Como evitar o pecado (supere a si mesmo)

Uma razão pela qual tantas pessoas não recebem a graça de evitar o estado de pecado ou de progredir na vida e no amor de Deus, é que não aceitam nem agem sobre um aspecto chave do Evangelho: isto é, o mandamento de Jesus de negar a si mesmo. Este mandamento é tão importante que é mencionado nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Lucas 9:23 afirma:

Lucas 9:23 - «Se alguém quer vir após de mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz todos os dias, e siga-me.» 

Negar a si mesmo é especialmente importante quando as pessoas se convertem a Cristo pela primeira vez e começam a levar a vida da graça. Para seguir o estreito caminho da salvação, as pessoas devem romper com o mundo. Elas devem rejeitar seus comportamentos e inclinações do passado. Como afirma o Papa Leão XIII:

Papa Leão XIII, Humanum Genus (n.º20), 20 de Abril de 1884:
«… a natureza humana foi manchada pelo pecado original, e é portanto mais disposta ao vício do que à virtude. Pois uma vida virtuosa é absolutamente necessária para restringir os movimentos desordenados da alma, e para fazer as paixões obedientes à razão.»

Para muitas pessoas, isto requer uma ação dramática, especialmente no que diz respeito a cortar as ocasiões anteriores de pecado. Esta autonegação necessária é descrita desta forma em João 12:25:

João 12:25 - «O que ama a sua vida, perdê-la-á, e quem aborrece a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna.»

Isso significa subordinar radicalmente todas as coisas nesta vida aos comandos de Deus e à busca da vida eterna. Envolve a fuga de ocasiões, atividades e companhias que nos levam ao pecado. Significa superar a tendência à preguiça espiritual ou os padrões dos homens em geral, que se opõem aos padrões de Deus.

Santo Afonso de Ligório: «A atmosfera do mundo é nociva e pestilenta. Quem a respira, facilmente apanha uma infecção espiritual. O respeito humano, maus exemplos e conversas maldosas são fortes incitações aos apegos terrenos e ao afastamento da alma de Deus. Todos sabem que a condenação de inúmeras almas é atribuível às ocasiões de pecado tão comuns no mundo.» - 

Tiago 4:4 -  «… a amizade deste mundo é inimiga de Deus…»

São Basílio, Carta 159, século IV: «Pois se, para mim, viver é Cristo, [Fil. 1:21] verdadeiramente minhas palavras devem ser sobre Cristo, todos os meus pensamentos e ações devem depender de Seus mandamentos, e minha alma deve ser moldada segundo a Sua alma.» 

Nas redes sociais, há muitas pessoas que afirmam ser católicos/cristãos praticantes, mas promovem imodéstia, tolice ou formas pecaminosas de música e entretenimento. Sua atividade pública revela que elas não superaram a si mesmas ou ao mundo em grau suficiente. Elas se fecham a graça ou pecam diretamente por sua atividade.

São Basílio, Carta 210, século IV:
«… nem uma alma preocupada com os cuidados desta vida, e escurecida com as paixões da luxúria da carne, pode receber os raios do Espírito Santo.»

Inúmeras pessoas que não superaram a si mesmas em grau suficiente têm, consequentemente, uma atenção extremamente curta, especialmente para coisas que são espirituais ou valiosas. Mas elas dão muita atenção ao que não tem valor ou é uma perda de tempo. Muitas vezes não conseguem se concentrar, ficar em silêncio por qualquer período de tempo significativo, ou dar atenção ao que deveriam, sem serem rapidamente desviadas para outra coisa.

Também lhes falta a humildade necessária e temor do Senhor.

Provérbios 9:10 - «O princípio da sabedoria é o temor do Senhor…»

Papa São Gregório Magno: «Aquele que colhe virtude sem humildade, atira o pó contra o vento…»

São Bento: «O primeiro grau de humildade, então, é que o homem tenha sempre o temor de Deus diante de seus olhos, evitando todo esquecimento e que esteja sempre atento a tudo o que Deus ordenou, que considere sempre em sua mente como aqueles que desprezam a Deus arderão no inferno por seus pecados, e que a vida eterna está preparada para aqueles que temem a Deus».

São Basílio, Carta 146, século IV:
«Em cada ato e em cada palavra está diante de seus olhos o julgamento de Cristo, para que cada ação individual, sendo referida a esse exato e terrível exame, possa trazer-lhe glória no dia da retribuição…»

Poucos são verdadeiramente humildes e dispostos a aprender de boa vontade com as pessoas ou fontes que Deus colocou em seu caminho.

São Basílio, Sobre o Espírito Santo, século IV:
«Não há falta, nos dias que correm, de ouvintes cativos e questionadores; mas encontrar uma pessoa desejosa de informação, e a buscar a verdade como remédio para a ignorância, é muito difícil.»

A humildade é fundamental para a vida espiritual. Está inextricavelmente ligada à resistência ao diabo, à submissão a Deus e ao recebimento da graça.  Por isso lemos o seguinte em Tiago 4.

Tiago 4:6-7 - «“Deus resiste aos soberbos e dá a sua graça aos humildes.” Sede, pois, sujeitos a Deus, e resisti ao demónio, e ele fugirá de vós.»

Em Lucas 14:33 nos é dito que alguém que não renuncia a tudo o que tem não pode ser discípulo de Jesus. No mesmo capítulo, lemos:

Lucas 14:26-27 - «Se algum vem a mim, e não aborrece seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e até a sua vida, não pode ser meu discípulo. E o que não leva a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo.»

Isto significa que o amor pela família deve ser secundário em relação ao amor e ao dever para com Deus.

Quando as pessoas desenvolvem bons hábitos e vivem a vida da graça, renunciar coisas é essencial. Isto pode incluir renunciar até mesmo de coisas neutras ou às vezes aceitáveis. Isto é chamado de mortificação.

Santo Afonso de Ligório: «São Francisco Bórgia diz que a oração introduz o amor de Deus na alma, mas a mortificação prepara um lugar para ela, banindo do coração os afetos terrenos – os obstáculos mais poderosos à caridade… “A oração sem mortificação,” diz o Padre Balthasar Alvarez, “ou é uma ilusão, ou dura pouco tempo.”»

A oração é essencial para a salvação e para a vida espiritual.

Santo Afonso: «Todos os réprobos foram condenados em consequência de sua negligência com a oração; se orassem, não se perderiam; e todos os santos se tornaram santos pela oração; se tivessem negligenciado a oração, não teriam se tornado santos. Devemos viver na persuasão, diz São João Crisóstomo, de que negligenciar a oração, e perder a graça de Deus, são uma e a mesma coisa.»

Papa Leão XIII, Fidentem piumque animum (n.º2), 20 de Setembro de 1896:
«Não há dever que Cristo e Seus Apóstolos exortem mais enfaticamente, tanto pelo preceito como pelo exemplo, do que a oração e a súplica ao Todo-Poderoso. Os Padres e Doutores em tempos posteriores ensinaram que este é um assunto de tão grave necessidade, que se os homens o negligenciarem, esperam em vão a salvação eterna. Todo aquele que reza encontra a porta aberta… Pedi, buscai, batei (Mt. 7:7).» - 

Jacinta de Fátima declarou:

«“Francisco! Francisco! vem rezar comigo! É preciso rezar muito para salvar as almas do inferno. Tantas almas vão para lá! Tantas” E punham-se a rezar juntos pelos que não rezam.»

Recomendamos que os católicos, se puderem, rezem as 15 dezenas do Rosário todos os dias e a Ave Maria com frequência.

São Luís de Montfort, O Segredo do Rosário:
«A Ave-Maria é um abençoado orvalho que cai dos Céus sobre as almas dos predestinados. E dá-lhes uma maravilhosa fertilidade espiritual a fim de poderem crescer em todas as virtudes. Quanto mais o jardim da alma é regado por esta oração, mais iluminado se torna o intelecto desta pessoa, e mais zeloso se torna seu coração, e mais se fortalece contra seus inimigos.»

É claro que há muitas orações e devoções excelentes, e é recomendado ter uma devoção a certos santos. A oração «Jesus e Maria, amo-vos, salvai as almas», ou simplesmente «Jesus, amo-vos, salvai as almas» também é recomendada.

Para ser salvo, é necessário um distanciamento suficiente de outras pessoas e a solidão.

Santo Afonso de Ligório: «Quem ama a Deus, ama a solidão.  Ali o Senhor se comunica de maneira mais familiar às almas, pois ali as encontra menos enredadas nos assuntos mundanos e mais desprendidas dos afetos terrenos. São Eucário relata que um certo homem desejoso de tornar-se um santo, perguntou a um servo de Deus onde deveria encontrar Deus.  O servo o conduziu a um lugar solitário e disse: “Eis onde Deus se encontra”.» 

Santo Afonso: «Os mundanos evitam a solidão, e com boa razão; pois na solidão sentem mais intensamente o remorso da consciência, e por isso vão em busca das conversas e tumultos do mundo, para que o barulho dessas ocupações possa abafar as ferroadas do remorso.»

Buscar a aprovação dos outros ou a glória dos homens é uma razão primordial para que inúmeras pessoas não recebam a graça da fé ou caiam em heresia, como Jesus ensinou em João 5.

João 5:44 - «Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a glória que só de Deus vem?»

São Francisco Bórgia:
«Aquele que deseja se consagrar a Deus deve, em primeiro lugar, colocar debaixo de seus pés tudo sobre o que os outros dirão dele.» - São Francisco Bórgia (século XVI)

Sobre este assunto, veja nosso vídeo: Por que muitos não conseguem crer.

A pureza de intenção nas ações próprias também é crucial.

Santo Afonso: «Na estimativa dos homens, o valor de um ato aumenta na proporção do tempo gasto em seu desempenho; mas diante de Deus o valor de um ato aumenta na proporção da pureza da intenção com a qual esse é realizado. Pois, como diz a Escritura, os homens olham apenas para os atos externos, enquanto Deus considera o coração…»

Uma vez que os homens geralmente se opõem aos caminhos e às verdades de Deus, todos os que querem viver piamente em Jesus Cristo, padecerão perseguição.

2 Timóteo 3:12 - «E todos os que querem viver piamente em Jesus Cristo, padecerão perseguição.» 

João 15:18-19 - «Se o mundo vos aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque vós não sois do mundo, antes eu vos escolhi do meio do mundo, por isso o mundo vos aborrece.»

Santo Anselmo: «Se você tiver certeza de estar no número dos eleitos, esforce-se para ser um dos poucos, não um dos muitos. E se você estiver bem seguro de sua salvação, esforce-se para estar entre os poucos… Não siga a grande maioria da humanidade, mas siga aqueles que entram pelo caminho estreito, que renunciam ao mundo, que se entregam à oração… para que possam alcançar a bem-aventurança eterna.”

As pessoas que estão atoladas no pecado – especialmente os pecados sexuais, que são tão prevalentes em nossos dias e condenam a tantos milhões – precisam reconhecer que os seres humanos absorvem o conhecimento através dos cinco sentidos.

Portanto, se você colocar algo fora de sua vista, fora de sua audição, etc., isso geralmente sairá de sua mente e de seus pensamentos. Foi por isso que Jesus disse:

Mateus 6:22 - «O teu olho é a lucerna do corpo. Se o teu olho for são, todo o teu corpo terá luz.»

A conexão entre o que se vê e o que se pensa é a razão pela qual os esforços de censura das Big Techs são tão bem-sucedidos. Quando certos grupos e indivíduos não aparecem mais nas principais plataformas, as pessoas tendem a esquecer esses grupos e indivíduos e sua mensagem. É por isso que o Senhor Jesus Cristo, ao dar às pessoas a chave de como evitar o pecado, enfatizou radicalmente o corte das ocasiões de pecado.

Mateus 5:29-30 - «E, se o teu olho direito se serve de escândalo, arranca-o, e lança-o para longe de ti, porque é melhor para ti que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado na geena. E, se a tua mão direita te serve de escândalo, corta-a e lança-a para longe de ti: porque é melhor para ti que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado na geena.»

As pessoas de uma certa idade devem ser capazes de usar dispositivos eletrônicos modernos e a Internet sem cair em pecado mortal, mas para aqueles que infelizmente não são capazes de fazê-lo, elas precisam tomar medidas dramáticas e cortar radicalmente a ocasião. Se essas pessoas cortassem completamente a ocasião, elas evitariam os pecados que estavam cometendo. Assim, se seu computador, telefone, TV ou conexão com a Internet (ou qualquer outra coisa) for a ocasião para você cair em pecado grave, livre-se dessa coisa.

Há também graças especiais para aqueles que superam o mundo e preservam o estado de graça quando são jovens, quando as tentações do mundo, da carne e do diabo podem muitas vezes ser mais ferozes.

Daí, 1 João 2:14 diz:

1 João 2:14 - «Eu vos escrevo, jovens, porque sois fortes, e porque a palavra de Deus permanece em vós e porque vencestes o (espírito) maligno.»

As pessoas que deixam para trás uma vida pecaminosa podem, a princípio, achar difícil mudar suas vidas. Mas a graça de Deus está disponível e as pessoas precisam dar os passos necessários. Mas elas precisam dar os passos agora.

Santo Afonso: «Se você negligenciar o chamado de Deus nesta ocasião, talvez Ele possa abandoná-lo para sempre. Decida-se, então, decida-se! “O diabo,” diz Santa Teresa, “tem medo de almas resolutas.” São Bernardo ensina que muitas almas perdem-se por falta de fortaleza.»

Eclesiásticos 5:8-9 - «Não tarde em te converter ao Senhor, não o difiras de dia para dia, porque virá de improviso a sua ira, e no dia do castigo te perderá.»

Se uma pessoa começa a viver corretamente, e é consistente em fazê-lo, ela encontrará uma felicidade antes inimaginável, e descobrirá que levar a vida da graça é algo fácil, e não árduo.

Como disse Jesus:

Mateus 11:30 - «Porque o meu jugo é suave, e o meu peso leve.»

São Bento, A Santa Regra:
“Não se assuste imediatamente pelo medo nem fuja do caminho que leva à salvação. Ele é forçosamente no início. Mas à medida que progredimos neste modo de vida e na fé, correremos no caminho dos mandamentos de Deus, nossos corações transbordando com o deleite inexprimível do amor.»

Papa São Leão Magno: «Pois não há obras de poder, queridos irmãos, sem as provas das tentações, não há fé sem provas, não há disputa sem inimigo, não há vitória sem conflito. Esta nossa vida está no meio de armadilhas, no meio de batalhas; se não queremos ser enganados, devemos vigiar: se queremos vencer, devemos lutar.»

Papa São Leão Magno, Sermão 39, século V:
«… não podemos prevalecer de outra forma contra nossos adversários, a menos que prevaleçamos contra nós mesmos.»