O Baptismo de Deus

Além do ensinamento infalível do Magistério católico, há algumas outras coisas da Sagrada Escritura que são interessantes ter em consideração no que diz respeito ao tema em questão.

Ao término da Missa no Rito Romano é recitado o Último Evangelho. Essas profundas palavras encontradas no primeiro capítulo do Evangelho de São João são muito poderosas, atingindo o leitor pelas profundezas da sua sabedoria e significado. É nessas mesmas palavras que encontramos um argumento provocativo contra o baptismo de desejo:

João 1:12-13 — «Mas a todos os que o receberam, deu poder de se tornarem filhos de Deus, àqueles que crêem no seu nome; OS QUAIS NÃO NASCERAM DO SANGUE, NEM DA VONTADE DA CARNE, NEM DA VONTADE DO HOMEM, MAS DE DEUS.»

O contexto da passagem está a lidar com «tornar-se filhos de Deus,» o que São Paulo chamou de «adopção de filhos» (Rom. 8:15). Este é o termo teológico e bíblico para Justificação, o estado de graça santificante (Trento, Sess. 6, Cap. 4).1 O termo significa a transição de ser um filho de Adão (o estado de pecado original) para se tornar um filho adoptivo de Deus (o estado de graça santificante). O Papa São Leão o Grande, de facto, confirma que esta passagem do Evangelho de São João fala sobre tornar-se um filho de Deus pelo Sacramento do Baptismo.

Papa São Leão o Grande, Sermão 63: Sobre a Paixão (+ c. 460 A.D.): «... desde o nascimento do baptismo, uma multidão interminável nasceu para Deus, dos quais é dito: os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo. 1:15).»2

Então, como Deus, através de São João, Ele está a descrever o «nascer de novo» do homem para o estado de graça no baptismo, Ele fala daqueles que não nasceram, «DO SANGUE, NEM DA VONTADE DA CARNE, NEM DA VONTADE DO HOMEM, MAS DE DEUS»! A «vontade da carne» é desejo. A «vontade do homem» é desejo. «Sangue» é sangue. Na minha opinião, o que Deus está a dizer aqui neste mesmo versículo é que, para se tornar um filho de Deus ― para ser justificado ― não basta nascer de novo do sangue ou desejo (isto é, batismo de sangue ou desejo). É preciso nascer de novo de Deus. O único modo de nascer de novo de Deus é ser baptizado com água em nome de Deus: em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo (Mt. 28:19).