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Baptismo de Sangue - Uma Tradição do Homem
por Ir. Pedro Dimond, O.S.B.
www.igrejacatolica.org » Clique para ler mais sobre as falsas doutrinas do baptismo de desejo e do baptismo de sangueUm pequeno número de Padres — aproximadamente oito entre centenas — são citados a favor daquilo que é chamado “baptismo de sangue,” a ideia de que um catecúmeno (isto é, alguém que se prepara para receber o Baptismo católico) que derrame o sangue por Cristo poderia salvar-se sem ter recebido o Baptismo.
É crucial notar que no princípio nenhum dos Padres consideravam como possível excepção à recepção do Sacramento do Baptismo a alguém que não catecúmeno; eles todos condenariam e rejeitariam como herética e alheia ao ensinamento de Cristo a heresia moderna da “ignorância invencível” que salva aqueles que morrem como não-católicos. Portanto, oito dos Padres são citados a favor do baptismo de sangue para catecúmenos. E, apenas um Padre entre centenas, Santo Agostinho, pode ser citado a ensinar claramente aquilo que é hoje em dia chamado de “baptismo de desejo”: a ideia de que um catecúmeno poderia salvar-se mediante seu desejo explícito pelo baptismo de água. Isto significa que, com excepção a Santo Agostinho, todos os poucos Padres que creram no baptismo de sangue, na verdade rejeitaram o conceito de baptismo de desejo. Consideremos, por exemplo, São Cirilo.
Aqui vemos que São Cirilo de Jerusalém cria no baptismo de sangue mas rejeitava o baptismo de desejo. São Fulgêncio expressou o mesmo.
Aqui vemos que São Fulgêncio cria no baptismo de sangue, mas rejeitava a ideia do baptismo de desejo. E o que é irónico e particularmente desonesto é que os apologistas do baptismo de desejo (como, por exemplo, os sacerdotes da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X) citam estes textos patrísticos (assim como os dois anteriores) em seus livros para provar o baptismo de desejo, sem fazer a ressalva aos seus leitores de que estas passagens na verdade negam o baptismo de desejo; pois podemos ver que São Fulgêncio, enquanto expressa a crença no baptismo de sangue, rejeita o baptismo de desejo, considerando apenas os mártires como possíveis excepções à necessidade da recepção do Baptismo para a salvação. (O que diria São Fulgêncio acerca da versão moderna da heresia do baptismo de desejo, também ensinada pelos sacerdotes da FSSPX, SSPV, CMRI, etc. pelo qual judeus, muçulmanos, hindús e pagãos podem salvar-se sem o Baptismo?).
Podemos ver que São Fulgêncio – assim como todos os outros Padres — teria condenado severamente os hereges modernos que defendem que aqueles que morrem não-católicos podem salvar-se.
Mas o mais interessante acerca disto é que no mesmo documento em que São Fulgêncio expressa o seu erro sobre o baptismo de sangue (já citado), ele comete um erro diferente e significativo.
São Fulgêncio disse “Creiam firmemente e não duvidem nunca” que os bebés que morrem sem o Baptismo serão “castigados no perpétuo tormento do fogo eterno.” Isto é incorrecto. As crianças que morrem sem o Baptismo vão para o Inferno, mas para um lugar no Inferno onde não há fogo (Papa Pio VI, Auctorem fidei).6 Portanto, São Fulgêncio, ao cometer um erro diferente no mesmo documento, demonstra que sua opinião em favor do baptismo de sangue é bastante falível. É deveras notável, de facto, que quase todas as vezes em que um Padre da Igreja ou outra pessoa expressa o seu erro sobre o baptismo de sangue ou o baptismo de desejo, essa mesma pessoa comete um outro erro significativo na mesma obra, como veremos.
Também é importante assinalar que alguns dos Padres utilizam o termo “baptismo de sangue” para descrever o martírio católico de alguém que já está baptizado, não para significar um possível substituto do baptismo de água. Este é o único uso legítimo do termo.
São João descreve aqui o martírio de um sacerdote, São Luciano, uma pessoa já baptizada. Ele não está a dizer que o martírio substitui o Baptismo. São João Damasceno o descreve da mesma maneira:
Isto é importante porque muitos estudiosos desonestos dos dias de hoje (tais como os sacerdotes da Fraternidade Sacerdotal São Pio X) distorcem o ensinamento neste ponto; eles citam uma passagem sobre o baptismo de sangue onde São João está simplesmente a falar do baptismo de sangue como um martírio católico de alguém que já tenha sido baptizado, e apresentam isto como se a pessoa estivesse a ensinar que o martírio pode substituir o Baptismo — quando tal coisa não é declarada em parte alguma.
Alguns podem perguntar-se sobre o porquê de o termo baptismo de sangue ter sido utilizado. Creio que a razão pela qual o termo “baptismo de sangue” foi utilizado por alguns dos Padres foi porque Nosso Senhor descreve a Sua Paixão como um baptismo em Marcos 10:38-39.
Vemos na passagem acima citada que Nosso Senhor, apesar de já baptizado por São João no Rio Jordão, refere-se a outro baptismo que Ele precisa receber. Este é o Seu martírio na cruz, e não um substituto do baptismo de água. É, digamos, o Seu “segundo baptismo,” não o primeiro. Portanto, Nosso Senhor descreve o baptismo de sangue da mesma forma que São João Damasceno: não para significar um substituto do baptismo para uma pessoa não-baptizada, mas um martírio católico, que reme toda a culpa e o castigo devido ao pecado.
O termo baptismo é utilizado de diversas maneiras nas Escrituras e pelos Padres da Igreja. Os baptismos: de água, de sangue, do espírito, de Moisés e de fogo são todos termos implementados pelos Padres da Igreja para caracterizar certas coisas, mas não necessariamente para dizer que um mártir não-baptizado pode alcançar a salvação. Leia o seguinte versículo das Escrituras no qual o termo baptismo é usado pelos antepassados do Antigo Testamento:
Creio que isto explica o porquê de alguns Padres terem errado em crerem que o baptismo de sangue supria o baptismo de água. Eles perceberam que Nosso Senhor referiu-se ao próprio martírio como um baptismo, e concluíram erroneamente que o martírio pela verdadeira fé pode servir como um substituto do renascimento pela água e pelo Espírito Santo. Mas a realidade é que não há excepções nas palavras de Nosso Senhor em João 3:5, tal como confirma o ensinamento infalível da Igreja Católica. Toda pessoa de boa vontade que esteja disposta a derramar o seu sangue pela verdadeira fé não será privada destas águas salvíficas. Não é o nosso sangue, mas é o sangue de Cristo na Cruz, a nós comunicado no Sacramento do Baptismo, que nos libera do estado de pecado e nos permite entrar no reino dos Céus (mais sobre isto adiante).
DUAS DAS DECLARACÕES MAIS ANTIGAS SOBRE O BAPTISMO DE SANGUE
Dos poucos Padres que podem ser citados a favor do baptismo de sangue como possível substituto do Baptismo real, duas das afirmações mais antigas que suportam a ideia foram feitas por São Cipriano e Tertuliano.
Examinemos esta passagem. Enquanto ensina o baptismo de sangue, note como São Cipriano comete um erro significativo na mesma sentença. Ele diz:
Isto é completamente errado, mesmo do ponto de vista dos defensores do baptismo de sangue e de desejo. Todos os defensores do baptismo de desejo e de sangue admitem prontamente que nenhum dos dois é um sacramento, porque não conferem o carácter indelével do Sacramento do Baptismo. Portanto, até os defensores mais convictos do baptismo de sangue admitiriam que as palavras de São Cipriano aqui estão erradas. Portanto, na própria SENTENÇA em que São Cipriano ensina o erro do baptismo de sangue, ele comete um erro significativo ao explicá-lo — chama-o de “Sacramento do Baptismo.” O que mais será necessário para demonstrar aos liberais que o ensinamento individual dos Padres não é infalível, não representa a Tradição universal e que pode ser até perigoso, se mantido obstinadamente? Por que razão citam tais passagens erróneas para tentar “ensinar” os fiéis quando nem sequer estão de acordo com elas?
Além do mais, os erros de São Cipriano neste mesmo documento (a Jubaianus) não param por aqui! No mesmo documento, São Cipriano ensina que os hereges não podem administrar validamente o Baptismo.
Também isto é completamente erróneo posto que o Concílio de Trento definiu que hereges, contanto que observem a matéria e a forma correcta, conferem validamente o Baptismo. E, no entanto, São Cipriano de facto defendia que era de Tradição Apostólica que hereges não podem conferir baptismo válido! E esta falsa ideia foi rejeitada pelo Papa Santo Estevão (papa na altura), e mais tarde condenada pela Igreja Católica. E ainda dizem que a carta de São Cipriano a Jubaianus é uma fidedigna representação da Tradição apostólica! De facto, São Cipriano e outros trinta bispos declararam num concílio regional, em 254 d.C.:
Isto demonstra uma vez mais o ponto: Jesus Cristo conferiu infalibilidade somente a São Pedro e aos seus sucessores (os papas).
Jesus Cristo não deu uma fé indefectível aos bispos, aos teólogos nem aos Padres da Igreja; Ele só a prometeu a Pedro e aos seus sucessores quando, desde a Cátedra de Pedro, propõem uma doutrina que deve ser crida como divinamente revelada por todos os fiéis.
Outro Padre primitivo que é frequentemente citado a favor do baptismo de sangue é Tertuliano. Sua declaração é a mais antiga das que se tem registo do ensinamento do baptismo de sangue.
Mas, adivinha? Na mesma obra em que Tertuliano expressa a sua opinião a favor do baptismo de sangue, ele também comete um erro diferente e significativo. Ele diz que os bebés não devem ser baptizados até que se tornem adultos!
Isto contradiz a tradição católica universal, recebida dos Apóstolos, e os ensinamentos infalíveis posteriores dos papas de que as crianças devem ser baptizadas o mais cedo possível.
Mas para além disso, na mesma obra sobre o Baptismo, Tertuliano afirma o ensinamento universal da Tradição sobre a necessidade absoluta do Baptismo em água, o que contradiz o conceito de baptismo de sangue.
Portanto, aqueles que pensam que o baptismo de sangue é um ensinamento da Igreja Católica simplesmente porque este erro foi ensinado por alguns Padres, estão simplesmente enganados. Tantos ou mais Padres declararam que as crianças não-baptizadas sofrem o fogo do Inferno e que os hereges não podem baptizar validamente. A teoria do baptismo de sangue não foi mantida universal ou constantemente na tradição católica e nunca foi ensinada ou mencionada por algum papa, concílio ou em qualquer encíclica papal.
SANTOS NÃO-BAPTIZADOS?
Uma das maiores objeções por parte dos defensores do baptismo de desejo/sangue é a afirmação de que a Igreja Católica reconhece santos que nunca receberam o Sacramento do Baptismo. A resposta a isto é que a Igreja Católica nunca reconheceu que há santos no Céu que não tenham sido baptizados. Alguns historiadores escreveram relatos das vidas de certos santos que contam que esses morreram sem o Baptismo de água — pelo “baptismo de sangue”; mas as asserções desses historiadores não provam nada.
Nem toda a informação acerca da morte dos mártires é exacta. Por exemplo, “Segundo Santo Ambrósio, Prudêncio e o Padre Butler, Santa Inês foi decapitada. Outros disseram que ela [Santa Inês] foi queimada. Onde queremos chegar é que nem todos os pontos na narrativa do martírio são necessariamente exactos, consistentes, ou completos.”18
O Papa São Gelásio diz aqui que os actos ou feitos registados dos mártires são incertos. Seus autores são desconhecidos, os relatos podem conter erros e nem sequer eram lidos na santa Igreja Romana para que se evitasse possível escândalo ou zombaria que pudesse derivar de qualquer afirmação falsa contida neles. De facto, na sua obra The Age of Martyrs [A Idade dos Mártires], o renomeado historiador da Igreja, Abade Giuseppe Ricciotti, disse: “Temos documentos apropriados como guias. Estes, contudo, como já vimos, são muitas vezes inexactos e podem enganar-nos completamente. Pouco fiáveis são especialmente os Actos e Paixões dos mártires.”20 O ensinamento infalível da Igreja Católica, por outro lado, é absolutamente confiável, e nunca afirmou que as almas podem salvar-se pelo “baptismo de sangue” sem o Sacramento do Baptismo. Em suma, não há portanto qualquer prova de que algum santo mártir da fé católica nunca tenha recebido o Sacramento do Baptismo.
OS QUARENTA MÁRTIRES DE SEBASTE
Um exemplo de como os defensores do baptismo de sangue erram nesta questão é quando afirmam que o quadragésimo mártir de Sebaste não era baptizado. Eles dizem que não estava baptizado, mas que se uniu aos outros trinta e nove mártires e morreu por Cristo congelado no lago. O facto é que não há provas de que o quadragésimo mártir de Sebaste não era baptizado, cuja identidade se desconhece. Os relatos da história revelam que ele “exclamou gritando que era cristão,” provavelmente porque já era um católico baptizado e foi impulsionado ao martírio pelo exemplo dos outros trinta e nove. Além do mais, no Martirológio Romano, sob a data de 9 de Setembro, lê-se:
O certo é que Severiano não foi o quadragésimo mártir (baseando-se nas datas e circunstâncias de sua morte), porém, vemos neste relato que outras pessoas e soldados podiam visitar os quarenta na prisão. Portanto, os quarenta mártires facilmente poderiam ter baptizado qualquer soldado que mostrasse interesse e simpatia pela sua causa, inclusive aquele que se uniu a eles posteriormente (e isso se já não tivesse sido antes baptizado). Portanto, não há nada que prove que o quadragésimo mártir não tenha sido baptizado, e nós sabemos, pela verdade da nossa fé, que ele foi baptizado. O mesmo pode ser dito de todos os aproximadamente vinte casos que são apresentados pelos defensores do baptismo de sangue.
Citarei textualmente o Ir. Robert Mary, no livro Father Feeney and The Truth About Salvation [Padre Feeney e a Verdade sobre a Salvação] pp. 173-175, que esclarece algumas das confusões que se produzem em torno deste tópico:
Visto que os não-baptizados nunca foram considerados como parte dos fiéis até que fossem baptizados (sempre lhes fora requerido que saíssem antes da Missa dos Fiéis), o Ir. Robert Mary afirma que algumas pessoas recém-baptizadas, que ainda se encontravam em instrução, eram ocasionalmente referidas como “catecúmenos.”
Na Tradição, a Igreja não revelava certas coisas, senão aos iniciados (os baptizados). Assim, depois de uma pessoa ter sido baptizada, ela continuava frequentemente com a instrução catequética, e portanto era às vezes denominada de “catecúmeno.” O facto de haver uma distinção entre os catecúmenos não-baptizados e os catecúmenos baptizados está implícito na seguinte citação do Concílio de Braga em 572.
Se aqueles descritos como “catecúmenos” fossem sempre não-baptizados, então seria desnecessário o Concílio dizer que nem o canto, nem o sacrifício devem ser empregues para os catecúmenos “mortos sem a redenção do Baptismo”. Portanto, o facto de o Martirológio Romano descrever alguns santos como “catecúmenos”, tais como a Santa Emerenciana, não prova que não tenham sido baptizados, apesar de o termo “catecúmeno” normalmente significar “não-baptizado.” Além do mais, o Martirológio Romano não é infalível e contém erros históricos.
Quanto ao Breviário Romano, Dom Próspero Guéranger, um dos liturgistas mais célebres da história da Igreja, parece corrigir alguns erros nele contidos:
Além disso, vemos na secção dedicada a São Gregório de Nazianzo, que se uma pessoa aplicar como infalível o ensinamento do Breviário Romano em questões teológicas, então terá de rejeitar o baptismo de desejo. Prossigo citando o Ir. Robert Mary:
Não há necessidade de examinar em detalhe todos os casos individuais – menos que vinte – de martírios de santos (entre milhares), que alguns dizem terem ocorrido sem o Baptismo. Por exemplo, no caso de Santa Emerenciana — que foi martirizada enquanto rezava publicamente ante a tumba de Santa Inês durante a perseguição de Diocleciano –, pode-se dizer que o relato de seu martírio oferece uma situação que, em si mesma, sugere que ela já estava baptizada; pois ela não teria se exposto ao perigo dessa maneira durante a perseguição se ainda não tivesse sido baptizada. Ou, mesmo que ela não tenha sido baptizada antes de ser atacada (o que é altamente improvável), ela certamente poderia ter sido baptizada depois do ataque pela sua mãe que a acompanhou (segundo os relatos) até a tumba para rezar.
Há muitas histórias que dão uma impressão drasticamente diferente e tomam um significado distinto quando um pequeno detalhe que seja é omitido. Consideremos, por exemplo, o caso de São Venâncio. Aos 15 anos de idade, São Venâncio foi levado ao governador durante as perseguições do Imperador Décio:
Esta interessante história nos mostra, uma vez mais, como Deus providencia o Baptismo para todos os seus eleitos; mas note o quão facilmente esta poderia ser mal interpretada se apenas um simples detalhe tivesse sido omitido. Se o único ponto sobre como Anastácio e a sua família tinham sido baptizados por Porfírio houvesse sido omitido, é quase certo que o leitor teria a impressão que Anastácio foi um mártir por Cristo que nunca recebeu o Baptismo — recebendo, ao invés, o “baptismo de sangue.”
O facto é que não há necessidade de passar por todos estes poucos casos e demonstrar que: 1) não há prova alguma de que o santo (o qual eles afirmam que não foi baptizado) não tenha sido baptizado, e 2) há muitas explicações possíveis de como o santo poderia ter sido e foi baptizado. Tudo o que é necessário para refutar a afirmação de que há santos não-baptizados é mostrar que a Igreja ensinou infalivelmente que ninguém pode ir para o Céu sem renascer da água e do Espírito Santo no Sacramento do Baptismo.
No entanto, um caso alegado de “baptismo de sangue” é particularmente interessante.
SANTO ALBANO E O SEU GUARDA CONVERTIDO
Santo Albano foi o protomártir da Inglaterra (303 d.C.). O relato de seu martírio é particularmente interessante e instrutivo sobre este tema. No caminho do seu martírio, um dos guardas que o levou à execução converteu-se a Cristo. O Martirológio Romano (um documento falível), assim como o Butler’s Lives of the Saints [Vidas dos Santos de Butler], afirma que o guarda foi “baptizado no seu próprio sangue.” São Beda o Venerável, um historiador da Igreja, que também relata a história (e que é um dos cerca de oito Padres que são citados a favor do baptismo de sangue), disse que o martírio do guarda produziu-se sem a “purificação do Baptismo.” Mas eis algo interessante: ao relatar a história dos martírios de Santo Albano e do seu guarda, São Beda e A Vida dos Santos de Butler revelam um ponto muito significativo.
Pode ser que o leitor esteja confuso neste momento, e com razão; portanto, permita que eu explique. Temos dois relatos (falíveis) do martírio de Santo Albano e do seu guarda: o de São Beda e o de A Vida dos Santos de Butler. Ambos registam que imediatamente antes do martírio de Santo Albano e do seu guarda, Santo Albano orou pedindo por “água,” a qual recebeu miraculosamente! São Beda procede dizendo que o guarda morreu sem ser baptizado! Butler diz que a água era meramente para “refrescar” a sede de Albano! Com o devido respeito por São Beda e pelas coisas boas em Butler, é preciso ser mais óbvio do que isso? Um santo, que tinha alguns poucos minutos para viver acompanhado por um convertido que queria entrar na Igreja de Cristo, não pediria a água milagrosa para “refrescar a sua sede”! Façam-me o favor, é óbvio que pediu a água milagrosa para baptizar o guarda convertido, e Deus a concedeu ao convertido sincero, pois “quem não renascer da água e do Espírito Santo, não pode entrar no reino de Deus.” Trata-se de um excelente exemplo de como os erros baptismo de sangue e de desejo foram perpetuados — mediante a divulgação de conclusões falíveis de homens falíveis. E este exemplo de Santo Albano e seu guarda, que na realidade demonstra a absoluta necessidade do Sacramento do Baptismo, é com frequência e falsamente utilizado contra a necessidade do Sacramento do Baptismo.
RESUMINDO OS FACTOS SOBRE O BAPTISMO DE SANGUE
Como já foi dito, a teoria do baptismo de sangue nunca foi ensinada por papa algum, nem por Concílio ou encíclica papal alguma. Pelo menos cinco concílios dogmáticos da Igreja Católica emitiram definições detalhadas sobre o Baptismo, e nem um deles menciona o conceito ou o termo baptismo de sangue. O Concílio de Trento tem 14 cânones sobre o Baptismo, e o baptismo de sangue não é mencionado em parte alguma. E, de facto, várias declarações infalíveis dos papas e dos concílios excluem a ideia.
O Papa Eugénio IV exclui explicitamente da salvação mesmo aqueles que “derramem seu sangue pelo Nome de Cristo” se não permanecerem no seio e na unidade da Igreja! E, como já foi demonstrado, os não-baptizados não vivem no seio e unidade da Igreja (de fide)! Os não-baptizados não estão sob a jurisdição da Igreja Católica (de fide, Concílio de Trento, sessão 14, cap. 2)31; os não-baptizados não são membros da Igreja Católica (de fide, Pio XII, Mystici Corporis, #22)32; e os não-baptizados não têm a marca de cristão (de fide, Pio XII, Mediator Dei, #57).33
Se o “baptismo de sangue” servisse verdadeiramente como substituto do Sacramento do Baptismo, Deus nunca teria permitido que a Igreja Católica, nos seus decretos, entendesse João 3:5 tal como está escrito (Papa Eugénio IV, Concílio de Florença, “Exultate Deo”, 22 de Novembro de 1439, etc.). Isto é certo, pois a Igreja não pode errar na sua compreensão oficial das Escrituras.
Além do mais, Deus não teria jamais permitido que o infalível Concílio de Trento omitisse completamente qualquer menção a essa “excepção” como forma alternativa de alcançar o estado de graça em seus cânones sobre o Baptismo e em seus capítulos sobre a Justificação. Ele nunca teria permitido que todas as definições infalíveis dos papas sobre um só Baptismo evitassem qualquer menção do “baptismo de sangue.”
E Deus não teria permitido que o Papa Eugénio IV definisse que ninguém, ainda que derrame seu sangue pelo Nome de Cristo, pode salvar-se se não permanecer no seio e na unidade da Igreja Católica, sem mencionar a excepção “baptismo de sangue.” Deus nunca permitiu que a teoria do baptismo de sangue fosse ensinada, nem num concílio, nem por um papa, nem num decreto infalível, mas somente por teólogos falíveis e Padres da Igreja. Tudo isto se deve ao facto de que o baptismo de sangue não é um ensinamento da Igreja Católica, mas uma especulação errónea de certos Padres que também erraram frequentemente nos mesmos documentos.
» Clique para ler mais sobre as falsas doutrinas do baptismo de desejo e do baptismo de sangueNotas finais:
1 Jurgens, The Faith of the Early Fathers, edição inglesa, vol. 1: 811.
2 Jurgens, The Faith of the Early Fathers, edição inglesa, vol. 3: 2269.
3 Jurgens, The Faith of the Early Fathers, edição inglesa, vol. 3: 2251a.
4 Jurgens, The Faith of the Early Fathers, edição inglesa, vol. 3: 2275.
5 Jurgens, The Faith of the Early Fathers, edição inglesa, vol. 3: 2271.
6 Denzinger 1526.
7 Jurgens, The Faith of the Early Fathers, edição inglesa, vol. 2: 1139.
8 Barlam and Josaphat, Woodward & Heineman, trans., pp. 169-171.
9 Denzinger 714.
10 Jurgens, The Faith of the Early Fathers, edição inglesa, vol. 1: 598.
11 Jurgens, The Faith of the Early Fathers, edição inglesa, vol. 1: 593.
12 Jurgens, The Faith of the Early Fathers, edição inglesa, vol. 1: 591.
13 Denzinger 1837.
14 Jurgens, The Faith of the Early Fathers, edição inglesa, vol. 1: 309.
15 Jurgens, The Faith of the Early Fathers, edição inglesa, vol. 1: 310a.
16 Denzinger 712; Decrees of the Ecumenical Councils, vol. 1, pág. 576.
17 Jurgens, The Faith of the Early Fathers, edição inglesa, vol. 1: 306.
18 Ir. Robert Mary, Father Feeney and The Truth About Salvation, pág. 176.
19 Denzinger 165.
20 Abade Giuseppe Ricciotti, The Age of Martyrs – Christianity from Diocletian to Constantine, Tan Books, publicado originalmente em 1959, reimprimido em 1999, pág. 90.
21 O Martirológio Romano, traduzido por alguns Padres da Companhia de Jesus, Academia Real, Lisboa, 1747, pág. 232.
22 Denzinger 696; Decrees of the Ecumenical Councils, vol. 1, pág. 542.
23 Decrees of the Ecumenical Councils, vol. 1, pág. 6.
24 The Catholic Encyclopedia, “Baptism,” volume 2, 1907, pág. 265.
25 Donald Attwater, A Catholic Dictionary, Tan Books, 1997, pág. 310.
26 Dom Prosper Guéranger, The Liturgical Year, Loreto Publications, 2000, vol. 8, pág. 315.
27 Dom Prosper Guéranger, The Liturgical Year, vol. 8, pág. 521.
28 O Sacrossanto e Ecuménico Concílio de Trento, Tomo I, pág. 181; Denzinger 861; Decrees of the Ecumenical Councils, vol. 2, pág. 685.
29 Citado por Ir. Robert Mary, Father Feeney and The Truth About Salvation, Winchester, NH: St. Benedict Center, 1995, pp. 184-186.
30 Denzinger 714.
31 O Sacrossanto e Ecuménico Concílio de Trento, Tomo I, pág. 303; Denzinger 895; Decrees of the Ecumenical Councils, vol. 2, pág. 704.
32 Denzinger 2286.
33 The Papal Encyclicals, vol. 4 (1939-1958), pág. 127.
Do Livro: Fora da Igreja Católica Não Há Absolutamente Salvação
Francisco é uma abominação anti-Católica. Quem ainda não acordou, que acorde antes que seja tarde
Lucas G. 2 anosLer mais...É Verdade!!! Mosteiro da Sagrada família: Se aprendir bem com o Ir Pedro Dimond e Ir Miguel Dimond os quais concidero como Pais Espirituais,; um DOGMA é pra ser Obedecido...
Hernandes Moreira da Silva 2 anosLer mais...Obrigado por dizerem a verdade dos fatos.
Lucas Fernandes da Silva 2 anosLer mais...Sedevacantes tem razão
lp 2 anosLer mais...Este livro é um dos livros mais importantes do nosso tempo. Deus vos abençoe!
Gabriel 2 anosLer mais...Esta, sem dúvida alguma, é uma citação importantíssima. Ela demonstra que vossa posição sobre este ponto é exatamente a mesma de um Doutor da Igreja. Deus vos abençoe!
Gabriel 2 anosLer mais...Uau!
Adilio 2 anosLer mais...Abominação, cisma e Eresia. o que se poderia esperar de um demônio!!!
Hernandes Moreira da Silva 2 anosLer mais...Obrigada muito pela explicação detalhada! ;)
Vicky Timotê 2 anosLer mais...Salve Maria! É evidente que este diário é uma farsa. Essa freira foi excomungada 3 vezes, tendo seu manuscrito inserido ao livro do Indexx. O antipapa Paulo VI extinguiu o...
Deise Holanda 2 anosLer mais...