Jesus Cristo.

---