Sim, a Apostasia começou antes do Vaticano II

Ir. Pedro Dimond

Sim, a falha em reconhecer que a apostasia estava bem estabelecida nos anos que precederam o Vaticano II é uma das principais razões pelas quais muitos não conseguem enxergar a verdade completa, especialmente no que toca as principais doutrinas de salvação e Baptismo. A crença nessas verdades é essencial para uma posse da fé sobrenatural verdadeira e forte. Tal fé é necessária para agradar a Deus e ver as coisas como elas são. Certamente, a falsa eleição do antipapa maçom João XXIII, e o concílio revolucionário usurpador (Vaticano II), foi a inauguração formal de uma Contra-Igreja. No entanto, a posição de que é seguro seguir o que era em geral ensinado e crido na década de 1940 ou 1950 sob Pio XII — a posição de muitos sedevacantistas BDD – é ingénua e totalmente errada.

A posição deles não é sequer lógica. Por exemplo, muitos deles admitem que os bispos no Vaticano II eram modernistas revolucionários. Nós até ouvimos um herege BDD obstinado (que é um sedevacantista) dizer que, em sua opinião, a maioria ou todos os bispos do Vaticano II perderam seus cargos antes de 1965. Bem, se eles perderam seus cargos antes de 1965, eles, obviamente, tornaram-se hereges em algum momento antes de 1965. Na maioria dos casos, teria sido muitos anos antes do Vaticano II.

Apesar de um indivíduo poder se tornar um herege num instante por rejeitar o ensinamento católico, chegar a um ponto em que a maioria ou todos os bispos eram modernistas revolucionários no Vaticano II (homens que estavam dispostos até a louvar falsas religiões) exigiria várias gerações. Na verdade, a avaliação mais lógica é que levaria cerca de 100 anos (que equivale a algumas gerações) para chegar a um ponto em que os bispos aceitassem universalmente o falso ecumenismo, etc. Levaria assim tanto tempo porque as heresias que minaram e enfraqueceram a crença na necessidade do catolicismo precisariam primeiro ser adoptadas por um certo número de docentes (por exemplo, bispos ou sacerdotes). Eles então precisariam fazer circular a heresia (ou as heresias) em seminários, manuais teológicos, catecismos, etc. Isto seria um processo gradual. O novo falso ensinamento (ou ensinamentos) teria de ser adoptado por mais bispos, párocos e leigos. Isso levaria tempo. Os leigos e os sacerdotes que aceitaassem e adoptassem a heresia teriam de passar para as crianças, que, depois de crescerem, transmitiriam a heresia para mais pessoas.

É assim que o processo teria de ocorrer. Por conseguinte, seriam necessárias várias gerações para que a apostasia em evidência no Vaticano II se tornasse quase universal. Isto significa que a apostasia realmente começou a ter andamento de forma séria por meados do século XIX. Lamentavelmente, as declarações fracas e falíveis de Pio IX sobre salvação foram uma grande razão para isso. Naquela época, e em grande parte como resultado de suas declarações, as pessoas começaram a ensinar que os não-católicos podem ser salvos pela «ignorância», e este ensinamento foi gradualmente adoptado por mais e mais sacerdotes.

Quando se chegou aos anos 1930 e 1940, quase todos os sacerdotes estavam a adoptar heresias sérias sobre salvação e eram totalmente modernistas e hereges. A maioria deles acreditava, por exemplo, que os judeus que rejeitam Cristo podem ser salvos (por exemplo, o Pe. Denis Fahey). (Por falar nisso, alguém que acredita que judeus que rejeitam Cristo podem ser salvos não tem fé. Essa pessoa não pode agradar a Deus mesmo que ela ofereça ou frequente a Missa tradicional todos os dias de sua vida). Na verdade, é interessante que numerosos sedevacantistas (que negam o dogma católico sobre a salvação) admitem que a revolução litúrgica começou antes do Vaticano II. Vários sacerdotes sedevacantistas nem sequer usam os ritos litúrgicos que estavam em vigor sob Pio XII antes do Vaticano II (por exemplo, as mudanças da Semana Santa). Isto, a propósito, representa uma séria contradição na sua posição a respeito da natureza supostamente vinculativa de outros actos não-infalíveis, pré-Vaticano II. Eles consideram as mudanças litúrgicas pré-Vaticano II como um exemplo da crescente revolução modernista. Como resultado, eles rejeitam-na. Ora, se eles conseguem reconhecer que a rebelião litúrgica esteve activa nas décadas anteriores ao Vaticano II, por que é que eles não conseguem ver que a rebelião teológica também estava em vigor naquela altura?

Até certo ponto eles reconhecem que existe um problema teológico significativo sob Pio XII, Pio XI e até mesmo sob papas anteriores. No entanto, eles não conseguem identificar as manifestações mais importantes desse problema. Por exemplo, o bispo Donald Sanborn (com Cekada concordando) afirmou que foi «a negligência desses três pontificados [Bento XV, Pio XI e Pio XII]» que causou o Vaticano II. Tal admissão confirma o nosso ponto central sobre este assunto: isto é, que heresias sobre salvação e baptismo abundavam em seminários, manuais teológicos, etc., bem antes do Vaticano II. No entanto, os hereges BDD acima mencionados estão tristemente cegos para esse aspecto do problema. Eles crêem nas heresias muito modernistas sobre a salvação que foram ensinadas em fontes falíveis durante esse período (e até as impõem). Eles não reconhecem a necessidade de aderir estritamente às definições dogmáticas sobre salvação, em vez do que foi circulado em manuais teológicos «aprovados», etc., durante o período do crescente modernismo antes do Vaticano II. Eles operam como se o ensinamento dominante sobre salvação nesse período fosse uma perfeita reflexão do que a Igreja sempre ensinou quando, na verdade, era a forma mais insidiosa do modernismo ascendente e a verdadeira causa do Vaticano II.

Ao seguir o ensinamento falso e herético sobre baptismo e salvação que foi circulado por sacerdotes e bispos «aprovados» naqueles anos que antecederam o Vaticano II, eles estão na verdade a seguir a revolução modernista. Portanto, se você encontrar sedevacantistas que realmente promovem o ensinamento sobre salvação ou baptismo contido nos manuais teológicos, catecismos, etc. publicados nas décadas anteriores ao Vaticano II (ao invés das definições dogmáticas), saiba que essas pessoas ainda estão mal informadas ou iludidas, embora reconheçam os problemas com a seita pós-Vaticano II. Eles não têm uma visão verdadeira da fé e do que aconteceu. Se eles simplesmente aceitassem as proclamações das definições dogmáticas sobre salvação e baptismo, eles receberiam a graça de ver a situação tal como ela é. Mas tantos são deixados em trevas por resistirem à verdade do dogma católico (ou seja, infidelidade) e por má vontade.

Além disso, se as pessoas não entenderem que Pio XII não foi um papa forte, mas um papa terrível que permitiu que o modernismo florescesse, não terão a visão correcta da Igreja em nosso tempo. Alguns dos factos acima mencionados são o porquê de os papas Pio XI e Pio XII serem certamente os dois primeiros dos sete reis profetizados no Apocalipse. As suas acções permitiram de várias maneiras (e não apenas a falha de sua parte em consagrar prontamente a Rússia) que a nova Europa pagã (a Besta do fim dos tempos profetizada) eventualmente surgisse. Existem inúmeros novos pontos interessantes que esperamos abordar sobre esta matéria, conforme o tempo permitir. Eles encaixam-se precisamente (e confirmam ainda mais) o que é abordado em nossos vídeos sobre o Apocalipse.