«Papa: “Não há outras interpretações” de Amoris Laetitia que não a que permite “em alguns casos” a Eucaristia para pessoas divorciadas e em segundo casamento»

lifesitenews.com

«Numa carta alegadamente vazada por um padre na Argentina, o Papa Francisco escreve que “não há outras interpretações” de Amoris Laetitia que não a interpretação que admite a Eucaristia, em alguns casos, para pessoas divorciadas e em segundo casamento. A carta, datada de 5 de Setembro, é uma resposta a um documento confidencial elaborado pelos bispos da região pastoral de Buenos Aires dirigido a padres, que os instrui na aplicação da controversa exortação apostólica do Papa. O LifeSite adquiriu cópias de ambos os documentos originais(…)

O original em espanhol da carta do Papa está aqui.

O original em espanhol da directiva dos bispos está aqui.(…)

A notícia foi publicada pela primeira vez ontem pelo serviço católico de notícias em língua espanhola InfoCatolica e por um blogueiro argentino anónimo cujo blog é conhecido como “The Wanderer.” O blogueiro publicou fotocópias dos documentos originais, e o LifeSite foi informado de que a fonte do blogueiro é um padre que está em Buenos Aires. Após consultar as fontes, o LifeSite crê que o blogueiro é confiável e que as cópias das cartas são autênticas.

O documento elaborado pelos bispos da região pastoral de Buenos Aires fornece aos padres da região a interpretação do capítulo VIII de Amoris Laetitia , que lida com casais que se encontram segundo casamento após divórcio apesar de não lhes ter sido concedida a anulação. Este documento segue de perto a linguagem das partes mais controvérsias da exortação papal, inclusive a nota de rodapé 351, nota essa que abre as portas para aquilo que o Cardeal Raymond Burke e outros bispos fiéis chamaram de “sacrilégio.”

A directiva dos bispos intitulada “Critérios básicos para a aplicação do capítulo VIII de Amoris Laetitia” diz que em cicunstâncias “complexas” quando o casal em segundo matrimónio não pôde “obter a declaração de nulidade,” os padres podem, no entanto, prosseguir concedendo-lhes o acesso à Eucaristia. Se o padre reconhece que “num caso concreto há limitações que atenuam a responsabilidade e a culpabilidade (cf. 301-302), particularmente quando uma pessoa considere que cairia numa falta ulterior ao prejudicar os filhos da nova união,” diz a directiva, “Amoris Laetitia abre a possibilidade de acesso aos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia (cf. notas 336 e 351).”

A carta do Papa afirma este caminho com um efusivo louvor ao trabalho dos bispos. Escrevendo ao delegado da Região Pastoral de Buenos Aires, Monsignor Sergío Alfredo Fenoy, o Papa diz, “parabenizo-vos pelo trabalho que têm realizado: um verdadeiro exemplo de acompanhamento dos sacerdotes.”

O Papa Francisco acrescenta: “O escrito é muito bom e explicita cabalmente o sentido do capítulo VIII de Amoris Laetitia. Não há outras interpretações. E estou seguro de que fará muito bem. Que o senhor retribua este esforço pastoral.”

O blogueiro que publicou os documentos escreve que os padres da diocese reuniram-se quinta-feira para discutir o assunto. Na reunião, alguns padres adoptaram uma postura abertamente crítica perante tanto a directiva dos bispos quanto o documento do Papa. O blogueiro acrescenta que o Cardeal Mario Poli estava presente na reunião juntamente com um perito em direito canónico e que ambos contradisseram a directiva dos bispos, “clarificando que a Eucaristia só pode ser recebida por pessoas divorciadas e em segundo matrimónio no caso de viverem juntos como irmão e irmã, mantendo a castidade.”

Este documento vazado contém a primeira confirmação explícita de que a interpretação do Papa Francisco de Amoris Laetitia é uma que permite a Eucaristia para católicos divorciados e em segundo matrimónio sem a condição de que o casal que se encontra na situação irregular viva como irmão e irmã sem relações sexuais, tal como sempre foi exigido pela Igreja.”»