Objecção ao Sedevacantismo: "O uso de declarações dogmáticas é uma interpretação privada."

por Ir. Miguel Dimond e Ir. Pedro Dimond

www.igrejacatolica.org » Ir para a página principal das objecções

2ª Objecção: Qual é a sua autoridade para fazer tais juízos? O uso que você faz das declarações dogmáticas é uma interpretação privada.

Resposta: A autoridade que um católico tem para determinar que os hereges não são membros da Igreja é o dogma católico que nos ensina que aqueles que se apartam da fé não podem ser considerados como parte d'Ela.

 

Papa Leão XIII, Satis cognitum, #19, 29 de Junho de 1896:

“A prática da Igreja tem sido sempre a mesma, apoiada pelo juízo unânime dos Santos Padres, que sempre consideraram como excluídos da comunhão católica E FORA DA IGREJA QUALQUER UM QUE SE DESVIE, NO MENOR GRAU QUE SEJA, DE QUALQUER PONTO DE DOUTRINA PROPOSTA PELO SEU MAGISTÉRIO AUTÊNTICO.”1

 

Além disso, afirmar que a aderência a este dogma é enveredar por interpretações privadas foi condenado pelo Papa São Pio X em seu Syllabus de Erros Modernos.

Papa São Pio X, Lamentabile, Os Erros do Modernismo, 3 de Julho de 1907, #22:

 “Os dogmas que a Igreja professa como revelados não são verdades vindas do céu, senão uma espécie de interpretação de factos religiosos que a mente humana por um esforço laborioso preparou por si.”2 – Condenado

Papa São Pio X, Lamentabile, Os Erros do Modernismo, 3 de Julho de 1907, #54:

“Os dogmas, os sacramentos, a hierarquia, tanto na sua noção como na sua realidade, não são senão interpretações e desenvolvimentos da inteligência cristã que aumentaram e aperfeiçoaram o pequeno germe oculto no Evangelho.”3 - Condenado

Note que a ideia de que os dogmas são interpretações é condenada. Mas isso é exactamente o que essa objeção afirma, quer se queira admitir ou não. Dizem que a utilização da verdade de um dogma é uma “interpretação privada.” O que corrobora ainda mais a refutação desta objecção é o facto de que, no seu Decreto sobre o Sacramento da Ordem, o Concílio de Trento declarou solenemente que os cânones dogmáticos são para o uso de todos os fiéis.

 

Papa Pio IV, Concílio de Trento, Sessão 23, Cap. 4: “Isto é em comum o que pareceu ao santo Concílio dever ensinar aos fiéis de Cristo acerca do Sacramento da Ordem. E o contrário a isto o determinou condenar, com cânones expressos e determinados pelo modo seguinte; para que todos, com a assistência de Cristo, valendo-se da regra da Fé, possam facilmente conhecer e conservar a verdade da Fé Católica, no meio das trevas de tantos erros.”4

 

A palavra “cânon” (do grego: kanon) significa “cana”: uma vara recta, uma vara de medir, algo que sirva para determinar, guiar ou medir. O Concílio de Trento está declarando infalivelmente que o seus cânones são varas de medir para “todos,” para que, fazendo uso das regras da fé, possam  reconhecer e defender a verdade no meio das trevas! Esta importantíssima declaração destrói a afirmação daqueles que dizem que usar os dogmas para corroborar argumentos é uma “interpretação privada.” O dogma católico é a autoridade de todos aqueles que chegam a estas conclusões correctas.

 

Papa Gregório XVI, Mirari vos, #7, 15 de Agosto de 1832: “… daquilo que foi definido nada deve se remover, mudar, adicionar, mas deve-se sim conservar-se puro, tanto na palavra como no sentido.”5

» Ir para a página principal das objecções

1  The Papal Encyclicals, de Claudia Carlen, Raleigh: The Pierian Press, 1990, vol. 2 (1878-1903), pág. 393.

2  Denzinger 2022.

3  Denzinger 2054.

4  Denzinger 960. ; O Sacrossanto e Ecuménico Concílio de Trento, Oficina Patriarcal de Francisco Luiz Ameno, 1751, Tomo II, pág. 153-155.

5  The Papal Encyclicals, vol. 1 (1740-1878), pág. 236.

Do livro: A Verdade sobre o que Realmente Aconteceu à Igreja Católica depois do Vaticano II